sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Amo a Umbanda, nem sempre concordo com os umbandistas - por Douglas Fersan




Amo a Umbanda, mas às vezes, imperfeito que sou, me surpreendo com certeza mágoa dos umbandistas. Antes que venham as pedras, eu explico: em primeiro lugar minha frase é mais do que generalizada (o que já constitui um erro), mas ela tem suas razões de ser.

Ser umbandista não é fácil – todos aqueles que levam a Umbanda a sério sabem disso, mas será que é a Umbanda que dificulta a nossa caminhada?

Certamente que não. Ao contrário disso, a Umbanda existe, entre outros fatores, para facilitar nossa caminhada e amenizar a os ferimentos que os espinhos da vida nos causam. A Umbanda é perfeita, quanto a isso não resta dúvida, nós umbandistas – e antes disso, seres humanos – é que não somos perfeitos e, não raras vezes, deixamos que a nossa imperfeição interfira no bom andamento dos trabalhos e rituais de Umbanda, maculando o seu nome e possibilitando a generalização negativa aos olhos do leigo.

Quantos umbandistas, durante a gira, não se concentram em seus afazeres, às vezes nem conseguindo se concentrar para “dar a cabeça” às entidades, porque se concentram mais na atitude dos seus irmãos-de-fé?
Quantos outros se orgulham em dizer que do lugar que ocupam no terreiro percebem tudo o que acontece durante a gira (e usam as observações para levantar críticas depois)? Deveriam observar melhor as próprias línguas, mantendo-as caladas e dentro de suas bocas, impedindo que saiam bifurcadas, espalhando sua peçonha por onde passam.

Existem também aqueles que adoram criticar as atitudes dos novatos, acusando-os de mistificação e querer colocar o carro na frente dos bois. Que isso acontece é fato, mas os mais experientes deviam ter o dever de ser sábios e, portanto, a obrigação de orientar os mais novos. Os inexperientes erram por desconhecimento e falta de orientação, os mais velhos erram por não conseguir conter sua maledicência.

Não faltam também aqueles que, durante uma gira, acham que são os seres mais importantes da face da terra, por desempenharem algumas funções. O sacerdote muitas vezes se acha a própria encarnação de Zambi, o ogã acredita que a gira não funciona sem ele, o pai pequeno olha os demais como se estivesse sobre um pedestal e assim vai. Cada qual se acha a peça-chave da gira e esquece que ela constitui uma corrente, na qual cada elo é de extrema importância e que se um fraquejar, todo o corpo mediúnico estará comprometido.

Não podemos esquecer aqueles que vestem o branco e são umbandistas apenas nas horas que dura a gira. Terminados os trabalhos, trocam a roupa e voltam à sua vida mundana, pouco se importando em melhorar enquanto filhos de Zambi. Tudo que aconteceu durante a gira não lhes serviu em nada como aprendizado. Triste o ser que vivencia uma experiência, qualquer que seja, e não tira dela uma lição.

E quando um filho-de-fé decide seguir outro caminho, ir para outro terreiro ou mesmo afastar-se da religião por algum tempo? Não são raros os sacerdotes de Umbanda que correm praguejar contra esse filho, inclusive tomando à frente de suas entidades para bradar em tom ameaçador (a fim de intimidar os demais filhos) que o “fulano voltará para cá se arrastando, pedindo perdão por ter saído”. É triste ouvir essas palavras proferidas por alguém que se diz “pai” ou “mãe” do terreiro, justamente a pessoa que deveria abençoar o filho que partiu e lhe desejar boa sorte, deixando as portas abertas para que um dia voltem, caso seja seu desejo. Mas preferem praguejar, demandar, ameaçar e intimidar. Será que pessoas que agem assim estão realmente preparadas para exercer o sacerdócio?

Mas com certeza os dois grandes males da maioria dos terreiros são a fofoca e a vaidade. Ervas daninhas que enquanto não são arrancadas de vez, pela raiz, não deixam os trabalhos fluírem da maneira como deveriam. Como auxiliar os necessitados quando somos nós os maiores necessitados no que se refere à moral e ética religiosa.

Teria inesgotáveis exemplos de quanto os umbandistas podem nos decepcionar, mas levaria horas escrevendo e esse texto se tornaria cansativo e repetitivo. Com certeza já decepcionei muito também, mas não podemos deixar de alimentar a chama da evolução. Erramos sim, e já diz o velho ditado que errar é humano, mas é preciso aprender com o erro e a partir dele buscar o aprimoramento. Mas infelizmente não é isso que vemos acontecer. Obviamente sou contra qualquer tentativa de unificar uma codificação de Umbanda, pois sua diversidade é sua grande riqueza, mas estabelecer uma conduta ética, não apenas como umbandista, mas como seres humanos, não custa nada a ninguém. E não podemos esquecer que somos o espelho da nossa religião, nossas atitudes são apontadas como positivas ou negativas pelos leigos para enaltecer ou denegrir a imagem da Umbanda.

Amo a Umbanda, nem sempre concordo com os umbandistas. Assim como toda a humanidade ainda precisamos evoluir muito.

Douglas Fersan
Outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Oxum, amada mãe de meus amores - por Alexandre Cumino



Hoje 12 de Outubro de 2011, acabo de fazer minhas rezas a Oxum e em improviso lhe escrevo estas palavras abaixo, em devoção...

Mãe de Todos os Meus Amores, me coloco a seus pés, toco o chão com minha testa, para, em atitude de reverência e devoção agradecer e pedir sempre sua proteção. Clamo por sua guarda e sua guia em minha vida, e peço que sua estrela possa brilhar em meu Céu, para que quando vier a noite eu possa ter sempre sua luz a me iluminar o caminho.

Me Permita Exercer o Sacerdócio de Seus Valores, Ser Amante de Sua Verdade e Místico de Sua Presença.

Clamo em Invocação sua manifestação de dentro para fora do meu, pedindo e desejando um encontro com o Sagrado de Todas as Culturas que habita no EU mais profundo no qual todos são apenas UM.

Leva seus filhos minha Amada Mãe, Enleva toda esta BANDA, Com Seus Cantos de Encantos, Amores e Solicitude ajude-nos, todos, a subir mais um degrau, em direção ao UM.

Permita minha mãe que todos que me são queridos sejam tocados por uma centelha deste infinito amor.

Seja presente em minha alma e espírito para que quando meus sentimentos, palavras e ações ganharem vida sejam sempre a sua vida manifesta na minha, proporcionando vida em abundância.

Por meio de meus olhos, boca e ouvidos, a senhora possa estabelecer um contato com este mundo tão carente de sua presença, que meus pés toquem sempre em solo sagrado e minhas mãos demonstrem gestos de amor e gratidão, reconhecendo sua presença divina em tudo que Deus Criou...

Para Minha Família Seja também a prosperidade, e, que todos reconheçam que sua presença é que nos torna prósperos e realizados...

Oxalá Nos Ilumine Para Ser e Viver Por Sua Luz e Verdade... 12 de Outubro de 2011.

Alexandre Cumino

P.S.: Dedico estas linhas, em Oração, ao meu filho, sangue de meu sangue, carne de minha carne, e peço a Amada Mãe de Meus Amores que seja Shakti (Energia, Força e Poder das Divindades femininas) na vida dele, o encaminhando, abençoando e guiando por onde for seu corpo, mente e/ou espírito.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Contra a demolição da casa de Zélio de Moraes - por Douglas Fersan




Um país que não preserva sua memória não constrói seu futuro.

No dia 02 de outubro de 2011 um fato lamentável se tornou notícia. A prefeitura de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, permitiu a demolição da casa onde teria sido fundada a Umbanda.

É fato que a Umbanda não possui uma codificação ou um líder único e que, em virtude disso, muitos umbandistas não reconhecem a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes como marco inicial da religião. Para muitos, os rituais aos quais hoje chamamos de Umbanda já existiam antes dessa manifestação, dada em 15 de novembro de 1908, no local referido, mas independente de se aceitar ou não, esse evento representa um marco histórico para nossa religião. Mesmo já existindo esses rituais, o dia 15 de novembro pode ser lembrado como um marco para a prática espiritualista, antes elitizada e, a partir de então, alcançando as massas, independente da condição social ou acadêmica.

A história já é conhecida – e quase lendária: após esgotadas as tentativas de curar os “distúrbios” (tais como falar de maneira arrastada, com sotaques diferentes e aparentes mudanças de personalidade) apresentados pelo jovem Zélio, então com 17 anos, seus pais resolvem levá-lo a um Centro Espírita, como último recurso em busca da solução do problema. Durante os trabalhos, Zélio incorpora um espírito que se apresenta como o Caboclo das Sete Encruzilhadas e anuncia a organização de uma nova religião que, diferente do Espiritismo da época, não estaria restrita às elites e abriria espaço para espíritos das mais diferentes origens trabalharem na prática da caridade e em busca de seu progresso espiritual. Essa mesma entidade manifestou-se no dia seguinte, na casa situada na rua Floriano Peixoto, nº 30, no município de São Gonçalo, onde declarou (que a Umbanda): “Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.”

Para muitos, esse acontecimento representa a própria fundação da Umbanda.

E é justamente essa pequena casa, de construção humilde, que está sendo demolida, em detrimento da história que ela representa. Independente da vertente umbandista que se segue ou de se aceitar a história de Zélio de Moraes, todos perdemos com esse ato, pois o povo que não preserva sua memória não investe em seu futuro, não valoriza a sua identidade, sua cultura e deixa se perder no tempo o passado de lutas e vitórias tão arduamente conquistadas. Fala-se tanto em tolerância religiosa, mas não se faz o mínimo para respeitar o marco de uma religião genuinamente brasileira. Fala-se em memória nacional, mas não se faz o menor esforço para manter vivo o patrimônio de uma religião que se confunde com a própria identidade brasileira.

Até mesmo fiéis de outras religiões, numa atitude respeitosa e inteligente, lamentaram o fato, como o Reverendo Marcos Amaral, da Igreja Presbiteriana de Jacarepaguá, que lamentou o fato da Prefeitura de São Gonçalo ser a primeira a dar exemplo de indiferença à religião umbandista, conforme declarado no Jornal Extra, em 05/10/2011.

Militantes umbandistas da região estão marcando uma manifestação para o dia 07/10/2011, às nove horas da manhã, em frente à casa, a fim de protestar e impedir a demolição do que ainda resta da construção. Manifestar-se é o mínimo que podemos fazer.

Com certeza a Umbanda continuará trabalhando normal e dignamente independente da demolição da casa. Os orixás e entidades não precisam disso, estão muito acima dessas coisas mundanas, mas aos homens, aos encarnados, cabe o mínimo de respeito à crença alheia.

Esperamos que esse patrimônio histórico seja preservado, mas caso isso não aconteça, continuemos avante com a nossa caravana, independente do ladrar dos cães. O máximo que eles conseguem é chamar a atenção para a nossa causa, pois uma casa pode ser demolida, mas a espiritualidade jamais.

Douglas Fersan
Outubro de 2011.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Santuário de Umbanda e o plantio de árvores - a Umbanda a favor da ecologia




FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE ABC

SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA

Vale dos Orixás

CONVIDA
A todos os Irmãos de Fé, a levarem mudas de árvores típicas da Mata Atlântica, para plantarmos juntos, no dia 15 de outubro (sábado), às 9:00 horas.


Precisamos de alguns exemplares das seguintes árvores: Abacateiro-do-mato; Alecrim-de-campinas; Araçá-rosa; Araçá-roxo; Araribá; Cambuci; Carvalho; Cedro; Embaúba; Figueira; Ipê-amarelo; Ipê-roxo; Jacarandá; Jequitibá; Manacá-da-serra; Peroba; Pitangueira; Palmeira e Quaresmeira-roxa. Com tamanho a partir de 1 metro.


Cada planta dará acesso à entrada no Santuário para 2 pessoas.

Vamos nos unir para mostrar que a Umbanda é uma religião que respeita a natureza e luta pela sua preservação.

A melhor forma de calar os difamadores é através do bom exemplo. Que cada irmão umbandista faça a sua parte na construção de uma imagem positiva da nossa religião.

domingo, 2 de outubro de 2011

Mensagem do Sr. Zé Pelintra




Mensagem do Sr. Zé Pelintra

Boa noite!

Toda música pode ser cantada para todos os Orixás,
Desde que seja cantada de modo sagrado.

Dentro de cada mulher habita uma mulher maravilhosa,
Que nos sustenta, nos alimenta, que é amor, ternura
E que criou toda essa terra para a gente abençoar.

Malandro é mulherengo? É sim.
Ele não pode ver uma mulher, que ele ajoelha e bate a cabeça.
Esse é o mistério da malandragem. O resto é besteira.

Quem está falando aqui, é o chefe de uma grande falange de Zé Pelintra.
É o chefe de uma legião de Malandros.
Então, eu sei o que estou falando.

Malandro não é traficante de morro.
Se tiver traficante de morro como Malandro,
Ele já se converteu à Luz.
Dá para entender o que estou falando?

Malandro não faz mal a ninguém.
A Lei da Malandragem é a lei da alegria de viver.
É a lei de poder ajudar dentro da Lei Maior e da Justiça Divina.
De modo feliz, alegre, espontâneo.
Essa é a Lei da Malandragem.

Então, sou sim. Sou mulherengo.
Do lado sagrado, eu sou sim.
Toda mulher para mim, é mãe.
Toda mulher para mim é linda.
Não tem defeito.
E os Malandros que são Malandros, sabem do que estou falando.
Então, se sintam amadas por um Malandro.

Eu já fui Mestre de Jurema.
Eu trabalho em qualquer Linha desta Umbanda Sagrada.
Que pra mim, é mãe.
E só podia ser mãe, por isso é sagrada.

Quem trouxe esta Linha da Malandragem foi o Zé Pelintra.
Para abrigar os milhares de espíritos que se encontravam desequilibrados.
No sentido do amor, da paixão.

Eles passaram por um processo de aprendizado.
Dentro deles foram tomados pela mãe, pelo sagrado feminino.
E servem com toda devoção.

Nosso símbolo é a lua.
Eles trabalham de madrugada, sob a luz do luar.
A luz do luar é nosso prazer, porque a mãe está olhando para a gente.

Quando firmar para Zé Pelintra e para Malandro,
Tenham consciência disto.
Eu não tolero qualquer tipo de desrespeito a qualquer mulher.
E quando eu vejo, vou em cima e mostro como se respeita uma mulher.

O feminino é o poder.

O masculino só direciona esse poder.

Todo poder divino reside no feminino.

O sagrado masculino dinamiza esse poder.

É profundo, não é?



Deus abençoe, guarde e guie!



Se precisarem de mim, estou à disposição.

Uma vela branca ou vermelha,

Um copo de água ou de pinga.

Ou só o coração de vocês.

Eu vou sempre estar ao lado de vocês para o que der e vier.



Deus abençoe!

Que assim seja!

Salve a Umbanda!





Mensagem transmitida pelo Sr. Zé Pelintra, por meio de seu médium, Marcel Surya, em 21/09/11, quarta feira, desenvolvimento mediúnico, turma 3, gira de Marinheiro, com chamada de Malandro e manifestação do Sr. Zé Pelintra, sustentada por Pai Obaluayê e Mãe Oxum. (Gira dirigida pelo Marcel Surya). (Mensagem transcrita pela Márcia Nunes).

Templo/Escola Colégio de Umbanda Sagrada Pena Branca
Enviado por Alexandre Cumino.