quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um diálogo entre Exu e Oxalá - por Douglas Fersan



O céu e a terra fundiam-se no horizonte distante, parecendo uma coisa só, como se não houvesse separação entre o mundo espiritual e o material, a consciência individual e a cósmica.

Sentado sobre uma pedra em uma enorme montanha, de cabeça baixa e olhos apenas entreabertos, Exu observava o fenômeno da natureza e refletia sobre o seu interminável trabalho.

_Como é difícil a humanidade – pensou em certo momento – parece nunca estar satisfeita, está sempre querendo mais e, em sua essência egoísta desarmoniza tudo, tudo... Tudo que era para ser tão simples acaba tão complicado.

Com os olhos habituados a enxergar na escuridão e na distância, Exu observou cada canto daqueles arredores. Viu pessoas destruindo a si mesmas através de vícios variados, viu maldades premeditadas e outras praticadas como se fossem atos da mais perfeita normalidade. Viu injustiças, principalmente contra os mais fracos e indefesos. Com seus ouvidos, também atentos a tudo, ouviu mentiras, palavras de maledicência, gritos de ódio e sussurros de traição.

Exu suspirou.

_Serei eu o diabo da humanidade? – pensou ironicamente, ao lembrar o quanto era associado à figura do demônio. Passou horas observando coisas que estava habituado a ver todos os dias: mentiras, fraudes, corrupção, traições, inveja, e uma gama enorme de sentimentos negativos.

Foi quando estava imerso nesses pensamentos que Exu ouviu uma voz ao seu lado, dizendo naquele tom austero, porém complacente:

_Laroyê, Senhor Falante.

Exu ergueu os olhos e vislumbrou a figura altiva de Oxalá.

_Èpa Bàbá – respondeu Exu, fazendo um pequeno movimento com a cabeça, em sinal de respeito.

_Noto que está pensativo, amigo Exu – falou Oxalá.

Exu respirou fundo, contemplou novamente o horizonte e respondeu:

_Trabalhamos tanto... e incansavelmente, mas os homens parecem não valorizar nosso esforço.

Oxalá moveu os lábios para dizer algo, mas antes que isso acontecesse, Exu, como que prevendo o que seria dito, continuou:

_Não falo em tom de reclamação, sou um trabalhador incansável e o amigo sabe disso. É com prazer que levo o que tem ser levado e retiro o que deve ser retirado. É com satisfação que abro ou fecho os caminhos, de acordo com a necessidade de cada um, é com resignação que acolho sobre minhas costas largas a culpa do mal que muitos espíritos encarnados e desencarnados fazem, não reclamo do meu trabalho. Sou Exu, para mim não existe frio ou calor, cansaço ou preguiça, existe apenas a necessidade de cumprir a tarefa para qual fui designado.

_Se mostra tão resignado e, no entanto, parece que deixa-se abater pelo desânimo – comentou Oxalá, apoiando-se em seu paxorô.

Exu soltou uma gargalhada, ao que Oxalá deu um leve sorriso, com um movimento quase imperceptível no canto direito dos lábios.

_Não sou resignado nem tampouco estou desanimado – falou Exu – estou pensativo sobre pouca inteligência dos homens. Veja só: como responsável pela aplicação da Lei Cármica observo muita coisa. Observo não apenas o sofrimento que alguns homens impõem a si mesmos, mas vejo também as incessantes oportunidades que o Universo dá a cada um dos seres que habitam a Terra. O aprendizado que tanto precisam lhes é dado por bem, mas quase nunca enxergam pelo amor, então lhes é dada a oportunidade de aprender pela dor, mas geralmente só lembram a lição enquanto a dor está a alfinetar sua carne. Com o alívio vem o esquecimento e todos os erros e vícios voltam a aflorar.

Oxalá fez menção de dizer algo, mas com o dedo em riste entre os lábios, novamente Exu o impediu de falar.

_Ouça – disse Exu, colocando a mão em concha na orelha, como se ele e Oxalá precisassem disso para ouvir melhor. E ambos ouviram o som que vinha da Terra. O som da inveja, dos maus sentimentos, da maledicência, da promiscuidade, da ganância. Exu deu outra gargalhada e disse:

_Percebe? Temos trabalho por muitos séculos ainda.

_E isso não é bom? – perguntou Oxalá, que dessa vez não deixou Exu responder e continuou:

_Pobres homens, ignorantes da própria grandeza espiritual e da simplicidade do Universo. Se não desconhecessem tanto o funcionamento das coisas, seriam mais felizes.

_Não estão preocupados em discernir o bem do mal – resmungou Exu.

_E você está, Senhor Falante? – tornou Oxalá.

Mais uma vez Exu gargalhou.

_Para mim não existe o bem ou o mal. Existe o justo, bem sabe disso.

_Então por que tenta exigir esse discernimento dos pobres homens?

_Eu conheço os caminhos – respondeu Exu um tanto irritado – para mim não existem obstáculos, todos os caminhos se abrem em encruzilhadas. Para mim as portas nunca se fecham e as correntes nunca prendem. Conheço o sutil mistério que separa aquilo que chamam de bem daquilo que chamam de mal. Não sou maniqueísta, não sou benevolente, pois não dou a quem não merece, mas também não sou cruel, pois sempre ajo dentro da Lei. Os homens, coitados, acreditam na visão simplista do bem e do mal, como se todo o Universo, em sua “complexa simplicidade” se resumisse apenas entre o bem e o mal.

_Pobres homens – repetiu Oxalá.

_Pobres homens – concordou Exu – mesmo olhando o Universo de uma forma tão simplista, dividido apenas entre bem e mal, acabam sempre demonizando tudo, achando que o mal é o melhor caminho para conseguir o que desejam ou então acreditam que são eternas vítimas do mal. E o que é pior, quase sempre eu é que sou o culpado.

_Mas é você o responsável pelo mal? – perguntou Oxalá, admirando o horizonte.

_Sou justo, apenas isso – respondeu Exu.

_Não seria a justiça uma prerrogativa de Xangô? – tornou o maior dos orixás.
Exu olhou fundo nos olhos de Oxalá e respondeu:

_Estou a serviço do Universo, de cada uma das forças que o compõe, inclusive do Senhor da Justiça.

_Isso significa que trabalha em harmonia com o Universo, caro Exu?

_Imaginei que soubesse disso – respondeu Exu, irônico como sempre.

_Acho que sempre soube. Quando observo o horizonte e vejo o céu fundindo-se à Terra, percebo o quanto o material pode estar ligado ao espiritual. Mas também lembro que o sol vai raiar e acredito que apesar de todas as dificuldades que os próprios homens criam, é possível acender a chama da fé em seus corações. Percebo o quanto eles são falhos, mas percebo também o quanto são frágeis e precisam de nós – e nesse momento pousou a mão sobre o ombro de Exu – sejam dos que trabalham na luz ou na escuridão, pois tudo faz parte do Uno e se inter-relacionam. O mesmo homem que hoje está nas profundezas mais abissais, amanhã pode ser o mensageiro da luz.

Exu olhou para os olhos de Oxalá, como se não estivesse concordando, mas dessa vez foi Oxalá quem não deixou que o outro falasse, prosseguindo com sua narrativa:

_Se não fossem os valorosos guardiões que trabalham nas regiões trevosas, dificilmente os que ali sofrem um dia alcançariam o benefício da luz. Se houvesse apenas a luz, não haveria o aprendizado, que tem como ponto de partida o desconhecimento, as trevas. O Universo tão simples é ao mesmo tempo tão inteligente, que mesmo nós, que observamos os homens a uma distância grande, às vezes nos surpreendemos com sua magnitude. Os homens são frutos que precisam amadurecer e você, amigo Exu, é a estufa que os aquece até o ponto certo da maturação e eu sou a mão que os colhe como frutos amadurecidos.

_Quem diria que trabalhamos em harmonia? – disse Exu em meio a um sorriso – acreditam que vivemos a digladiar quando na verdade trabalhamos em busca de um mesmo objetivo: o aprimoramento da raça humana.

Oxalá só não soltou uma gargalhada porque não era esse seu hábito (e sim o de Exu), mas disse sem conseguir esconder o contentamento:

_Então, companheiro Exu, não temos porque lamentar. A ignorância em que vivem os homens é sinal de que ainda temos trabalho a realizar. A pouca sabedoria que possuem significa que ainda estão muito próximos ao ponto de partida e cabe a nós, não importa se chamados de “direita” ou “esquerda”, auxiliá-los em sua caminhada, que é muito longa ainda. Apenas contemplar as mazelas dos corações humanos não irá auxiliá-los em nada. Sou a luz que guia os olhos da humanidade e você é o movimento que não a deixa estática. Se pararmos por um segundo sequer, atrasaremos em séculos e séculos o progresso da raça humana, que tanto depende de nós.

Nesse momento o sol começou a raiar timidamente no horizonte, separando o céu e a Terra. Exu levantou-se da sua pedra e se pôs a caminhar montanha abaixo.

_Aonde vai, Senhor Falante? – perguntou Oxalá, como se não soubesse.

_Vou trabalhar, Senhor dos Orixás – respondeu Exu gargalhando novamente – Esqueceu que sou um trabalhador incansável e que trabalho em harmonia com o Universo, mesmo que ele me imponha a luz do sol?

Oxalá não respondeu, mas esboçou um sorriso tímido. Assim trabalhava o Universo: sempre em harmonia. Os homens, mesmo ainda presos a tantos conceitos primários, trilhavam os primeiros passos em direção ao progresso, pois não estavam órfãos de seus orixás e protetores.

Douglas Fersan – outubro de 2010

Contatos: douglasfersan@uol.com.br

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A História da Umbanda - um serviço de Alexandre Cumino à comunidade umbandista



Como contar a história da Umbanda, uma religião tão paradoxal?

Antes que me critiquem por dizer que a Umbanda é paradoxal, é preciso apresentar argumentos que justifiquem tal afirmação. Ao mesmo tempo em que tem suas raízes aprofundadas nas tradições populares, a Umbanda cada vez mais vem se elitizando e exigindo conhecimento – adquirido principalmente nos terreiros, aos pés das entidades, mas de outras fontes também. Mesmo tendo surgido entre as camadas mais populares da sociedade, hoje é possível observar a existência de inúmeros letrados nos terreiros. Ao mesmo tempo em que se confunde com a história da formação cultural brasileira, a Umbanda tem a sua própria história mergulhada num obscurantismo que gera dúvidas e até controvérsias entre seus seguidores.

Isso diminui a Umbanda ou faz dela uma religião ilógica?

De maneira alguma. Toda centelha que acenda o debate é importante no sentido de enriquecer o conhecimento sobre o assunto, e esses pequenos detalhes não mudam a essência da Umbanda, que reside na prática do bem, da caridade verdadeira, na oportunidade de espíritos encarnados e desencarnados trabalharem no auxílio dos necessitados e no próprio progresso ético e moral.
No entanto, um resgate da história da Umbanda se faz necessário – não se trata aqui da velha polêmica de codificar ou estabelecer paradigmas doutrinários aos cultos umbandistas, e sim de manter viva a memória de nossos cultos e de nossa crença, para que ela seja respeitada como tal, e não tratada como folclore ou crendice.
Independente da forma como cada casa realiza seu culto (pois bem sabemos que cada terreiro é um universo umbandista), é de vital importância que saibamos quem somos, de onde viemos e de que forma construímos nossas tradições. O universo dos orixás e das entidades de Umbanda ainda constitui um mistério para grande parte da população e, arrisco dizer, até mesmo para alguns umbandistas. Foram poucos os trabalhos que primaram pela memória da crença do chamado “povo do santo”; cito, sem medo algum de errar, os nomes de Pierre Verger e Reginaldo Prandi (autor do belíssimo A Mitologia dos Orixás, fruto de uma preciosa e admirável pesquisa), no entanto esses dois autores têm seu trabalho mais voltado para o Candomblé, o que não deixa de ser útil e pertinente aos nossos estudos, mas a Umbanda ainda fica um pouco órfã de uma literatura séria sobre suas origens.

A fim de preencher essa lacuna, nesse ano foi lançada a obra “A História da Umbanda – Uma Religião Brasileira”, do já conhecido e respeitado sacerdote Alexandre Cumino, autor de outros livros, como “Deus, Deuses e Divindades” e “Deus, Deuses, Divindades e Anjos”.

Não se trata de apenas mais um livro sobre Umbanda. Esses existem às dezenas e quase todos de qualidade duvidosa. Trata-se do resultado de um estudo histórico, concluído através de pesquisas e entrevistas, ou seja, é um trabalho sério, um verdadeiro serviço aos umbandistas.

Autor não apenas de livros, arrisco dizer que Alexandre Cumino é o maior divulgador da Umbanda na atualidade, principalmente através do JUS – Jornal de Umbanda Sagrada – um periódico gratuito de excelente qualidade e conteúdo e que tem esclarecido muitos irmãos-de-fé em algumas questões, além de desmistificar a nossa religião para os leigos, que graças à sua leitura, deixaram de nos tratar como feiticeiros ou meros “macumbeiros”, enxergando parte da riqueza de nossa crença e rituais.

Que a honestidade e a seriedade com que Alexandre Cumino trata a Umbanda em sua vida e, especialmente no seu novo livro, sejam o ponto de partida para que outros irmãos valorizem a religião e lutem pela sua memória e dignidade, levando ao mundo inteiro a Bandeira de Oxalá.

Douglas Fersan – outubro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Crítica ao livro "O Caderno de David", de Daniel Caldeira - por Douglas Fersan



Conheci o Daniel há bastante tempo, nem sei dizer exatamente quanto. Lembro quando entrei naquela sala de aula pela primeira vez e, com meu jeito meio rabugento de ser, me apresentei àquela turma de sexta série. Lembro perfeitamente do olhar meio assustado do Daniel me analisando e talvez pensando: “taí um professor chato”.
Acredito que consegui mudar essa primeira impressão, pois não demorou muito para que vários alunos daquela classe deixassem de ser alunos para se tornar meus amigos, embora a diferença de idade fosse grande. Lembro de dezenas de alunos que adquiriram uma importância grande em minha vida, sendo até hoje meus amigos, mas não vou citar nenhum, pois o assunto é o Daniel Caldeira, e seria injusto se esquecesse de algum.
Logo percebi que o Daniel era alguém especial. Alguém que nasceu para brilhar, pois era dono de uma personalidade inquieta e crítica: não era daqueles adolescentes que aceitam o mundo ao seu redor sem contestá-lo, como também não era do tipo que sonhava mudar o mundo por pura rebeldia. Tinha os pés no chão, além de maturidade, honestidade e caráter muito além de seu tempo e espaço. É com muito orgulho que me atrevo (e é um atrevimento mesmo) a dizer que contribuí, ainda que de forma mínima para a transformação do pequeno Daniel em um grande Daniel: homem de bem, talentoso e de bom caráter.
É com mais orgulho ainda que recebi, um belo dia, em minha casa, a visita do Daniel, já homem feito, com seu notebook embaixo do braço, dizendo-se empolgado com uma nova idéia.
O domínio da palavra escrita – a ponto de emocionar seus professores – sempre foi um talento do Daniel, mas dessa vez ele tinha um projeto mais ousado, mais abusado até, arrisco dizer. Foi com empolgação que ele mostrou a mim e minha esposa Denise as primeiras páginas de um livro que estava começando a escrever, intitulado “O caderno de David”. Não era um livro qualquer, era um livro já destinado ao sucesso. E o sucesso foi comprovado em seu lançamento, no dia 09 de setembro de 2010, na livraria Nobel, no shopping Frei Caneca, em São Paulo.
Por que tive certeza que já era um livro destinado ao sucesso?
Em primeiro lugar porque era escrito pelo Daniel. Depois, porque tinha conteúdo, intenção e ação.
Não se trata de um livro destinado apenas ao público GLS, embora esse seja o tema central. Trata-se de um convite à reflexão sobre temas como a descoberta interior, a luta pelo reconhecimento da dignidade, os preconceitos, os pré-conceitos, a homofobia e a busca pela felicidade – nem sempre conquistada. É um importante trabalho no sentido de derrubar o estigma do homossexual como uma figura ávida por sexo o tempo todo, promíscua e esdrúxula. Quem ler o livro certamente não será mais o mesmo. A viseira do preconceito dará lugar à reavaliação de conceitos.
A leitura leve, porém consistente e prazerosa, cativa o leitor da primeira à última página e tem o poder de abrir a mente e aprimorar o espírito, embora, com certeza não seja essa a pretensão de Daniel, que tem entre suas tantas qualidades, a humildade.
Raramente indico livros em meus blogs ou matérias publicadas por aí afora, mas acredito que obras como “O Caderno de David” merecem todo o crédito, pois não se trata de simples entretenimento, é um livro que veio para abalar estruturas truculentas e transformar corações. Segue abaixo uma pequena resenha do livro e o link do blog de seu autor, o qual, embora já seja um Mestre, ainda faço questão de chamar de “aluno”, pois essa palavra, oriunda do latim, significa “filho adotivo” ou “aquele que fazemos crescer” (e não “sem luz”, como muitos dizem por aí).







O Caderno de David

Aos 23 anos David morre vítima de um câncer. Deixa aos cuidados da mãe um caderno, com o intuito de ajudar o companheiro a aceitar sua sexualidade. Nele, há pensamentos que discorrem assuntos como homossexualismo, família, religiosidade e amor ao próximo. Léo, ao perder o companheiro, sente-se frágil. É descoberto pela família e humilhado em praça pública. Sai da cidade deixando filhos e emprego. Um ano depois, um grupo de jornalistas descobre uma poesia escrita por ele, destinada a David. Imediatamente pede para que ele retorne, enfrentando a revolta da família. Léo é desafiado a escrever sua própria história. Mas para isso será preciso enfrentar seus próprios preconceitos.

“...tenho um coração colorido...
Que me perdoem os que vivem no mundo preto e branco...”
Daniel Caldeira


Link para o blog do autor: http://ocadernodedavid.blogspot.com/

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Umbanda dentro do Cotidiano


Como sempre dizemos:

Ser umbandista dentro do terreiro é fácil, mas e fora dele?! Seguramente isso não é nada fácil.

Como toda religião a Umbanda tem como objetivo aperfeiçoar o espírito, que está em constante evolução. A doutrina Umbandista vem preparando todos nós para que cada vez mais possamos melhorar conosco e com o próximo. Então não basta ser uma pessoa caridosa, bondosa, correta só no terreiro. Devemos dar o nosso maior exemplo fora dele.

O Umbandista não deve provar nada a ninguém, mas suas atitudes são MUITO OBSERVADAS por todos, pois quem não conhece a Umbanda em seus reais fundamentos acreditam que ela não passa de:

• Uma religião sem doutrina
• Não passa de puro fetiche (feitiçaria)
• De militantes ignorantes, que nada tem a oferecer a sociedade atual.

PORTANTO UMBANDISTA DE VERDADE DEVE MOSTRAR:

COM SUA CONDUTA,SUAS ATITUDES TODO O ENSINAMENTO QUE RECEBE DENTRO DO TERREIRO, ATRAVÉS DAS ENTIDADES E DOUTRINA.

ESSE É O CAMINHO PARA FAZER A DIVULGAÇÃO E TRAZER O RESPEITO PARA A RELIGIÃO-CIÊNCIA.

A principal missão das entidades do Movimento Umbandista é tão somente prestar a caridade. E por sua vez, a dos médiuns também deveria ser. Mas não apenas no terreiro, mas em todas as áreas da sua vida.

Conhecemos muitas pessoas que se dizem umbandistas, e fora do terreiro tem uma conduta completamente contrária àquilo que pregam. Ora devemos pelo menos ser coerentes com aquilo que falamos e fazemos, não podemos dizer: “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. NÃO PODEMOS IR CONTRA AQUILO QUE ACREDITAMOS COMO REAL E VERDADEIRO. AQUELES QUE AGEM ASSIM É PORQUE NÃO TEM NENHUMA CONVICÇÃO DO QUE FAZEM.

Os ensinamentos das entidades devem ser aplicados diariamente em nossas vidas.

O médium incorporante deve registrar aquilo que seu mentor guarda em seu subconsciente durante as consultas, p/ que ele possa aplicar tais ensinamentos no seu dia a dia, em sua própria vida.

Nossa CARIDADE deve começar dentro de nossos lares, de nossas casas, com nossos familiares. É COM ELES QUE TEMOS AS MAIORES DÍVIDAS. Com já disse o sábio espírito ANDRÉ LUIZ, “os parentes são os marcos vivos das primeiras grandes responsabilidades do ser encarnado.

Isto significa que:

Geralmente nossa família é composta por seres ligados a nós em vidas passadas, e que tem conosco uma relação de créditos e débitos.

São nossos credores ou devedores de vidas passadas.

O lar é um templo redentor de almas endividadas. A família é o maior meio de ajustes entre os seres espirituais.

Qual forma mais sábia de fazer com que grandes inimigos de vidas passadas, com sentimentos recíprocos de ódio, vingança, mágoa e etc. se aceitem? É fazendo com que em vidas futuras compartilhem da mesma família como irmãos, pais, filhos, etc.

Conhecemos muitas pessoas que tem sérios problemas de entrosamento em seus lares, porque algum ou alguns de seus familiares tem problemas dos mais variados. Os mais comuns são em que o familiar é doente, tem problemas psíquicos, psicológicos, enfim, causa transtorno a todos seus familiares.
Nesses casos devemos conter nosso ímpeto rebelde, mantermos a calma e a paciência e tentarmos compreendê-los da melhor forma possível. Não devemos ser grosseiros nem estúpidos s e sim entendê-los do jeito que são. Seguramente esses seres doentes não estariam em nossa família por puro acaso, e sim porque alguns dos familiares têm graves débitos a cumprir com esses seres.

Na maioria das vezes os familiares foram responsáveis por essas anomalias em outras vidas, ou me fizeram muito mal e agora, de acordo com a Lei Divina, devem ajudar essas criaturas a saírem da situação em que se encontram. Não adianta ignorá-los, tratá-los mal, pois isso só irá agravar mais ainda sua divida perante aquele ser e a sua situação perante a Lei Kármica.

PORTANTO DEVEMOS DAR MUITO VALOR A NOSSA FAMÍLIA E AGRADECERMOS A DIVINA OPORTUNIDADE DE PODERMOS RESGATAR COM SEUS SERES ANTIGAS DIVIDAS DO PASSADO E FICARMOS EM EQUILÍBRIO PERANTE A LEI DIVINA.

DEVEMOS EVITAR OS GRAVES DESENTENDIMENTOS, pois agindo assim estamos agredindo a evolução, estamos incorrendo nos mesmos erros anteriores e dificultando ainda mais o consenso, que inevitavelmente terá que acontecer demore quanto tempo for necessário, portanto não devemos desperdiçar esta chance!

Devemos melhorar os contatos diretos ou indiretos com nossos pais, irmãos, tios, primos e demais familiares para que a Lei não venha cobrar-lhe NOVAS E MAIS ENÉRGICAS experiências em PRÓXIMAS ENCARNAÇÕES

A Umbanda não tem normas nem Leis que inibam a liberdade de ninguém. Ela não proíbe ninguém de fazer isso ou aquilo, ela apenas nos mostra o caminho, e cabe a cada um de nós, segundo nosso livre arbítrio, escolher por onde quer ir. As entidades sempre dizem:

A UMBANDA NÃO ESCRAVIZA, LIBERTA!

Ouvimos muitas pessoas dizerem: “isso minha religião não permite”, mas será que você realmente acredita naquilo?

A Umbanda acredita na capacidade de cada um escolher seu caminho, de saber o que realmente é ideal para si. É claro que às vezes necessitamos de alguns esclarecimentos, de alguém para mostrar o caminho a ser seguido, mas nunca de forma imposta. SOMOS RADICALMENTE CONTRA AQUELES QUE DIZEM QUE TUDO ESTÁ TRAÇADO, QUE NOSSO DESTINO JÁ ESTÁ SELADO.

Ora se assim fosse, para que vivermos se somos marionetes nas mãos de um Deus tão cruel, que nos faz sofrer para aprendermos a lição? Acreditamos em predisposições para tais circunstancias.

Exemplo:

Uma pessoa tem predisposição para morrer de infarto. Isto é uma predisposição, que conforme sua conduta em vida pode ocorrer ou não.

Há também aqueles que dizem saber exatamente quando vão morrer porque é seu destino. Como já dissemos, há uma predisposição e não uma imposição. De acordo com a nossa conduta, podemos antecipar ou prolongar a nossa vida terrena.


Essa é a famosa LEI DO KARMA ou das CAUSAS E EFEITOS. Todos temos uma predisposição para uma série de acontecimentos e realizações em nossas vidas, que podem acontecer ou não de acordo com a nossa conduta enquanto encarnados.


Infelizmente já ouvimos alguns de nossos amigos dizerem que a vida é para ser vivida intensamente, visando apenas prazer, porque estamos aqui a passeio. Acreditar nisso seria acreditar que

• Tudo que fazemos não tem importância como,

• Estudar, trabalhar, se aprimorar,

• Pois nada valerá quando morrermos, que tudo foi em vão,
É estar completamente sem perspectivas de encontrar um mundo melhor

• De acreditar na imortalidade do espírito,

• De acreditar na evolução.

Devemos ter ciência que a nossa estadia no planeta como encarnado é uma benção divina. Muitos seres perdidos, emaranhados em seriíssimas confusões, mentais e astrais, aguardam ansiosos por essa oportunidade, visando melhorarem-se e diminuírem os débitos adquiridos em vidas passadas.

A reencarnação é:

• Uma solução bendita,

• É a misericórdia divina,

• É a chance que Deus dá a todos os seres,

• A cada encarnação temos a oportunidade da evolução, para a libertação do espírito.

Se estamos no corpo físico, é porque temos sérios compromissos a cumprir. Quantos e quantos seres desencarnados atolados no mal, gostariam de ter essa oportunidade, e reencarnar para saldar suas dividas perante a Lei.

Só para deixar bem claro:

Se estamos encarnados: não é por acaso, temos sérios compromissos a cumprir, muitos credores batem à nossa porta.

Então não se iluda pensando que a vida é uma eterna diversão, que estamos aqui para gozar dos prazeres da vida terrena.

Há coisas muito mais sérias esperando por você desperte para realidade!
A doutrina de Umbanda tem justamente essa finalidade, de ajudar as pessoas a enfrentarem os problemas do cotidiano com paz e serenidade, colocando em pratica o que é aprendido com as entidades. Nos revela de forma clara e simples, o modo ideal de encararmos a vida como ela realmente é.

A nossa preocupação é dar formação espiritual, para que as pessoas possam levar suas vidas com mais tranqüilidade, entendendo os porquês de certas coisas acontecerem tão freqüentemente, pois tendo tais conhecimentos, seguramente suas vidas serão mais amenas e mais intensivamente vividas.

A intenção das entidades de Umbanda é fazer com que a vida das pessoas possa ser compreendida de uma forma melhor, que as pessoas não encontrem tanta dificuldade em entender as coisas que a ciência não consegue explicar, tais como a morte, Deus e etc.

Os umbandistas não são melhores nem piores que ninguém. Não temos qualquer vocação para “santos”. Queremos ser apenas o que somos, pessoas normais como todas as outras, que acreditam em um Deus e na imortalidade do espírito.

Dizemos isto porque muitas pessoas acham que ser religioso é ser santo, é privar-se das coisas boas da vida. Conversa mole!!! Isto é pura preguiça, é falta de coragem de encarar a vida de frente. Alguns têm até vergonha de dizerem que freqüentam ou que são praticantes de alguma religião. Imaginem só!...

Acreditamos que a vida material é importante, mas não teria o menor sentido sem a vida espiritual, pois só levaremos as nossas ações, nosso comportamento enquanto encarnados, a nossa educação espiritual será a nossa maior riqueza.
Os mentores do Astral, irão nos direcionar após o desencarne segundo a nossa conduta, de acordo com o grau de espiritualidade. Quando morrermos seremos todos iguais, o que irá nos diferenciar uns dos outros é o nosso Aura, que reflete todas as nossas ações, pensamentos, sentimentos através de sua coloração.

Por isso é que todos deveríamos dar mais importância ao nosso lado espiritual, nos educarmos espiritualmente.

A vida é muito boa, mas é uma etapa passageira, um dia passará. Vamos criar dentro de nós um sentimento de AMOR AO PRÓXIMO, afinal todos nós habitantes do planeta Terra, somos uma imensa família que resgata junto algo que foi perdido há milhões de anos atrás, a Tradição Cósmica.

Portanto deixemos de lado as mesquinharias materiais e vamos nos preocupar com a essência espiritual. Não devemos nos esquecer que temos um compromisso a cumprir e um caminho a seguir. Não podemos nos deixar levar pelas grandes ILUSÕES da vida terrena.

O que é ser uma pessoa espiritualizada?

• Ser mais compreensivo

• Ser mais gentil

• Mais atencioso com as pessoas

• Não julgar

• Se não puder ajudar, não atrapalhe.

• O bom comportamento e sentimentos só nos aproximam de BONS ESPÍRITOS. (é a lei da afinidade)

VAMOS LÁ, NÃO CUSTA NADA TENTAR!

VOCÊ NÃO VAI SE ARREPENDER!

GRANDES AMIGOS O ESPERAM.


Texto postado na comunidade UMBANDA EM AÇÃO pela irmã Cristina Tormena (Cris)

Retirado do livro: A UMBANDA AO ALCANCE DOS JOVENS - Autor: Domingo Rivas Miranda Neto (ITAMIARA)

domingo, 11 de julho de 2010

ÉTICA NA UMBANDA

O assunto objeto desta matéria com certeza trará para alguns bastante dissabor e repulsa, pois tocará na vaidade e no ego daqueles que não querem que venham à baila determinadas verdades atinentes ao fenômeno da incorporação.

No entanto, como o compromisso do Jornal Umbanda Hoje é ver os adeptos da religião mais esclarecidos e livres de determinados mitos que tanto prejudicam os iniciantes no culto, resta-nos tão somente esclarecermos um ponto nevrálgico sobre o presente tema.

Sabemos que na Umbanda fala-se muito em mediunidade de incorporação semiconsciente e inconsciente, que, via de regra, ensejam verdadeiras discussões doutrinárias a respeito. Não vamos nos ater a explicarmos o processo de acoplamento de um espírito aos chakras e centros nervosos do médium, sendo tema para o futuro.

As incorporações em que os espíritos deixam completamente inconsciente o médium, com tomada integral de todas as faculdades biopsicomotoras, é fenômeno raríssimo nas religiões mediúnicas.

Em tempos imemoriais, foi a forma encontrada pelos espíritos para cumprirem suas missões no plano físico sem que o medianeiro pudesse interferir em suas tarefas, pois muitas pessoas não acreditavam na ação dos espíritos sobre o corpo humano e, por isto, se tivessem alguma porcentagem de consciência, acabariam por intervir, voluntária ou involuntariamente, no labor dos amigos espirituais.

Com o passar do tempo, e através de um maior estudo e conseqüente entendimento do que ocorria, a inconsciência dos médiuns foi pouco a pouco sendo elevada a semiconsciência, fenômeno pelo qual os espíritos agem conjuntamente com a psiquê do médium, que, mesmo manifestados, sabem de quase tudo o que se passa a seu redor, inclusive que estão sob o domínio parcial de uma força externa. Este tipo de incorporação (semiconsciente) predomina quase que inteiramente nos segmentos espiritualistas, porque é a que melhor se adequar às necessidades atuais.

Através da semiconsciência há uma interação entre o medianeiro e o espírito atuante, que são doutrinador e doutrinado ao mesmo tempo. Além disto, esta espécie de incorporação faz com que o médium seja co-responsável pela mensagem transmitida por um Caboclo, Preto-Velho, Exu etc.

O fato é que, na mediunidade de incorporação semiconsciente, que, diga-se de passagem, também tem seus graus de variação, o espírito ao desprender-se do médium com o qual trabalha, deixa neste quase que a totalidade das informações recebidas ou transmitidas durante uma sessão. Caso haja alguma necessidade, o espírito, atuando no sistema nervoso central e também no cérebro, pode fazer com que o médium deixe de lembrar de alguma coisa, mas isto é exceção.

A regra é o médium lembrar-se de quase tudo que foi dito pelo espírito trabalhador. Neste sentido, muito importante é o respeito e a obediência que os médiuns devem ter para com o segredo de sacerdócio, tópico que analisaremos oportunamente.

Infelizmente alguns médiuns que trabalham semiconscientemente insistem em dizer que não se lembram de nada depois que o espírito interventor se afasta.

E o fazem por duas razões básicas:

-primeiro, querem dar um maior valor a sua mediunidade, dizendo:
" eu sou especial porque trabalho sem consciência";

-segundo, para se eximirem de responsabilidade, caso haja alguma comunicação equivocada, por influência do próprio médium, dizendo este depois:
" eu sou inconsciente, quem errou foi o espírito".

Repito:
a mediunidade de incorporação inconsciente ainda existe, mas é raríssima, e quem a tem geralmente não fala, porque é assunto pessoal, e também é circunstância difícil de ser provada.

Na atualidade, não se concebe deixar os iniciantes com a falsa idéia de que, incorporados por um espírito, sua mente se apagará temporariamente. Muitos médiuns sob a ação dos espíritos acham que não estão incorporados, visto terem ouvido de outros que, durante a manifestação dos espíritos, não há consciência no médium.

Criam com isto uma série de dúvidas na mente dos iniciantes, fazendo com que muitos pensem até não serem médiuns de incorporação.

A Umbanda vai crescer. E crescerá através de médiuns mais preparados, mais esclarecidos em relação aos fenômenos mediúnicos. Desta forma, farão cair por terra falsas verdades que estão, infelizmente, ainda sendo difundidas irresponsavelmente por alguns.

Texto extraído do Jornal da Umbanda

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Exu na Igreja Evangélica - por Douglas Fersan



A tolerência à diversidade é a palavra de ordem do momento. Longe de querer pregar o repúdio a qualquer religião, pois todas exercem sua função social e espiritual, esse texto tem o objetivo de mostrar que em alguns templos o nome das entidades da Umbanda Sagrada é usado de maneira pejorativa e que ainda assim os incansáveis trabalhadores do Astral não baixam sua guarda e nem deixam de dar proteção àqueles que os difamam.
Quantas e quantas vezes as entidades da Umbanda, em especial os compadres exus e as senhoras pombogiras, são invocadas nas igrejas evangélicas, como se fossem responsáveis por todo tipo de mal que afeta a vida de pessoas sofridas, que buscam solução para seus problemas nesses templos? Os nomes das entidades mais populares do panteão da nossa religião são citados sem qualquer respeito ou pudor. Os senhores Tranca-Ruas, Marabô, Tiriri, Tatá Caveira, Maria Padilha, Maria Mulambo e outros tantos são acusados de serem os responsáveis pelo infortúnio de pessoas desesperadas com questões materiais, espirituais, de saúde ou familiares. Esses nobres trabalhadores são acusados de causar doenças, prejuízos materiais, destruir famílias e outras mazelas mais, num ato de total desrespeito aos símbolos (nesse caso, às entidades) da religião alheia.
Esses mesmos detratores das nossas entidades – as quais acusam de serem demônios – batem no peito para bradar aos quatro ventos que “o diabo veio para mentir, roubar e matar” e não se atentam que eles próprios podem estar sendo enganados por um “diabo” (sem entrar no mérito da existência dessa figura mítica judaico-cristã) que mente, que os engana, dizendo se chamar Tranca-Ruas, Marabô, etc. Em outras palavras, zombeteiros adentram esses templos, usam os nomes das entidades da Umbanda, e aqueles mesmos que dizem que o “diabo” veio mentir, não notam que estão sendo vítimas de uma grande mentira. Caem como patinhos na lábia de verdadeiros arruaceiros espirituais que conseguem usar uma religião para denegrir outra. E o que é pior, denegrir justamente a imagens dos guardiões, daqueles que policiam sua ação nefasta no mundo espiritual e que se reflete de forma extremamente negativa no mundo material, atingindo mentes pouco esclarecidas e/ou preconceituosas, que não medem esforços em acusar os senhores exus, os verdadeiros soldados do Astral, os agentes da Lei Cósmica e cármica universal pelas mazelas que grassam as vidas daqueles que, desesperados, buscam ajuda.
Os compadres exus têm seus nomes achincalhados de maneira vergonhosa dentro de algumas igrejas, que sem o menor pudor ignoram inclusive a Carta Magna do país, que garante o respeito a todos os cultos religiosos e seus símbolos. Mal sabem esses detratores do mundo espiritual que, ao contrário deles, os nossos guardiões exus são desprovidos desse preconceito infantil e barato, e ali estão, à porta das diversas igrejas, trabalhando incansavelmente como sempre costumam fazer, impedindo que ataques do mais baixo reduto espiritual atinja a nós, encarnados, independente da religião que professamos.
Se não fossem os nossos fiéis amigos exus, quantos ataques os diversos templos religiosos sofreriam dos elementos trevosos que, apesar de desprovidos do corpo carnal, rondam e obsedam o mundo material sem que a maioria se dê conta disso?
Não importa o nome que se dê a eles. Na Umbanda e na Kimbanda chamamos de exus. Outros preferem chamar apenas de guardiões ou protetores, mas o importante é que estejam ali, guardando a entrada dos Centros Espíritas, das igrejas católicas, das protestantes tradicionais ou das neo-pentecostais, pois o fato é que ali estão, abnegados e cumprindo bem a sua tarefa de impedir que kiumbas ou trevosos deturpem o culto lá realizado.
Se em algumas denominações (especialmente neo-pentecostais) certos espetáculos acontecem, com obsessores se passando pelos exus (principalmente os mais conhecidos, por assim dizer) é porque os próprios exus de lei permitiram que eles ali adentrassem, a fim de que participassem do show de horrores para depois serem encaminhados ao devido local de merecimento, ou então têm ciência do teatro que alguns fazem usando seu nome, sem que haja, na realidade, entidade qualquer ali.
Em ambas as situações, levando-se em conta o seu caráter irreverente – apesar da seriedade com que realizam sua tarefa, os verdadeiros exus, aqueles que guardam incansavelmente até mesmo a porta das igrejas evangélicas, devem se divertir muito enquanto fazem o seu trabalho e observam essa “Broadway” de quinta categoria. E para quem conhece bem essas entidades, sabe que sua gargalhada não é apenas uma manifestação de hilaridade, e sim um fundamento usado com mestria para descarregar situações tensas, onde elas se fazem necessárias.
Exu está em toda parte, pois a sabedoria cósmica sabe como agir e onde colocar cada um de seus trabalhadores, para que desempenhem bem sua finalidade. Se alguém possui o dom da vidência, não se espante se um dia se deparar com um compadre exu guardando a entrada de uma igreja evangélica. O Universo possui razões que nós somos ainda muito imaturos para entender.
Laroyê Exu.

Douglas Fersan – 24/6/2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Erveiro na TV - É a Umbanda vencendo limites - por Douglas Fersan



No dia 10 de junho de 2010 tivemos uma agradável surpresa na programação vespertina da TV aberta. Entre tantas coisas fúteis e inúteis (algumas até daninhas, arrisco dizer), tivemos a imensa honra de acompanhar uma entrevista (provavelmente a palavra mais correta seria uma palestra, dada a qualidade do evento) com o nosso querido e admirável Adriano Camargo, sacerdote do Templo Ventos de Aruanda, em São Bernardo do Campo.
O “Erveiro”, como é conhecido, estava completamente à vontade perante a apresentadora e as câmeras, como quem já está habituado a esse tipo de acontecimento. Mas na realidade sabemos que as câmeras de TV não fazem parte do cotidiano de Adriano Camargo. A sua desenvoltura se devia, na verdade, à confiança e ao respeito que tem naquilo que conhece e fala, pois não fala como demagogos, que querem apenas o brilho dos holofotes. O Erveiro fala como quem leva adiante a bandeira da sua religião, manifestada, entre outras nuances, no uso espiritual e terapêutico das ervas.
Numa atitude de inteligência e respeito às diversidades, Adriano deixou claro logo no início de sua participação, que o uso das ervas não é uma modalidade restrita à Umbanda e seus rituais. Seu uso é milenar, faz parte de diversas religiões e até mesmo de tratamentos médicos sem qualquer ligação religiosa. As ervas são instrumentos deixados aos homens pelas divindades, que devem usá-las da melhor maneira possível, para os mais diversos fins, e isso não está ligado a nenhum dogma religioso. Seu uso é livre para qualquer pessoa, de qualquer religião.
Sempre com um sorriso estampado, Adriano Camargo deu várias dicas em relação às ervas, com a responsabilidade de não misturar assuntos religiosos com profanos e principalmente sem entrar em questões de fundamentos, informações restritas aos templos de Umbanda, e que por questão de segurança dos leigos e respeito aos rituais, ali devem permanecer. Conseguiu a proeza de falar de um tema inerente à Umbanda sem profaná-la. É a arte de transmitir a informação com responsabilidade.
Um momento divertido que merece destaque, foi quando ensinou como fazer as arrudas crescerem fortes e bonitas:
_Fale à arruda – disse Adriano – que se ela não crescer direito, vou plantar violetas em seu lugar.
Tenho certeza que muita gente correu ao seu vasinho de arruda para dar essa bronca na plantinha. As violetas certamente acharam graça nisso.
Não resta dúvidas de que sua participação rendeu bons índices de audiência ao programa, pois ao final da sua participação, a simpática apresentadora Cátia Fonseca afirmou que em breve o Erveiro estará lá novamente, dando novas boas dicas a todos nós.
Seguindo o próprio conselho de Adriano, ao falar sobre a manipulação das ervas e outros elementos, deixo aqui duas palavrinhas a esse nobre guerreiro de Aruanda: POR FAVOR, continue compartilhando seu conhecimento conosco e OBRIGADO por levar ao Brasil o nome da Umbanda de forma tão digna.

Axé sempre.
Douglas Fersan – 11/06/2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

SÁBIAS PALAVRAS DE UM PASTOR EVANGÉLICO

Uma parte dos atletas, entre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa, se recusou a entrar numa entidade que cuida de exepcionais mantida por uma casa espírita, e preferiu ficar dentro do ônibus do clube, sob a alegação que são evangélicos.

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo, ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai.

E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.


Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.


Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina – ou pelo menos deveria ensinar - você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.

Por Ed René Kivitz,
cristão, pastor evangélico, e santista desde pequeno

terça-feira, 18 de maio de 2010

Jorge da Capadócia - por Alexandre Cumino





Jorge da Capadócia

Domínio Público

Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque também sou da sua companhia

Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge

Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos e não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam

E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal

Armas de fogo, meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem, sem o meu corpo tocar
Cordas e correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar



Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge

Jorge é de Capadócia, Salve Jorge!

Algumas palavras de Alexandre Cumino sobre a Oração (Musica e Poesia)

Jorge da Capadócia



Esta música se tornou conhecida na interpretação de Jorge Benjor, e muitos consideram como sendo dele a composição.

No entanto é de domínio público, de autoria desconhecida, e já foi interpretada também por Caetano Veloso, Racionais MC e outros...

Jorge da Capadócia é São Jorge, mártir e santo guerreiro, sincretizado com o Orixá Ogum.

A Capadócia é uma região da Turquia em que acredita-se tenha origem o homem que mais tarde se tornaria soldado do Imperador Diocleciano.

O mesmo que ordenaria seu martírio, assim como de São Sebastião e outros que igualmente são santos e mártires.

São Jorge em vida além de sobreviver a todos os martírios a ele infringidos, sendo finalmente degolado, é conhecido por ter vencido um dragão.

Montado em seu cavalo brando e empunhando lança e espada na mão salvou a donzela que mais tarde seria conhecida como "santa salvada".

Os fiéis buscam em São Jorge suas qualidades de guerreiro e homem determinado, sua espada representa as leis divinas e a lança a direção a ser tomada, simbolismo que encontrará analogia com o Orixá Ogum e na mesma medida em que o Santo Católico é esquecido ou colocado de lado na Madre Igreja é aclamado pelo catolicismo popular e nos cultos afro-brasileiros. Não é raro encontrar sambista que traga São Jorge no peito, literalmente engastado em ouro, como vemos em Zeca Pagodinho ou Dudu Nobre.

A letra tão bem interpretada nos 4 cantos deste "Brasilsão" é muito usada nos cultos de Umbanda,

Principalmente nos rituais chamados de "fechar o corpo", que dá para entender e empresta sentido e significado à letra.

Logo no inicio vemos:

Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia

Uma referência ao fato de ele ser da guarda romana e mais que isso sua qualidade de guerreiro. Ter alguém com estas qualidades em nossa companhia só pode ser uma alegria, quando constatamos que este guerreiro trabalha em nome de Deus. Jorge teve seu martírio por não negar sua fé em Cristo. Logo sua companhia é uma proteção em minha jornada. Apesar de não citar diretamente á Ogum, por identificarmos o simbolismo se faz importante o encontro de informações a cerca deste Orixá na letra. Pois que Ogum é o Orixá dos caminhos, que abre os caminhos de corta as demandas. A companhia de Jorge aqui se refere também a estas qualidades de Ogum.

Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge

Ao ouvir esta frase pensamos logo nas vestes romanas, naquela roupa ou armadura que ele aparece vertido, no alto de seu cavalo branco. No entanto as ?roupas? e as ?armas? de Jorge, são uma referência a suas qualidades. Meu escudo e proteção maior são em si as virtudes de Jorge, que inclusive encontram mais um simbolismo no (desculpe a redundância) ?alvo? cavalo branco, mais uma vez ressaltando sua motivação. No que este cavaleiro vem montado? Num "veículo" branco, branco como a luz, branco como o dia, o sol, como a paz, a liberdade, branco como tudo o que o branco simboliza.


Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos e não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam


Inimigos aqui tem dois sentidos, afinal Jorge venceu o dragão, o inimigo, mas o maior dos dragões são nossos vícios, nosso ego, nossa vaidade. Embora nos dê força para vencer o "outro" que por ventura se coloque como inimigo, nosso maior inimigo somos nós mesmos.

E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal

Nem eles e nem nós, pois já diz o velho ditado:

Nossos pensamentos se tornam palavras

Nossas palavras se tornam ações

Nossas ações se tornam hábitos

E estes o nosso destino...


O pensamento é tudo, se existe um campo de guerra ?minado? é o nosso campo mental, racional e emocional, consciente e inconsciente. Há... nossos pensamentos... quem os controla? Este nós chamamos de Mestre, nas escolas de espiritualidade de hinduismo, de ensinamentos milenares, os exercícios de Yoga e meditação mais avançados são dedicados a esvaziar a mente, buscando equilíbrio e serenidade. A tão almejada paz de espírito, é a única vitória que se almeja em qualquer batalha travada de si com sigo mesmo. Em todas as jornadas espirituais.

Armas de fogo, meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem, sem o meu corpo tocar
Cordas e correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar

Esta é uma parte da letra que vai bem ao encontro da idéia de "fechamento de corpo", mas ao contrario do que pensam, salvo alguns milagres e fenômenos, embora as letras falem de balas, facas, espadas e correntes, o fechamento de corpo é uma forma de fechamento e proteção espiritual e não material. É a busca por uma proteção que é em si a aproximação entre o adepto e seu santo ou orixá de devoção. Procura-se nestes rituais fazer uma limpeza espiritual e um descarregar de energias negativas, parta então criar um "aura", como uma redoma da força e poder relacionados a Jorge e Ogum.

O que só se mantém com o merecimento de cada um.

Um abraço a todos,

Alexandre Cumino

Sacerdote de Umbanda

Jornal de Umbanda Sagrada

Colégio de Umbanda Pena Branca

Censo 2010 - Sou umbandista sim!!!




Estou repassando esta informação pelo grau de importância do Censo
para todos nós umbandistas, pois esperamos neste Censo - 2010
fazer a diferença. Estamos todos envolvidos em campanhas para conscientização
de que não somos católicos, nem espiritas. SOMOS UMBANDISTAS !!!
E vamos mostrar neste Censo que temos ORGULHO DE SER UMBANDISTA.
Segue abaixo informações sobre o Censo que começa em 1º de Agosto.
Parece que está longe, mas o importante é que este tema, Censo - 2010,
permaneça presente em nossas mentes e inspirando assuntos para que
mais e mais umbandistas passem a falar da importância de assumir a
identidade umbandista. E claro responder Sou Umbandista !!!
Quando alguém lhe perguntar qual a sua religião.

Alexandre Cumino - Sacerdote Umbandista

05/05/2010 - 11h56

Censo 2010 começa em 1º de agosto e poderá ser feito pela internet;
custo chega a quase R$ 2 bilhões


Do UOL Notícias*

Em São Paulo


O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou nesta quarta-feira (5), em Brasília, que os brasileiros começam a preencher os formulários do Censo 2010 em dia 1º de agosto, que terá um custo total de quase R$ 2 bilhões. Pela primeira vez, o censo será totalmente informatizado, e os entrevistados poderão optar por responder as perguntas pela internet. O último censo foi realizado em 2000.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão responsável pelo censo, dividirá todo o território brasileiro em 314 mil setores, cada um sob responsabilidade de um recenseador. Serão distribuídos 230 mil equipamentos de mão, pelos quais os recenseadores irão coletar as informações dos entrevistados e enviá-las a um computador central. Após o censo, os equipamentos deverão ser doados para escolas.

Se o entrevistado preferir, poderá responder as perguntas via web, mas mesmo assim terá que receber em casa o recenseador, que irá lhe informar uma senha de acesso e dará as orientações de como transmitir as informações. Segundo o ministro, contudo, a coleta de dados pela internet encontrará dificuldades em muitos lugares do país onde não há conexão de banda larga. Outra preocupação do ministério é em torno de um possível receio da população em receber os recenseadores em casa.

“Vamos ter que fazer uma campanha de conscientização, talvez envolvendo até o presidente Lula, para que as pessoas entendam qual é o papel do recenseador e os recebam bem. Às vezes as pessoas ficam desconfiadas, mas eles (os recenseadores) terão crachá, número, identificação, colete e boné”, afirmou Bernardo em entrevista coletiva.

De acordo com Eduardo Pereira Nunes, presidente do IBGE, todos os 58 milhões de domicílios brasileiros serão visitados. Atualmente, segundo Nunes, 23 mil agentes do instituto já estão nas ruas fazendo um inventário dos domicílios. A expectativa é de que até o final de 2010 sejam divulgados os dados mais básicos, como o tamanho da população, sexo, cor e a estrutura etária.

“Coletarmos informações das características dos domicílios, relações de parentesco, fecundidade, educação, renda, cor, raça, religião, línguas faladas, entre outras. Essas informações vão permitir, dentre outras coisas, definir o número de vereadores e os repasses aos municípios”, diz Nunes.

De acordo com o IBGE, o Censo terá dois tipos de questionários. O mais simples, com cerca de 15 perguntas, será direcionado à maioria dos cidadãos, que levarão de 10 a 15 minutos para respondê-lo. Já o questionário do tipo amostra será respondido apenas por parte das pessoas e terá mais de 100 perguntas. Neste caso, o tempo da entrevista será de 30 a 40 minutos.

*Com informações da Agência Brasil

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Deus tem muito bom humor





Muito me admira os seres humanos que acreditarem que seriedade não está ligada ao senso de humor.

Digo isso, pois a maioria das vezes, a seriedade está ligada à sisudez, ao mau humor e a ditadura e rigidez de humor. Isso para mim é inconcebível.

Analise o mundo, as pessoas, os animais e a natureza. Quer uma prova? Darei várias. Mas veja que para demonstrar o bom humor de Deus pegarei exemplos concretos de animais, por exemplo.

O Ornitorrinco é um exemplo do bom humor de Deus. Um mamífero que tem pé e bico de pato, é peludo e bota ovos só pode ser piada. Quer mais? Faça uma pesquisa sobre animais exóticos e esquisitos. Você encontrará o Aye Aye, a Alpaca, o Tarsier, o Bico de Tamanco entre outros. Isso mostra o bom humor de Deus.

Acha pouco? Quer um exemplo no mundo vegetal? Frutas que brotam em locais diferentes sendo praticamente de mesma origem. O morango, por exemplo, nasce em vegetação rasteira, já a cereja em árvores enormes. É uma disparidade ou bom humor? Mas o humor, não está em observar as disparidades?

Alguns me chamarão de herege, que esses animais e plantas são parte da evolução das espécies e que estão aí explicados pelas teorias de Darwin. Não importa. Mas que os bichos são engraçados são, ué! Que tudo podia dar em arvora também podia, uai!

O mais engraçado de todos, ao meu ver é o ser humano. Arrogante, prepotente, acredita ser o único ser pensante de todo o universo. Diz ser a imagem e semelhança de Deus e ao menos entende o seu bom humor e sua sutileza.

Não entende o contra-senso que é um universo inteiro e infinito para ser explorado e povoado, e acreditar piamente que só este pequeno planeta ínfimo e insignificante é habitado. Além de um grande senso de humor de Deus, seria uma baita perda de tempo.

Mas voltemos a analise de sisudez humana e sua falta de humor.

No âmbito religioso, pois este é o objeto desse artigo, vemos que os templos evangélicos, as igrejas, as sinagogas e as mesquitas estão repletos de gente assim.

E não pense você que é somente dos pregadores que isso parte, pois a maioria das vezes parte dos fiéis ali presentes. Pessoas incapazes de observar que a bondade, a generosidade, a sapiência e o amor de Deus está também pautado no seu bom humor, no seu senso de humor.

Mesmo nos terreiros do Brasil afora, Pais e Mães de Santo (ou dirigentes espirituais, como querem alguns politicamente corretos) exibem sua seriedade dom certa rispidez, aspereza e falta de modos não exibindo o bom humor que um trabalho voltado à caridade merece.

Note irmão que, bom humor não significa gracinhas ou baderna, mas sim um estado de espírito em que as coisas do cotidiano podem ser encaradas por um ponto de vista diferente e de forma diferente, ou seja, podem e devem ser vistas pelo lado bom da coisa, da aprendizagem, do acúmulo de experiência e da observação do bem comum.

Sendo assim, peço a todos que encarem a vida com bom humor, pois esta será sua garantia de que a vida foi bem aproveitada, que foi vivida plenamente e que a plenitude dessa vida está em rir das coisas ruins do cotidiano.

Acredite ainda que, de bom humor, você estará mais próximo de Deus.


Jairo Pereira Jr. - 2010
Professor de Economia e Matemática
36 anos, casado, 2 filhos e Umbandista

domingo, 7 de março de 2010

Eu sou Umbandista - por Etiene Sales.





Eu sou Umbandista...Mas o que é isso? O que é ser Umbandista?
É não ter vergonha de dizer: "Eu sou Umbandista".
É não ter vergonha de ser identificado como Umbandista.
É se dar,acima de tudo a um trabalho espiritual.
É saber que um terreiro,um centro, uma casa de Umbanda é um local espiritual e não a Religião de Umbanda em seu todo, mas todos os terreiros,centros e casas de Umbanda, representam a Religião de Umbanda.
É saber respeitar para ser respeitado,é saber amar para ser amado,é saber ouvir para ser escutado,é saber dar um pouco de si para receber um pouco de Deus dentro de si.
É saber que a Umbanda não faz milagres,quem os faz é Deus e quem os recebe os mereceu.
É saber que uma casa de Umbanda não vende nem dá salvação,mas oferece ajuda aos que querem encontrar um caminho.
É ter respeito por sua casa, por seu sacerdote e pela Religião de Umbanda como um todo: irmandade.
É saber conversar com seu sacerdote e retirar suas dúvidas.
É saber que nem sempre estamos preparados. Que são necessários sacrifícios,tempo e dedicação para o sacerdócio.
É entrar em um terreiro sem ter hora para sair ou sair do terreiro após o último consulente ser atendido.
É mesmo sem fumar e beber dar liberdade aos meus guias para que eles utilizem esses materiais para ajudar ao próximo, confiando que me deixem sempre bem após as sessões.
É me dar ao meu Orixá para que ele me possua com sua força e me deixe um pouco dessa força para que eu possa viver meu dia-a-dia numa luta constante em benefício dos que precisam de auxílio espiritual.
É sofrer por não negar o que sou e ser o que sou com dignidade, com amor e dedicação.
É ser chamado de atrasado, de sujo,de ignorante, conservador, alienígena,louco. E ainda assim,amar minha religião e defendê-la com todo carinho e amor que ela merece.
É ser ofendido físico,espiritual e moralmente, mas mesmo assim continuar amando minha Umbanda.
É ser chamado de adorador do Diabo, de Satanás, de servo dos encostos e mesmo assim levantar a cabeça,sorrir e seguir em frente com dignidade.
É ser Umbandista e pedindo sempre a Zambi para que eu nunca esteja Umbandista.
É acreditar mesmo nos piores momentos,com a pior das doenças,estando um caco espiritual e material,que os Orixás e os guias,mesmo que não possam nos tirar dessas situações, estarão ali, ao nosso lado,momento a momento nos dando força e coragem; ser Umbandista é acima de tudo acreditar nos Orixás e nos guias, pois eles representam a essência e a pureza de Deus.
É dizer sim, onde os outros dizem não!
É saber respeitar o que o outro faz como Umbanda, mesmo que seja diferente da nossa, mas sabendo que existe um propósito no que ambos estão fazendo.
É vestir o branco sem vaidade.
É alguém que você nunca viu te agradecer porque um dos seus guias a ajudou e não ter orgulho.
É colocar suas guias e sentir o peso de uma responsabilidade onde muitos possam ver ostentação.
É chorar, sorrir, andar,respirar e viver dentro de uma religião sem querer nada em troca.
É ter vergonha de pedir aos Orixás por você,mas não ter vergonha de pedir pelos outros.
É não ter vergonha de levar uma oferenda em uma praia ou mata,nem ter vergonha de exercer a nossa religiosidade diante dos outros.
É estar sempre pronto para servir a espiritualidade, seja no terreiro,seja numa encruza, seja na calunga,seja no cemitério, seja na macaia,seja nos caminhos. Seja em qualquer lugar onde nosso trabalho seja necessário.
É se alegrar por saber que a Umbanda é uma religião maravilhosa,mas também sofrer porque os Umbandistas ainda são tão preconceituosos uns com os outros.
É ficar incorporado 5, 6 horas em cada uma das giras, sentindo seu corpo moído e ao mesmo tempo sentir a satisfação e o bem estar por mais um dia de trabalho.
É sentir a força do zoar dos atabaques, sua vibração, sua importância, sua ação, sua força dentro de uma gira e no trabalho espiritual.
É arriar a oferenda para o Orixá e receber seu Axé.
É ver um consulente entrar no terreiro chorando e vê-lo mais tarde sair do terreiro sorrindo.
É ter esperança que um dia, nós Umbandistas,acharemos a receita do respeito mútuo.
É ser Umbandista mesmo que outros digam que o que você faz, sua prática,sua fé, sua doutrina, seu acreditar, sua dedicação, seu suor, suas lágrimas e sacrifício, não sejam Umbanda.
É saber que existe vaidade mesmo quando alguém diz que não têm vaidade: vaidade de não ter vaidade.
É saber o que significa a Umbanda não para você,mas para todos.
É saber que as palavras somente não bastam. Deve haver atitude junto com as palavras: falar e fazer,pensar e ser,ser e nunca estar.
É saber que a Umbanda não vê cor, não vê raça, não vê status social, não vê poder econômico, não vê credo. Só vê ajuda,caridade, luta, justiça, cura, lágrima… e bom,mal e bem...Os problemas,as necessidades e a ajuda para solucionar os problemas de quem a procura.
É saber que a Umbanda é livre; não tem dono, não tem Papa, mas está aí para ajudar e servir a todos que a procuram.
É saber que você não escolheu a Umbanda, mas que a Umbanda escolheu você.
É amar com todas as forças essa Religião maravilhosa chamada Umbanda.

quinta-feira, 4 de março de 2010

O Brasil é denunciado junto a ONU por intolerância e ditadura religiosa



A yaloriyá Gilda morreu de infarto fulminante em 1999 depois que membros de uma igreja neopentecostal (Universal do Reino de Deus) invadiram seu templo e a acertaram na cabeça com uma Bíblia. É a imagem mais crua e sintética da intolerância religiosa que cresce no Brasil e que acaba de ser denunciada na Organização das Nações Unidas. Este sectarismo se expressa especialmente contra as religiões de origem africana, como no caso da sacerdotisa do candomblé Gilda, segundo o informe que a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) entregou esta semana a Martin Uhomoibai, presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Mas, também se manifesta contra outros cultos, como o judeu, o católico, o espírita e o muçulmano.


O documento apresentado por uma comissão multissetorial e de diferentes credos, relatando 15 casos atendidos pela CCIR em quatro Estados brasileiros, acusa das agressões, perseguições e propagação da intolerância religiosa as igrejas neopentecostais, especialmente a Igreja Universal do Reino de Deus. No discurso de captação de fieis dessas igrejas, que se baseiam na “satanização” das religiões afro-brasileiras, também “os judeus se converteram nos “assassinos de Cristo”, católicos em “idólatras de demônios”, protestantes históricos são acusados de “falsos cristãos” e muçulmanos de “demoníacos” por seguir Maomé e não Jesus”, diz o documento.
A comissão foi criada há pouco mais de um ano e está formada por 18 instituições religiosas e defensoras dos direitos humanos, como a Federação Israelita do Rio de Janeiro, a Congregação Espírita de Umbandistas do Brasil e outras vinculadas às religiões protestante, católica, muçulmana, candomblé, budistas e grupos ciganos e indígenas. A CCIR surgiu da “necessidade cada vez mais urgente de defesa dos religiosos de origem africana, frente aos processos de aniquilamento e demonização de suas práticas religiosas”, explica o documento entregue à ONU.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O encanto dos Orixás - Por Leonardo Boff




Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuína brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.
O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.
O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento incessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso país criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe-Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteísmo mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.
A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.
Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York, que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos, elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título: O Encanto dos Orixás, desvendando-nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T.S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.
Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem, também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”.
Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas.

* Teólogo, autor de Meditação da Luz, o caminho da simplicidade. Vozes 2009.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O que é a PAZ?



“A paz
Invadiu o meu coração
De repente se encheu
De Paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão...”

A música de Gilberto Gil descreve sobre as sensações provocadas pela paz, mas o que é ela realmente? Onde encontrá-la? Por que persegui-la?

Entendo que a paz não invade nosso coração e sim transborda dele. E tão e somente depois de transbordar é capaz de senti-lo totalmente cheio novamente. Digo isso, por que aquele que procura essa palavrinha de três letras em outros locais senão dentro de si mesmo está procurando no lugar errado.

Quantas vezes dizemos aos outros para que nos deixem em paz? Quantas vezes nos perguntamos por que não vivemos num mundo de paz? Por quantas vezes nos perguntamos se a paz realmente existe?

Esteja certo de que ela existe e que qualquer que seja sua crença ou religião ela não virá de fora para dentro. Ela justamente só é possível se vir de dentro para fora. Inundar seu coração a ponto de transbordar e só assim, você sentirá ele repleto.

A paz não fazer nada. A paz não ficar de penas para cima. A paz não é não ter nenhum tipo de aborrecimento. Ter paz é estar bem consigo e com os outros. Estar em paz é estar em equilíbrio consigo e com o mundo que o cerca. Ficar em paz é ficar em harmonia com a natureza e com as pessoas que convivemos todos os dias ou eventualmente.

A paz não é inerte. A paz é movimento. Sendo assim ela deve ser perseguida diariamente. Não espere que ela chegue até você. Vá buscá-la. Não se acomode esperando tudo passar para ter paz. Faça algo para que tudo passe e assim você irá de encontro a ela.


Esta mensagem não é por que estou em paz neste momento e sim por que neste momento estou perseguindo a minha paz.


Jairo Pereira Jr. - 2010
Professor de Economia e Matemática
36 anos, casado, 2 filhos e Umbandista

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A niveladora social - por Douglas Fersan



O orgulho é um dos maiores venenos para a alma e um grande obstáculo na estrada do crescimento moral e espiritual. Uma verdadeira armadilha pronta a laçar os incautos, quando permitem que seu ego lance sombra obscura sobre as lições éticas e morais que deveriam ser aprendidas por todo ser humano.
Viver em uma sociedade capitalista impõe vícios culturais que absorvemos sem perceber. O verbo “ter” adquire superdimenção sobre o verbo “ser”, pois o poder aquisitivo tornou-se fator primordial para que alguém conquiste o respeito a que todos deveria ser dispensado. As pessoas são julgadas pelo que têm, e não pelo que são. Viemos em uma sociedade extremamente materialista e amoral, na qual princípios básicos de convivência tantas vezes são ignorados em favor de postura orgulhosa e hipócrita, pois nem sempre aquela que sobe em um pedestal possui cacife para mantê-lo por muito tempo.
Estamos todos, porém, suscetíveis aos revezes da vida, pois a colheita implacável não nos dá opção: ela fatalmente chega sem perguntar se a desejamos ou não. Certa de que a plantamos, ela se impõe como algo que nos pertence.
É na tristeza que todos se igualam. É na doença, no infortúnio, na morte, no inesperado que nossos olhos morais finalmente se abrem para a dura realidade de que somos tão seres humanos quanto o vizinho ao lado. Em momentos de necessidade nos damos conta do quanto somos frágeis frente à vida – não que essa seja cruel, mas é justa como o oxé de Xangô.
Desesperados diante da dor, retornam à sua mísera condição humana e partem em busca de soluções. É quando, geralmente, batem à porta dos mais diversos templos religiosos.
Alguns desses templos atendem prontamente os infortunados, outros usam toda espécie de artifício para obter vantagens, pois sabem muito bem que pessoas fragilizadas são facilmente sugestionadas e induzidas à dependência psicológica de sacerdotes que não trabalham em benefício do seu semelhante, e sim de seus interesses escusos.
A Umbanda, nessas situações, funciona como uma grande niveladora social.
Desventurados de todos os tipos procuram os terreiros, onde são atendidos independente de sua condição social. Doutores, alfaiates, babás, engenheiros, professores, todos recebem o mesmo tratamento e todos, independente da conta bancária ou do diploma que ostentam embolorado em suas paredes, recebem o mesmo tratamento, porque para a Umbanda não importa o que as pessoas têm, e sim o que carregam no coração. A Umbanda fará por todos que baterem à sua porta, pois é a manifestação da caridade, e para ela não existem pobres ou ricos, doutores ou analfabetos. Doutores se curvam para ouvir os conselhos de um preto velho.
E ao final, quando os problemas estiverem resolvidos, muitos daqueles que antes estavam desesperados darão as costas aos terreiros e até evitarão falar que um dia pediram ajuda a um caboclo ou a um exu, mas em seu íntimo saberão que quando, novamente, seu calo apertar, as portas dos terreiros de Umbanda ainda estarão abertas a eles.

Douglas Fersan
Fevereiro de 2010.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

UM JANEIRO CHEIO DE PRECONCEITOS




por: Átila Nunes Filho e Átila Nunes Neto

Dois acontecimentos, em menos de um mês, chamam atenção para um inacreditável e jurássico preconceito religioso acontecido no Brasil.
Um deles foi à decisão da candidata á presidente e Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, em mandar a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial adiar o anúncio do Plano Nacional de Proteção a Liberdade Religiosa, para evitar novos atritos com evangélicos e a Igreja Católica em ano eleitoral, porque o citado plano previa a legalização fundiária dos imóveis ocupados por terreiros de umbanda e candomblé e até o tombamento de casas de culto.
O governo declarou oficialmente que recuou, “para evitar novos atritos com evangélicos e a Igreja Católica em ano eleitoral”, o que poderia prejudicar a candidatura de Dilma Roussef, que tem feito esforços para se aproximar tanto de católicos quanto de evangélicos, percorrendo várias igrejas.
Quem vibrou com o recuo do governo foi o segmento evangélico. Para o pastor Ronaldo Fonseca, presidente do Conselho Político da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, “o governo não deve gastar dinheiro com tombamento de terreiros”.
Esse episódio lamentável acontecido em 20 de janeiro chama nossa atenção para as eleições presidenciais deste ano. Como se comportará José Serra e Marina Silva, os dois outros candidatos a presidente? Agirão como Dilma Roussef?
O outro episódio, quase passado despercebido, foi à declaração do Cônsul do Haiti, logo depois da catástrofe naquele país. Segundo ele, a causa do terremoto foi à crença do povo haitiano nas religiões africanas
Teoricamente, um cônsul ou embaixador deveria ter conhecimentos mínimos de antropologia. Esse cônsul do Haiti bateu o recorde de ignorância com esse comentário preconceituoso e escravocrata.
Ao colocar culpa nas desgraças do Haiti a religião africana mostra a pequenez cultural desse cônsul, ignorando que quase 100% da população é negra e mantém viva a cultura das religiões do continente africano
Na verdade, por trás desse tipo de declaração também está o preconceito contra o negro.
Esse mesmo negro, quase sempre pobre, contrabandeado como escravo para várias partes do mundo. Deve ser pelo fato da maioria dos negros sempre terem sido pobres, que os cultos africanos sempre foram praticados ás escondidas, longe de gente preconceituosa como esse cônsul. Chega-se a conclusão que a Umbanda e o Candomblé sempre foram discriminados por causa de sua origem simples, humilde, africana.
Pessoas preconceituosas são todas iguais. E economizam tempo porque formam opiniões sem fatos.
Preconceitos – como do cônsul – são correntes forjadas pela ignorância para manter pessoas separadas. E o desejo de governos de agradar segmentos religiosos em detrimento de uma determinada religião, no fundo, também é um tipo de preconceito.
Um preconceito não submetido a razão (Átila Nunes Filho e Átila Nunes Neto - atilanunes@emdefesadaumbanda.com.br)



Fonte: www.emdefesadaumbanda.com.br

domingo, 24 de janeiro de 2010

Pense no Haiti, reze pelo Haiti



O início desse ano, 2010, foi marcado por uma violenta tragédia que voltou as atenções mundiais para uma república de negros, paupérrima e sem grande importância para a economia global. Só assim os olhos do mundo lembraram-se daquele pequeno país, que divide as fronteiras da ilha de São Domingos com a República Dominicana.
Sendo o primeiro país a libertar os negros da escravidão, em 1794, parecia que a história do Haiti seria uma sucessão de conquistas pela liberdade (o governo haitiano chegou a fornecer ajuda financeira e militar a Simon Bolívar, que em troca, se comprometeu a abolir a escravidão nas colônias que conseguisse libertar), mas não foi isso o que aconteceu. Mesmo após sua independência, em 1804, passou a sofrer retaliações (como o embargo econômico de 60 anos, imposto pelos Estados Unidos), que comprometeram seriamente sua economia e seu desenvolvimento.
A liberdade tão sonhada também parecia distante. Os governos haitianos não apresentavam qualquer compromisso com a democracia ou com os interesses do povo. O período mais cruel de ditaduras no Haiti ocorreu entre 1957 e 1988, quando o país foi governado pelo médico François Duvalier e, depois, pelo seu filho Jean-Claude Duvalier, conhecidos respectivamente como Papa Doc e Baby Doc.
Mais tarde, em 1990, num fato que parecia imprimir ares democráticos ao país, foi eleito para a presidência da república, Jean-Bertrand Aristide, um padre ligado à teologia da libertação. O sonho durou pouco: em 1991 Aristide foi deposto por um golpe de Estado.
O início do século XXI marca a história haitiana com uma nova tragédia: o terremoto ocorrido em janeiro desse ano, que deixou ao menos 150 mil mortos (números oficiais). Rapidamente o governo brasileiro, que já mantinha tropas de paz no país, manifestou sua solidariedade. A comunidade internacional também não demorou a se manifestar.
Mas um fato em especial se destaca em meio a esse acontecimento trágico: adeptos de alguns segmentos religiosos parecem se valer dessa tragédia para manifestar sua intolerância, proferindo absurdos sem tamanho. Sem qualquer pudor, dizem que o Haiti foi vítima desse terremoto porque Deus se voltou contra seu povo, que em grande parte é adepto da religião conhecida como vodu. Esses oportunistas de plantão, ao invés de honrar o título de cristão que ostentam, preferem vomitar sua ignorância covarde sobre um povo sofrido, cujo “mal” foi apenas manter vivas suas tradições.
Estamos todos sujeitos a tragédias naturais. Placas tectônicas movem-se independente da religão pratica pelo povo.
As tragédias humanas, quase sempre provocadas pela intolerância e pela ignorância, causam estragos maiores, pois não se limitam a uma tarde de terremotos, perduram por décadas e às vezes até séculos, causando muito mais mortes que as catástrofes naturais. Basta conferir o número de mortos causados pelas Cruzadas, pela inquisição católica, pela inquisição protestante, pela prática covardade da escravidão, pelo holocausto... São tragédias impulsionadas por homens desprovidos de qualquer senso humanitário. Homens que certamente apontariam hoje para o povo do Haiti, afirmando categoricamente que seu sofrimento é causado pelo culto que praticam aos seus ancestrais africanos. Homens que certamente usariam a força para impedir que cultos diversos do seu fossem praticados. Homens que certamente reativariam uma inquisição, caso lhes fosse permitido.
É óbvio que qualquer generalização é igualmente ignorante, mas também é fato que outros alguns parecem se deliciar com a oportunidade de mistificar um acidente geológico para criticar a crença alheia.
Enquanto a Terra existir, terremotos acontecerão. Eles não são o maior mal do planeta. O maior mal é a ignorância, pois ela é cruel, impiedosa, contamina as mentes incautas e promove o caos social.
Antes que sejamos vítimas desse caos, é bom que pensemos no Brasil, que rezemos pelo Brasil, pois o Haiti ainda não aqui...

Douglas Fersan
Janeiro de 2010