quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
UM JANEIRO CHEIO DE PRECONCEITOS
por: Átila Nunes Filho e Átila Nunes Neto
Dois acontecimentos, em menos de um mês, chamam atenção para um inacreditável e jurássico preconceito religioso acontecido no Brasil.
Um deles foi à decisão da candidata á presidente e Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, em mandar a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial adiar o anúncio do Plano Nacional de Proteção a Liberdade Religiosa, para evitar novos atritos com evangélicos e a Igreja Católica em ano eleitoral, porque o citado plano previa a legalização fundiária dos imóveis ocupados por terreiros de umbanda e candomblé e até o tombamento de casas de culto.
O governo declarou oficialmente que recuou, “para evitar novos atritos com evangélicos e a Igreja Católica em ano eleitoral”, o que poderia prejudicar a candidatura de Dilma Roussef, que tem feito esforços para se aproximar tanto de católicos quanto de evangélicos, percorrendo várias igrejas.
Quem vibrou com o recuo do governo foi o segmento evangélico. Para o pastor Ronaldo Fonseca, presidente do Conselho Político da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, “o governo não deve gastar dinheiro com tombamento de terreiros”.
Esse episódio lamentável acontecido em 20 de janeiro chama nossa atenção para as eleições presidenciais deste ano. Como se comportará José Serra e Marina Silva, os dois outros candidatos a presidente? Agirão como Dilma Roussef?
O outro episódio, quase passado despercebido, foi à declaração do Cônsul do Haiti, logo depois da catástrofe naquele país. Segundo ele, a causa do terremoto foi à crença do povo haitiano nas religiões africanas
Teoricamente, um cônsul ou embaixador deveria ter conhecimentos mínimos de antropologia. Esse cônsul do Haiti bateu o recorde de ignorância com esse comentário preconceituoso e escravocrata.
Ao colocar culpa nas desgraças do Haiti a religião africana mostra a pequenez cultural desse cônsul, ignorando que quase 100% da população é negra e mantém viva a cultura das religiões do continente africano
Na verdade, por trás desse tipo de declaração também está o preconceito contra o negro.
Esse mesmo negro, quase sempre pobre, contrabandeado como escravo para várias partes do mundo. Deve ser pelo fato da maioria dos negros sempre terem sido pobres, que os cultos africanos sempre foram praticados ás escondidas, longe de gente preconceituosa como esse cônsul. Chega-se a conclusão que a Umbanda e o Candomblé sempre foram discriminados por causa de sua origem simples, humilde, africana.
Pessoas preconceituosas são todas iguais. E economizam tempo porque formam opiniões sem fatos.
Preconceitos – como do cônsul – são correntes forjadas pela ignorância para manter pessoas separadas. E o desejo de governos de agradar segmentos religiosos em detrimento de uma determinada religião, no fundo, também é um tipo de preconceito.
Um preconceito não submetido a razão (Átila Nunes Filho e Átila Nunes Neto - atilanunes@emdefesadaumbanda.com.br)
Fonte: www.emdefesadaumbanda.com.br
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