sábado, 4 de julho de 2009

CONVIVER PARA APROXIMAR



Para nos aproximar, precisamos conviver. Sem dúvida as reuniões para dialogar sobre tema doutrinários, as palestras para compartilhar experiências, os debates são indispensáveis.

Também é indispensável, expressar nosso pensamento, de maneira livre, ponderada, buscando mostrar aquilo que consideramos adequado para aquele momento e para aquele grupo com o qual convivemos. Conversando é que se entende.

Aproximar para unir, não unificar. União com respeito. Respeito a diversidade de rituais. Respeito ao entendimento de cada um. Uma comunidade onde possa haver convergência pelos elementos semelhantes.

A união com respeito, pressupõe que não haja necessidade de ninguém decretar o que é certo. Mesmo porque o que é certo? Existe “um certo” só? Se alguém se arvora do direito de estabelecer o que é certo, é preciso refletir, pois algo deve estar errado.

Tenho preferência por buscar aproximação através da convivência, ao participar dos rituais das casas que tenho tido a sorte de conhecer e onde tenho tido a felicidade de fazer amigos de fazer amigos. Ao participar de um ritual, minha sensibilidade se intensifica e meu coração se expande, tornando-me mais receptivo ao amor incondicional que emana de Aruanda.

Ritos de convergência! Que os Orixás nos ajudem para que se multipliquem. Que no seu contexto também aconteçam os “Ritos” de convivência, de compreensão, de respeito, de admiração, de aprendizado, de crescimento, de alegria, de amor fraterno.

É normal que, para conviver, sejam necessários alguns ajustes. Também é normal que, a escolha de cada um, estes ajustes existam somente durante a convivência.

Quando falamos em Rito, vem a nossa mente a nossa pratica habitual, os elementos que são usados na casa onde praticamos nossa Fé. Aquilo que aprendemos ser adequado e necessário à prática da “nossa” Umbanda.

Mas e os nosso irmãos de Fé de outros Agrupamentos e Instituições?

Será que estariam errados em acrescentar ou retirar elementos de seus rituais, em ações que são frutos do seu entendimento e sensibilidade, que podem se aproximar ou se distanciar do nosso?

Quando cada um de nós cede um pouquinho a sua pratica habitual, é mais provável que haja consenso.

Num Rito conjunto, o consenso pode ser não usar bebidas. Se costumamos usar a bebida nos rituais de nossas Casas, acredito que os Guias de Luz que nos assistem a substituam pela vibração da reunião, do local, e até mesmo possam usar água para isso. Ah! Mas é diferente, a bebida é usada como elo vibratório, repositor de energia, para descarregar. Creio que nossa boa vontade vai elevar nosso pensamento, nos colocar em sintonia com o mundo espiritual, que vai suprir a diferença quando necessário.

Num Rito comunitário, o consenso pode ser não usar cigarro ou charuto. Se costumarmos usar cigarro e charuto, nos rituais de nossas Casas, acredito que os Guias de Luz que nos assistem os substituirão pelas nossas ligações mentais com a natureza. Ah! Mas não é a mesma coisa, pois a fumaça é usada na limpeza do ambiente. Creio que a alegria da nossa união vai complementar a energia necessária para esse fim, e, além disso, poderá ser extraído da defumação (se houver), os elementos necessários.

E se a afirmação for insuficiente ou excessiva?
E se não houver Pemba e Ponto Riscado?
E se não houver a saudação ou a chamada a uma Linha?

E se não for puxado o Ponto de determinada Entidade?
E se não houver determinada imagem no Congá? E se não houver Congá?
E se não for firmada vela para Anjos da Guarda?

E se não for usada alfazema ou outra essência?
E se não houver doces para as Crianças?
E se o passe for coletivo, diferente do que estamos habituados?

E se não houver consulta?
E se esses elementos são indispensáveis?

E se nós não usamos Atabaques?
E se nós não usamos adeja?
E se nós não batemos palmas?

E se nós não batemos os pés?
E se a letra, a cadencia ou a melodia dos Pontos é outra?
E se nós não usamos Tronqueira?

E se nós nos abraçamos mais ou nos abraçamos menos?
E se nós batemos Cabeça no inicio e não no fim do ritual?
E se cantamos o Hino da Umbanda no inicio e não no fim do ritual?

E o cruzamento de energias?
E se tudo isso é diferente do que estamos acostumados?

Não há Umbanda sem isso!
Não é Umbanda com aquilo!

Mas então, em nome do respeito, da convergência, pode tudo?

Confesso que, até o momento, minha vivencia, entendimento e consciência não me permitem aceitar duas coisas:

1) não aceito a cobrança: pois pedi, de graça recebi o dom da Mediunidade e de graça acredito que devo servir de instrumento ao mundo espiritual e àqueles que se assistem.

2) não aceito o sacrifício de animais: pois aprendi que a Umbanda é uma celebração a vida. Há outras formas e elementos que podem suprir perfeitamente essa necessidade.

Mas então não precisa de nada?

Precisa de amor, de Fé, de humildade, de praticar a caridade, de respeito, de estudo, de paciência, de dedicação, de bom-senso.

Quais Elementos ritualísticos são indispensáveis em nossa opinião?

Creio que após um pequeno esforço, algumas concessões, nós conseguiremos. O amor e a compreensão serão maiores que qualquer diferença.

Após vermos que não é tão difícil, poderemos repetir isso outras vezes se agirmos com a mesma alegria e satisfação com as quais tivermos nossos pedidos atendidos. Trabalharemos para que, em outras oportunidades, novos Elementos ritualísticos possam ser adicionados e talvez alguns retirados.

Nada vai mudar em nossas Casas. O Rito conjunto só vai ser um pouquinho diferente. E diferente não precisa ser errado.

Que possamos aproveitar esses momentos e formar uma Corrente única, unida pela Fé, para que com alegria, agradeçamos aos Orixás da nossa Umbanda querida, pela oportunidade de estarmos juntos, de levarmos sua Bandeira de amor e paz e de cumprirmos nossa missões com carinho e dedicação e seriedade.

Que Zambi nos permita, muitas Reuniões de amor, de paz, de harmonia, de entendimento. Que nossos Grupos e Instituições possam se aproximar, formando Comunidades que resultarão num mundo cada vez melhor.

Meu Sarava fraterno a todos os amigos, as amigas, os irmãos e as irmãs de Fé. Que nossos laços de amizade se fortaleçam cada vez mais.

Salve Zambi!
Salve todos os Orixás!
Salve todas as Linhas!
Salve todos os Guias e Protetores!
Salve todas as Falanges e Falangeiros!
E salve a Umbanda!

Leni W. Saviscki
Sociedade Fraternal Cantinho da Luz
Erechim – RS

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