Parece impossível, mas não é.
Quando Pai Ronaldo Linares encampou o espaço que hoje constitui o Santuário Nacional de Umbanda, a área era uma pedreira, constantemente agredida pela atividade comercial. Ao instalar ali o Santuário, houve não apenas a preocupação de criar um local onde umbandistas e seguidores de cultos afro-descendentes pudessem realizar seus trabalhos sem serem incomodados e sem incomodar ninguém. Existiu também a preocupação com a questão ecológica, já que o Santuário hoje é uma reserva que abriga diversas espécies animais, tratadas com o devido respeito (para se ter uma ideia, o encerramento dos trabalhos ocorrem sempre antes das 16 horas, para que a movimentação não incomode o descanso dos pássaros que habitam o local), além das espécies vegetais, típicas da Mata Atlântica. Com respeito e dedicação a história do Santuário foi construída e mesmo seguidores de outras religiões reconhecem a importância e a inovação do lugar. A antiga pedreira deu lugar a uma reserva ecológica, bonita, que faz bem aos olhos, aos pulmões e à alma.
Mas parece que nem todos pensam assim. Parece que nem todos os religiosos de outros segmentos possuem a tolerância que tanto se prega. Já faz um bom tempo que tentam, através dos mais absurdos argumentos, colocar fim ao trabalho iniciado por Pai Ronaldo e que tanto beneficia a nós, filho de Umbanda. Várias tentativas foram feitas para fechar o Santuário, todas vãs. Restou uma alternativa: impedir o acesso dos umbandistas ao local.
Após um longo entrave judicial, a juíza Ana Xavier Goldman acatou a solicitação do promotor José Luiz Saikali, do Ministério Público do Meio Ambiente de Santo André e determinou que o acesso ao Santuário, pelo trecho andreense (mais curto e, portanto, menos agressivo ao meio-ambiente) fosse fechado.
Crendo na bom senso da Justiça, nas pessoas da juíza e do promotor, esperamos que a decisão seja reavaliada, não só pela comodidade dos umbandistas (que por sua fé continuarão seus trabalhos, mesmo tendo que enfrentar uma distância maior), mas também por entender que a movimentação pelo trecho andreense causa menos impacto à natureza e que o direito de ir e vir, garantido pela nossa Carta Magna, conquistada a duras penas, seja garantido.
Vamos repassar essa mensagem através das diversas redes sociais, além de emails, blogs e sites. Como umbandistas e cidadãos, cumpriremos a decisão da justiça, mas como tais, vamos questionar e debater até onde a lei nos permitir.
E que não percamos a fé, jamais. Que ela seja maior que a distância a ser percorrida. Que nosso pai Xangô permita que a justiça abra os caminhos para possamos louvar nossos orixás com tranquilidade e respeito.
Repasse essa mensagem ao maior número de pessoas que puder. A natureza e os orixás agradecem.
Douglas Fersan – dezembro de 2011.
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