domingo, 27 de dezembro de 2009
Uma noite muito estranha - Mensagem para 2010.
Foi, não há muito tempo atrás, que essa história aconteceu.
Contada aqui de uma forma romanceada, mas que trás em sua essência, uma verdadeira mensagem para os umbandistas.
Ela começa em uma noite escura e assustadora, daquelas de arrepiar os pêlos do corpo.
Realmente o Sol tinha se escondido nesse dia, e a Lua, tímida, teimava em não iluminar com seus encantadores raios, brilhosos como fios de prata, a morada dos Orixás.
Nessa estranha noite, Ogum, o Orixá das "guerras", saiu do alto ponto onde guarda todos os caminhos e dirigiu–se ao mar.
Lá chegando, as sereias começaram a cantar e os seres aquáticos agitaram–se. Todos adoravam Ogum, ele era tão forte e corajoso.
Yemanjá que tem nele um filho querido, logo abriu um sorriso, aqueles de mãe "coruja" quando revê um filho que há tempos partiu de sua casa, mas nunca de sua eterna morada dentro do coração.
Ah Ogum, que saudade, já faz tanto tempo!
Você podia vir visitar mais vezes sua mãe, não é mesmo?
Ralhou Yemanjá, com aquele tom típico de contrariedade.
Desculpe, minha Mãe, ando meio ocupado.
Respondeu um triste Ogum.
Mas, o que aconteceu, meu filho?
Sinto que estás triste.
É, vim até aqui para "desabafar" com você "mãezinha".
Estou cansado!
Estou cansado de muitas coisas que os encarnados fazem em meu nome.
Estou cansado com o que eles fazem com a "Espada da Lei", que julgam carregar. Estou cansado de tanta demanda.
Estou muito mais cansado das "supostas" demandas, que apenas existem dentro do íntimo de cada um deles...
Estou cansado...
Ogum retirou seu elmo, e por de trás de seu bonito capacete, um rosto belo e de traços fortes pôde ser visto.
Ele chorava.
Chorava uma dor que carregava há tempos.
Chorava por ser tão mal compreendido pelos filhos de Umbanda.
Chorava por ninguém entender, que se ele era daquele jeito, protetor e austero, era porque em seu peito a chama da compaixão brilhava.
E, se existe um Orixá leal, fiel e companheiro, esse Orixá é Ogum.
Ele daria a própria Vida, por cada pessoa da humanidade, não apenas pelos filhos de fé.
Não!
Ogum ama toda humanidade, ama a Vida.
Mas infelizmente suas atribuições não eram realmente entendidas.
As pessoas não viam em sua espada, a força que corta as trevas do ego, e logo a transformavam em um instrumento de guerra.
Não via nele a potência e a força de vencer os abismos profundos, que criam verdadeiros vales de trevas na alma de todos.
Não viam em sua lança, a direção que aponta para o autoconhecimento, para iluminação interna e eterna.
Não!
Infelizmente ele era entendido como o "Orixá da Guerra".
Um homem impiedoso que se utiliza de sua espada para resolver qualquer situação.
E logo, inspirados por isso, lá iam os filhos de fé esquecer dos trabalhos de assistência a espíritos sofredores, a almas perdidas entre mundos, aos trabalhos de cura, esqueciam do amor e da compaixão, sentimentos básicos em qualquer trabalho espiritual, para apenas realizaram "quebras e cortes" de demandas, muitas das quais nem mesmo existem, ou quando existem, muitas vezes são apenas reflexos do próprio estado de espírito de cada um.
E mais, normalmente, tudo isso se torna uma guerra de vaidade, um show "pirotécnico" de forças ocultas.
Muita "espada", muito "tridente", muitas "armas", pouco coração, pensamento elevado e crescimento espiritual.
Isso magoava Ogum.
Como magoava:
Ah, filhos de Umbanda, por que vocês esquecem que Umbanda é pura e simplesmente amor e caridade?
A minha espada sempre protege o justo, o correto, aquele que trabalha pela luz, fiando seu coração em Olorum.
Por que esquecem que a Espada da Lei só pode ser manuseada pela mão direita do amor, insistindo em empunhá-la com a mão esquerda da soberbia, do poder transitório, da ira, da ilusão, transformando-a em apenas mais uma espada semeadora de tormentos e destruição...
Então, Ogum começou a retirar sua armadura, que representava a proteção e firmeza no caminho espiritual que esse Orixá traz para nossa vida.
E totalmente nu ficou frente à Yemanjá.
Cravou sua espada no solo.
Não queria mais lutar, não daquele jeito.
Estava cansado...
Logo um estrondo foi ouvido e o querido, mas também temido Omulu apareceu.
E por incrível que pareça o mesmo aconteceu.
Ele não agüentava mais ser visto como uma divindade da peste e da magia negativa. Não entendia, como ele, o guardião da Vida podia ser invocado para atentar contra ela.
Magoava–se por sua alfanje da morte, que é o princípio que a tudo destrói, para que então a mudança e a renovação aconteçam, ser tão temida e mal compreendida pelos homens.
Ele também deixou sua alfanje aos pés de Yemanjá, e retirou seu manto escuro como a noite.
Logo se via o mais lindo dos Orixás, aquele que usa uma cobertura para não cegar os seus filhos com a imensa luz de amor e paz que se irradia de todo seu ser.
A luz que cura, a luz que pacifica, aquela que recolhe todas as almas que se perderam na senda do Criador.
Infelizmente os filhos de fé esquecem-se disso...
Mas o mais incrível estava por acontecer.
Uma tempestade começou a desabar aumentando ainda mais o aspecto incrível e tenebroso daquela estranha noite.
E todos os outros Orixás começaram a aparecer, para logo, começarem também a despir suas vestimentas sagradas, além de deixarem ao pé de Yemanjá suas armas e ferramentas simbólicas.
Faziam isso em respeito a Ogum e Omulu, dois Orixás muito mal compreendidos pelos umbandistas.
Faziam isso por si próprios.
Iansã queria que as pessoas entendessem que seus ventos sagrados são o sopro de Olorum, que espalha as sementes de luz do seu amor.
Oxossi queria ser reverenciado como aquele que, com flechas douradas de conhecimento, rasga as trevas da ignorância.
Um a um, todos foram se despindo e pensando quanto os filhos de Umbanda compreendiam erroneamente os Orixás.
Yemanjá, totalmente surpresa e sem reação, não sabia o que fazer.
Foi quando uma irônica gargalhada cortou o ambiente.
Era Exu.
O controvertido Orixá das encruzilhadas, o mensageiro, o guardião, também chegava para a reunião, acompanhado de PombaGira, sua companheira eterna de jornada. Mas os dois estavam muito diferentes de como normalmente se apresentam.
Andavam curvados, como que segurando um grande peso nas costas.
Tinham na face, a expressão do cansaço.
Mas, mesmo assim, gargalhavam muito.
Eles nunca perdiam o senso de humor!
E os dois também repetiram aquilo que todos os Orixás foram fazer na casa de Yemanjá.
Despiram–se de tudo.
Exu e Pombagira, sem dúvida, eram os que mais razões tinham de ali estarem. Inúmeros eram os absurdos cometidos por encarnados em nome deles.
Sem contar o preconceito, que o próprio umbandista ajudou a criar, dentro da sociedade, associando–o a figura do Diabo:
—Hahaha, lamentável essa situação, hahaha, lamentável!
—Exu chorava, mas Exu continuava a sorrir.
Essa era a natureza desse querido Orixá.
Yemanjá estava desesperada!
Estavam todos lá, pedindo a ela um conforto.
Mas nem mesmo a encantadora Rainha do Mar sabia o que fazer:
Espere! Pensou Yemanjá!
Oxalá! Oxalá não está aqui!
Ele com certeza saberá como resolver essa situação.
E logo Yemanjá colocou-se em oração, pedindo a presença daquele que é o Rei entre os Orixás.
Oxalá apresentou-se na frente de todos.
Trazia seu opaxorô, o cajado que sustenta o mundo.
Cravou ele na Terra, ao lado da espada de Ogum.
Também despiu-se de sua roupa sagrada, pra igualar-se a todos, e sua voz ecoou pelos quatro cantos do Orun:
Olorum manda uma mensagem a todos vocês meus irmãos queridos!
Ele diz para que não desanimem, pois, se poucos realmente os compreendem aqueles que assim o fazem, não medem esforços para disseminar essas verdades divinas.
Fechem os olhos e vejam, que mesmo com muita tolice e bobagem relacionada e feita em nossos nomes, muita luz e amor também está sendo semeado, regado e colhido, por mãos de sérios e puros trabalhadores nesse às vezes triste, mas abençoado planeta Terra.
Esses verdadeiros filhos de fé que lutam por uma Umbanda séria, sem os absurdos que por aí acontecem.
Esses que muito além de "apenas" prestarem o socorro espiritual, plantam as sementes do amor dentro do coração de milhares de pessoas.
Esses que passam por cima das dificuldades materiais, e das pressões espirituais, realizando um trabalho magnífico, atendendo milhares na matéria, mas também, milhões no astral, construindo verdadeiras "bases de luz" na crosta, onde a espiritualidade e religiosidade verdadeira irão manifestar-se.
Esses que realmente nos compreendem e buscam-nos dentro do coração espiritual, pois é lá que o verdadeiro Orun reside e existe.
Esses incríveis filhos de Umbanda, que não colocam as responsabilidades da vida deles em nossas costas, mas sim, entendem que tudo depende exclusivamente deles mesmos.
Esses fantásticos trabalhadores anônimos, soltos pelo Brasil e pelo mundo, que honram e enchem a Umbanda de alegria, fazendo a filhinha mais nova de Olorum brilhar e sorrir...
Quando Oxalá se calou os Orixás estavam mudados.
Todos eles tinham suas esperanças recuperadas.
Realmente viram que se poucos os compreendiam.
Grande era o trabalho que estava sendo realizado, e talvez, daqui algum tempo, muitos outros iriam se juntar nesse ideal.
E aquilo os alegrou tanto que todos começaram a assumir suas verdadeiras formas, que são de luzes fulgurantes e indescritíveis.
E lá, do plano celeste, brilharam e derramaram-se em amor e compaixão pela humanidade.
Em Aruanda, os Caboclos, Pretos Velhos e Crianças, fizeram o mesmo.
Largaram tudo, também se despiram e manifestaram sua essência de luz, sua humildade e sabedoria comungando a benção dos Orixás.
Na Terra, Baianos, Marinheiros, Boiadeiros, Ciganos e todos os povos de Umbanda, sorriam.
Aquelas luzes que vinham lá do alto os saudavam e abençoavam seus abnegados e difíceis trabalhos.
Uma alegria e bem–aventurança incríveis invadiram seus corações.
Largaram as armas.
Apenas sorriam e abraçavam-se.
O alto os abençoava...
Mas, uma ação dos Orixás nunca fica limitada, pois é divina, alcançando assim, a tudo e a todos.
E lá no baixo astral, aqueles guardiões e guardiãs da lei nas trevas também foram alcançados pelas luzes Deles, os Senhores do Alto.
Largaram as armas, as capas, e lavaram suas sofridas almas com aquele banho de luz.
Lavaram seus corações, magoados por tanta tolice dita e cometida em nome deles. Exus e Pomba-Giras, naquele dia foram tocados pelo amor dos Orixás
Com certeza, aquilo daria força para mais muitos milênios de lutas insaciáveis pela Luz.
Miríades de espíritos foram retirados do baixo–astral, e pela vibração dos Orixás puderam ser encaminhados novamente à senda que leva ao Criador.
E na matéria toda a humanidade foi abençoada.
Aos tolos que pensam que Orixás pertencem a uma única religião ou a um povo e tradição, um alerta:
"Os Orixás amam a humanidade inteira, e por todos olham carinhosamente".
Aquela noite que tinha tudo para ser uma das mais terríveis de todos os tempos, tornou–se benção na vida de todos.
Do alto ao embaixo, da esquerda até a direita, as egrégoras de paz e luz deram as mãos e comungaram daquele presente celeste, vindo diretamente do Orun, a morada celestial dos Orixás.
Nós, filhos de Umbanda, pensemos bem!
Não transformemos a Umbanda em um campo de guerra, onde os Orixás são vistos como "armas" para acertarmos nossas contas terrenas.
Muito menos esqueçamos do amor e compaixão, chaves de acesso ao mistério de qualquer um deles.
Umbanda é simples, é puro sentimento, alegria e razão.
Lembremo-nos sempre disso.
E quanto a todos aqueles, que lutam por uma Umbanda séria, esclarecida e verdadeira, independente da linha seguida, lembrem–se das palavras de Oxalá ditas linhas acima.
Não desanimem com aqueles que vos criticam, não fraquejem por aqueles que não têm olhos para ver o brilho da verdadeira espiritualidade.
Lembrem–se que vocês também inspiram e enchem os Orixás de alegria e esperança.
Esse texto é dedicado a todos que lutam pela Umbanda nessa Terra de Orixás!
Honrem a Eles.
Sejam Luz, assim como Eles!
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Resenha do 1º Seminário da Integração do Povo de Santo para os Direitos Humanos
Foi um primeiro encontro. E como tal, envolvia o ambiente em uma aura de tensão e nervosismo, principalmente os organizadores, marinheiros de primeira viagem na difícil empreitada de reunir pessoas aptas e dispostas a debater questões ligadas aos Direitos Humanos dentro das religiões de matriz afro-brasileira.
Os convidados foram escolhidos criteriosamente: não precisávamos de estrelas, e sim de pessoas sérias a comprometidas com a luta pelo respeito que tanto almejamos. Assim, convidamos o Pai Alexandre Cumino, do Colégio de Umbanda Sagrada Pena Branca, autor dos livros “Deus, Deuses e Divindades” e “Deus, Deuses, Divindades e Anjos”, e editor do JUS – Jornal de Umbanda Sagrada – o periódico de temática umbandista de maior circulação no país. Convidamos também o Pai Adriano Camargo, do Templo Escola Ventos de Aruanda, em São Bernardo do Campo. Conhecido como “o erveiro”, Pai Adriano Camargo é uma referência na Umbanda quando o assunto são as ervas para fins rituais e espirituais. Também nos brindou com a sua presença a Iyá Ekedji Ogunlade, uma importante e conhecida militante dos direitos das religiões afro-brasileiras e na luta constra a intolerância religiosa e étnica.
Outros nomes de destaque que compareceram: Pai Claudinei de Ogum, do Templo Pai Thomé de Aruanda, Babalorixá Pai Celso de Oxalá, Ogan Juvenal (representando o Supremo Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo - SOUESP).
Os trabalhos iniciaram por volta das 19 horas, com a apresentação do power point “Os filhos da resistência” (que em breve será disponibilizado nesse blog). Em seguida os participantes foram convidados a falar.
Temas relevantes foram abordados (conforme será publicado em ata oficial), sempre lembrando a importância de unir forças entre as diversas vertentes da Umbanda e do Candomblé, formando uma só voz na luta pelo respeito ao Povo do Santo.
Também foi ressaltada a importância do orgulho umbandista/candomblecista. Assumir a própria religião é um primeiro passo rumo ao reconhecimento e o respeito pela mesma.
Em sua fala, Pai Alexandre Cumino lembrou que a Constituição brasileira já garante os direitos aos mais diversos cultos, com leis que os amparam e protegem. O que falta – e, portanto, deve ser objeto de nossa luta – é o cumprimento dessas leis.
Pai Claudinei de Ogum, em sua intervenção, falou que a Umbanda nada tem a conquistar, e sim a reconquistar "algo" que vem se perdendo ao longo das décadas. Deve-se então incluir na pauta, a luta pela reconquista do respeito à nossa crença e tradições.
A nossa amiga e irmã Iyá Ekedji Ogunlade discursou sobre sua militância incansável na luta pelos direitos das religiões afro-brasileiras e contra a discriminação religiosa e racial. Falou sobre as dificuldades que enfrenta para fazer garantir a representatividade dos nossos segmentos religiosos nos eventos e fóruns dos quais participa e, mesmo sendo do Candomblé, por vezes se vê obrigada a representar a Umbanda (o que disse fazer com muito prazer, mas ainda assim sente a necessidade da presença dos irmãos umbandistas). Por essas razões, pediu maior união entre o Povo do Santo, esquecendo suas diferenças internas para buscar o bem comum.
Vale citar o momento em que os jovens umbandistas do templo do também jovem Pai Rafael se manifestaram, declarando seu amor pela Umbanda e a disposição de lutar pelo respeito à sua crença. Esse foi, talvez, um dos momentos de maior emoção do evento.
O convite ao seminário foi enviado a aproximadamente 35.000 pessoas através da WEB. No entanto poucos atenderam ao chamado (em torno de 30 pessoas apenas), o que nos dá a certeza de que temos que nos mobilizar ainda mais e de forma mais organizada a fim de sensibilizar nossos irmãos para regar essa pequena semente que foi plantada em 23/1/2009, para que ela germine, floresça e de frutos, com as bênçãos de
Zambi, de todos os orixás e, principalmente, do nosso divino Pai Oxalá.
Organizadores:
Douglas Fersan
Jordam Godinho
Apoio:
Vereador Ítalo Cardoso
Deputado Rui Falcão
João Galvino
Colaboradores:
Maria do Carmo Godinho
R. Meirelles
Silvio Garcia
Pai Claudinei de Ogum
Secretária:
Denise Fersan
Convidados:
Pai Alexandre Cumino
Pai Adriano Camargo
Ogan Juvenal (SOUESP)
Pai Celso de Oxalá
Ekedji Iyá Ogunlade
Agradecimentos a todos os participantes, que enfrentaram o trânsito caótico de São Paulo em uma tarde chuvosa para declarar o seu amor aos Orixás.
Registro fotográfico do evento:
Foto coletiva antes do início do Seminário
Os organizadores do Seminário, Douglas Fersan e Jordam Godinho com a Ekedji Iyá Ogunlade - Presença marcante no evento.
Pai Alexandre Cumino (ao microfone) e Pai Adriano Camargo (à esquerda): dois nomes importantes que nos brindaram com sua inteligência, humildade e amor verdadeiro pela Umbanda.
Pai Alexandre Cumino, Babalorixá Celso de Oxalá, Jordam Godinho e Douglas Fersan no encerramento dos trabalhos.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
VERDADES OU APENAS PALAVRAS TOLAS
A Tempo em que foi desprezado o renascimento para as divindades como novos homens ou mulheres
Tempo de produções apoteóticas de pessoas travestidas
Tempo onde reuniões de pessoas não denotam irmandade, mas sim muita maledicência e fofoca
Tempo onde os desejos de fantasiar e se fantasiar prevalecem...
Tempo onde as pantomimas predominam
Tempo dos torsos de acrílico fluorescentes estilo maracanã
Tempo onde dividir uma mesa com seus descendentes é considerado “ato condenável”
Tempo em que muitos preferem chegar na hora da vamunha
tempo de desdenhar dos esforços de um irmão
Tempo onde consagrar um novo descendente em templo de chão batido é considerado pobreza e falta de Asé
Tempo de profanação de lugares e altares sagrados
Tempo de show com holofotes e muita purpurina...
Tempo de trazerem para os templos a suas opções sexuais
Tempo das indumentárias que parecem marquises de construções faraônicas
Tempo das salvas milionárias que inviabilizam a iniciação dos humildes
Tempo dos Ògán’s e Ekeji’s experimentarem o ‘transe de expressão’
Tempo de possessões exclusivas e dramáticas
Tempo em que uma dúvida ou pergunta vira confusão e inferno generalizado
Tempo de conchavos de “pais de santo” com lojas carnavalescas
Tempo de homem dar ‘pinta’ em ritos públicos em louvor aos ancestrais deificados
Tempo de desconsiderar a presença de uma divindade
Tempo de remedar com gracejos os sons e danças sagradas das divindades
Tempo de sofrer possessão da “divindade eu mesmo”
Tempo de vaidade excessiva e exibição de um poder inexistente
Tempo da falta de humildade
Tempo de enriquecimento à custa da fé dos leigos
Tempo de consultar o oráculo sagrado de Fá como se cata feijão
Tempo de interromper o ato de uma divindade para dobrar coro para inúmeros descompreendidos
Tempo do ebó com danoninho, rocambole e maria-mole.
Tempo de malhar pessoas que buscam fazer divulgação séria de nossa religião
Tempo de trazer pessoa amada em três dias, três horas, três minutos, três segundos...
Tempo dos tarólogos, buzólogos, cartólogos, palitólogos e pedrólogos
Tempo de usar rechillieu furadinho igual tábua de pirulito
Tempo de previsões para rede Globo, Michael Jackson, Bill Gates...
Tempo de cantar e rezar aos ancestrais em ‘língua embromation’
Tempo das cabalinhas feitas numa mesa de boteco entre um copo e outro de pinga
Tempo da mulher de vestido vermelho que tem o cabelo tingido de ruivo ter que cuidar da pomba-gira
Tempo das possessões de “olhos frios” para participar de ritos herméticos
Tempo de consulta pela internet
Tempo de hora certa para sofrer possessões
Tempo de ebós exclusivos e poderosíssimos
Tempo de possessões múltiplas, poliformes e mirabolantes
Tempo de chochar as tradições e templos alheios
Tempo dos pronomes e frases possessivas: Meu Òrìsà, meu Vodún...
Tempo em que muitos perderam completamente o respeito pelas divindades.
Tempo em que fazem de nossa religião um parque de diversões cheio de marionetes.
Tempo em que raciocinar é sacrilégio e pecado mortal!
empo do tudo pode e do pode tudo, sendo considerado anormal apenas aquele que fica de fora desse festival bizarro com samba de crioulo doido.
TEXTO MAGNÍFICO
...Descreve tudo que esta acontecendo nos dias de hoje com as religiões, com o mundo....
Estamos na Era do Imediatismo:
Exemplo:Te Pedi hoje, quero que aconteça hoje.
não aconteceu? então tchau!!!
vc não sabe nada...e assim por diante...
"O tempo de Hoje"...interessantissimo
autor desconhecido
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sexta-feira, 16 de outubro de 2009
1º Seminário da Integração do Povo do Santo para os Direitos Humanos
Toda apatia gera omissão. É momento de agir.
A Constituição brasileira, promulgada em 1988 garante o respeito aos diversos cultos religiosos existentes no país, mas será que apenas saber isso nos basta?
O Povo do Santo, filhos de Umbanda e Candomblé, precisa manter essa questão sempre em pauta, pois são inúmeros os ataques que acontecem aos nossos cultos, seja de forma mais velada, através de chacotas aparentemente inocentes, mas carregadas de preconceito, ou mesmo ações mais violentas, propagadas inclusive pela grande mídia.
Discutir os nossos direitos e deveres é levar adiante a bandeira de Oxalá, de forma responsável e chamar para si o respeito que nossa religião tanto merece, não apenas por ser a nossa crença, mas também o resultado do sacrifício de um povo que não abdicou de sua fé diante da violência de seu opressor.
Com essa consciência - e com o espírito do respeito ecumênico – é que se realizará em 27/11/2009, na Câmara Municipal de São Paulo, o 1º Seminário da Integração do Povo de Santo para os Direitos Humanos, a partir das 18 horas, tendo como principais objetivos a discussão dos seguintes temas:
• Os direitos das religiões afro-descendentes e a tolerância religiosa;
• os direitos e deveres jurídicos das casas de Umbanda e Candomblé;
• isenção de impostos para templos religiosos (questão que varia de acordo com as legislações municipais);
• regularização das casas de Umbanda, a fim de ter seus direitos garantidos;
• espaços públicos para realização de rituais;
• criação de centros de referência e memória das religiões afro-descendentes.
Haverá também, na ocasião, apresentação musical da Escola de Curimba Toque de Vida e do grupo de dança típica “Companhia de Moçambique Família Feliciano”.
A realização desse seminário, que conta com o apoio do vereador Ítalo Cardoso (presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo) é apenas um primeiro passo em direção a uma discussão mais ampla, em outros municípios, atingindo de forma positiva e beneficiando o maior número possível de irmãos-de-fé. Não existem interesses políticos envolvidos no evento, os únicos objetivos são relacionados aos direitos do povo de Umbanda e Candomblé.
Os nomes dos participantes da mesa de debates ainda serão confirmados e divulgados oportunamente. É interessante que o maior número de terreiros envie seus representantes, a fim de integrar-se sobre os nossos direitos e garantir o sucesso do seminário.
Maiores informações poderão ser fornecidas através do email douglasfersan@uol.com.br.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
A TAL DA EGRÉGORA
“Egrégora são aglomerados de moléculas do Plano Astral, que tomam
forma quando são criadas pelo pensamento nítido e constante de uma pessoa ou de
um grupo de pessoas e passam a ‘viver’ magnetizadas por essas mentes.
Tais criações podem apresentar vários tipos:
‘anjos de guarda’ ou ‘protetores’, quando fortemente mentalizados pelas mães para a custódia de seus filhos, e sua ação será benéfica;
podem servir de perseguidores, obsessores, atormentadores quando criados por mentes
doentias; podem ser formas que se agregam à própria criatura que as cria mentalmente
e as alimenta magneticamente; têm capacidade de resistir para não se deixarem
destruir pelo pensamento contrário.
‘São comuns esses agregados ao redor das criaturas,obra puramente do poder mental sobre o astral.
Assim são vistas formas mentais de ambições de ouro, de desregramento sexual, de gula, de inveja, de secura por bebidas alcoólicas etc.
Essas aglomerações, quando criadas e mantidas por magnetização forte e prolongada de numerosas pessoas (por vezes, durante séculos e milênios), assumem também proporções gigantescas, com poder atuante, por vezes quase irresistível.
Denomina-se, então, um egrégoro.
E quase todos os grupos religiosos o possuem; alguns pequenos, outros maiores, e por vezes tão vasto que, como no caso da Igreja Católica de Roma, estende sua atuação em redor de quase todo o Planeta, sendo visto como uma extensa nuvem multicolor, pois apresenta regiões em lindíssimo dourado brilhante, outras em prateado, embora em certos pontos haja sombreado escuro, de tonalidade marrom-terrosa e cinzenta.
Isso depende dos grupos que se elevam misticamente e com sinceridade e de outros que interferem com pensamento de baixo teor (inveja, ódio de outras denominações religiosas, ambições desmedidas de lucro etc).
Há também os egrégoros de grupamentos outros, como de raça, de pátria etc.
Funcionam quase como uma ‘bateria de acumuladores que são alimentados pelas mentes que os cria’, como escreveu Leadbeater em “O Plano Astral”(Editora Pensamento).
Logicamente, quanto mais forte é a criação e a alimentação,mais poderoso e atuante se torna esse ser artificial, muitas vezes cruel com seu próprio criador, pois não possui discernimento do bem ou do mal e age automaticamente com a finalidade para que existe.”
Texto extraído da obra “Técnica da
Mediunidade” (Editora Sabedoria),
de Carlos Torres Pastorino.
sábado, 3 de outubro de 2009
“Lutas do dia-dia”
Ao olhar para trás, deparo-me com as lutas que tive.
Lutei pela minha vida ao nascer, mesmo sendo desejado por meus pais. Lutei pela minha boa educação, mesmo sendo mimado por minha avó. Lutei pelo meu aprendizado escolar, mesmo que, por vezes, meus colegas tentavam me corromper.
Assim foi toda minha infância, pequenas lutas travadas para crescer bem e quando achei que na adolescência tudo fosse melhorar, dei com os burros n’água, pois na realidade tudo se complicou e a luta continuou.
Lutei de novo e lutei mais. Lutei pela namoradinha, mesmo sabendo que aquela não era a mulher ideal. Lutei para não usar drogas, mesmo que por vezes sentisse vontade de experimentá-la. Lutei para conservar os amigos, mesmo quando estes insistiam em se afastar. Lutei por uma vida melhor, mesmo sabendo que o vestibular era um sonho quase impossível. Mas nessa fase da vida já entendia o sabor das vitórias e amargava as derrotas sem entendê-las.
E egresso na fase adulta tive a certeza de que as coisas melhorariam. Porém, a vida pregou-me nova peça e a luta prosseguiu. A diferença é que já adulto, entendia melhor minhas derrotas e aproveitava mais minhas vitórias.
Lutei novamente pela namorada, que se tornou noiva e depois esposa, mas sei que essa sim é a mulher da minha vida. Lutei pela minha casa, pois lá eu encontro o meu porto seguro. Lutei pelos meus filhos, pois deles tenho amor incondicional. Lutei pelo conforto da família, por que tenho certeza que esta é à base de tudo.
Entre tantas lutas travadas, tantas derrotas sofridas e tantas vitórias conquistadas, fica o sentimento de dever cumprido, de jamais ter desistido ou me acovardado. Fica ainda o sentimento de que outras batalhas virão, pois elas sempre virão. Preparado ou não tenho que enfrentá-las. Preparado ou não tenho que combatê-las.
Fica ainda, o sentimento de que sem elas, as lutas do dia-dia, as derrotas seriam mais amargas, pois não entenderia seu real motivo, e as conquistas pouco doces, pois não agregaria nada em minha vida. Pois com essas batalhas, com essas lutas do dia-dia toda grande conquista tem sabor especial.
Jairo Pereira Jr. - 2009
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 2 filhos e Umbandista
sábado, 19 de setembro de 2009
“Intolerância para com os intolerantes”
Preconceito ou pré-conceito, segundo alguns dicionários é definido como o conceito ou a opinião pré-estabelecida, pré-concebida ou sem conhecimento prévio.
Como tudo que é pré-concebido ou sem conhecimento prévio não há um estudo aprofundado. Não havendo um estudo profundo não é digno de crédito, ou seja, em outras palavras, é fruto de pura ignorância.
Ignorância daqueles que fecham os olhos para os fatos e abrem os ouvidos para outros ignorantes, que como eles, sentem-se no direito de abrirem suas bocas imundas para falar de outros.
Na verdade meus irmãos, não sou detentor das verdades absolutas da vida, mas sei sobre a minha verdade e ela está pautada na unicidade de nosso Criador, pois se Deus é único, Onipresente, Onisciente, Bondoso e Misericordioso, a religião não passa de um caminho para chegarmos até Ele.
Então irmão, veja, olhe e observe com os olhos despidos da ignorância do preconceito, deixe seus ouvidos lacrados para os ignorantes de opinião e mantenha sua boca fechada contra as maledicências. Mantenha somente seu coração aberto para o amor ao próximo, pois tenha ciência de que todos os caminhos e quaisquer caminhos levam a Deus. Todos são válidos e é só saber procurar o melhor para você.
Seja qual for sua religião, seja qual for a sua corrente religiosa, seja qual for a vertente praticada, você não é melhor do que ninguém e as religiões também não são.
Na verdade, você pode ser o melhor para sua religião e ela pode ser o melhor para você, porém isso não a faz necessariamente boa para mim ou para outros. Afinal, Deus criou-nos como indivíduos, com vontades, desejos e necessidades próprias e individuais. Você realmente acredita que essa inteligência superior do nosso Criador, criando-nos como seres individuais e únicos seria desperdiçada se tivéssemos que ser completamente iguais?
Se você acredita que sim, creio que esteja errado.
Sendo assim, não sejamos complacentes com o preconceito acreditando que é coisa de gente ignorante e atrasada, “tadinho!”, sejamos duros, enérgicos, decididos e intolerantes com esses intolerantes preconceituosos. Exijamos nossos direitos. Direitos esses, constitucionalmente garantidos. Direito à liberdade. A liberdade religiosa, liberdade de expressão, direito à individualidade e de livre manifestação.
Jairo Pereira Jr. - 2009
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 2 filhos e Umbandista
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domingo, 13 de setembro de 2009
DEUS, SALVE A NOSSA UMBANDA !
É relevante a preocupação de muitos umbandistas, no que diz respeito às agressões que vem sofrendo os seguidores dos cultos afro-brasileiros, por adeptos das religiões neopentecostais.
No entanto, é preciso analisar tal situação com racionalidade, deixando de
lado a paixão.
Digo isso, porque se quisermos que nos respeitem, é preciso que tenhamos, antes de qualquer coisa, equilíbrio e serenidade para enfrentar esses fanáticos e oportunistas da fé cristã.
Na sua maioria, são pessoas totalmente levadas pela paixão cega e irracional. Logo, incapazes de tolerar qualquer outra manifestação de fé, que não seja as que eles praticam.
Sabemos, serem esses "novos evangélicos", oriundos de pseudo-terreiros de Umbanda: médiuns anímicos, sem nenhum compromisso de fato, com a moral e doutrina dos Orixás.
Temos ainda, os dissidentes de respeitados Terreiros, no entanto, alegam terem vivido anos de suas vidas praticando a caridade e que nada ganharam com isso... pasmem: "ora, quando alguém se propõe a fazer algum bem a outrem, é de se esperar que o faça sem segundas intenções."
Outros, se revoltaram com a Umbanda por conta de não terem conseguido a pessoa amada; por não terem conseguido acabar com o casamento do (a) amante; por não terem acabado com a vida do inimigo; por não terem conseguido a promoção no emprego;
por não terem conseguido comprar um carro igual ao do vizinho, etc, etc, etc...
Repito: médiuns sem nenhum compromisso com a Lei da Umbanda:
Fé, amor e caridade.
Cansados por conta da "Lei do retorno"; afinal, o que aqui se faz, aqui se paga... buscam nessas novas religiões a possibilidade de culparem alguém por seus erros e fracassos: e o fazem aos espíritos. Daí, a certeza de serem pessoas totalmente ignorantes a respeito da espiritualidade.
O verdadeiro médium de Umbanda, sabe assumir suas responsabilidades nos mundos material e espiritual.
Sabe que compete aos espíritos de luz e aos Orixás o papel de espiritualizá-los:
são eles que ensinam o caminho da tolerância, do amor ao próximo, da serenidade e do cumprimento às Leis de Deus e dos homens. Ensinam a alimentar nossos corações com o amor e o perdão e dessa forma, tentam evitar que nos corrompamos nos caminhos do orgulho e da vaidade inescrupulosa.
O crescimento dessas "novas religiões", deve ser vista como misericórdia de Deus em nossas vidas, ou seja:
graças a elas, nossos Terreiros estão limpos de médiuns fúteis e pretensiosos.
Esses médiuns são filhos de Deus e com certeza Deus quer se salvarem.
A mediunidade lhes foi outorgada para que pudessem ser úteis ao trabalho no bem; todavia, deixaram se levar pela vaidade e pelo orgulho, desconsiderando os maravilhosos fundamentos da Umbanda.
-Deus salve o Grito do grande Rei Xangô, que expulsa de nosso meio médiuns mentirosos e charlatões!
-Deus salve a Espada de Ogum, que corta de nossos caminhos os que alimentam o ódio e a inveja!
-Deus salve a Flecha de Oxossi, que mata o pássaro da maldade e da traição!
-Deus salve as Águas de Oxum, que lava nossos caminhos da mentira e da falsidade!
-Deus salve os Ventos de Iansã, que expulsa os que alimentam pensamentos de promiscuidade e infidelidade
-Deus salve as Águas de Iemanjá, que lava nossos terreiros dos que alimentam a falta de amor e respeito ao próximo!
-Deus salve as Chuvas de Nanã, que trazem o peso da responsabilidade, afastando os ociosos e oportunistas!
-Deus salve o Cajado de Omulu, que expulsa as doenças do egoísmo e da
desordem!
-Deus salve Nosso Pai Oxalá, salvaguardando nossa Umbanda daqueles que ainda não conhecem o verdadeiro sentido da caridade!
DEUS SALVE A NOSSA UMBANDA!
... e não desampare os que ainda se arrastam pelos caminhos da ignorância e da hipocrisia.
LUIZ DE OGUM
- Casa de Umbanda Caboclo 7 Penas.
“Depois da Tempestade”
Convido você, meu irmão, que está lendo este artigo a parar e pensar num momento de grande conquista e realização.
Pronto!
Agora pense nos momentos que antecederam essa conquista?
Pronto novamente!
Se você pensar bem, quando você tem uma grande conquista, ela sempre vem precedida de um grande momento caótico.
Lembra-se? Que sempre antes das suas grandes conquistas o momento não estava nada bom?
Você achava que não conseguiria, mas no final conseguiu. Mesmo com todo o caos, com toda apreensão e com toda desconfiança de todos, no fim tudo deu certo.
Assim foi, assim é e assim será sempre.
Se o ditado diz que “depois da tempestade sempre vem a bonança”, porque não dizer que “antes da bonança sempre vem uma tempestade”.
Esta é nossa vida. Para conseguirmos coisas boas devemos passar por privações e provações. Para que as conquistas sejam valorizadas precisamos enfrentar os momentos caóticos. Para alcançar a calmaria do oceano precisamos ultrapassar a tormenta da arrebentação.
Não acredite que você é o único a passar por momentos ruins. Na realidade todos estamos sujeitos a isto. Todos temos momentos ruins. Só depende de você saber aonde este momento vai te levar.
Para que haja paz é preciso vencer a guerra. Só que está guerra é particular, travada por você contra você mesmo, e deve servir como propulsor para suas conquistas.
Então, lembre-se de outro ditado popular: “Não há mal que sempre dure e nem bem que sempre perdure”, seja forte, tenha fé e acredite que é nesses momentos de caos que crescemos espiritualmente.
Jairo Pereira Jr. - 2009
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 2 filhos e Umbandista
Pronto!
Agora pense nos momentos que antecederam essa conquista?
Pronto novamente!
Se você pensar bem, quando você tem uma grande conquista, ela sempre vem precedida de um grande momento caótico.
Lembra-se? Que sempre antes das suas grandes conquistas o momento não estava nada bom?
Você achava que não conseguiria, mas no final conseguiu. Mesmo com todo o caos, com toda apreensão e com toda desconfiança de todos, no fim tudo deu certo.
Assim foi, assim é e assim será sempre.
Se o ditado diz que “depois da tempestade sempre vem a bonança”, porque não dizer que “antes da bonança sempre vem uma tempestade”.
Esta é nossa vida. Para conseguirmos coisas boas devemos passar por privações e provações. Para que as conquistas sejam valorizadas precisamos enfrentar os momentos caóticos. Para alcançar a calmaria do oceano precisamos ultrapassar a tormenta da arrebentação.
Não acredite que você é o único a passar por momentos ruins. Na realidade todos estamos sujeitos a isto. Todos temos momentos ruins. Só depende de você saber aonde este momento vai te levar.
Para que haja paz é preciso vencer a guerra. Só que está guerra é particular, travada por você contra você mesmo, e deve servir como propulsor para suas conquistas.
Então, lembre-se de outro ditado popular: “Não há mal que sempre dure e nem bem que sempre perdure”, seja forte, tenha fé e acredite que é nesses momentos de caos que crescemos espiritualmente.
Jairo Pereira Jr. - 2009
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 2 filhos e Umbandista
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Crítica ao livro "Um conto da Bahia", de Douglas Fersan
“Os pássaros revoaram sobre a imensidão azul, tornando-se apenas vultos ao se colocar contra a luz do sol. O farfalhar das asas no vôo rasante produziu uma brisa agradável, contrastando com o calor escaldante daquele janeiro de 1905. José Bento puxou o pai pela camisa e perguntou quase chorando:
_Pai, estamos chegando?
Seu João Bento respirou fundo, buscando a paciência que o cansaço e o sofrimento quase tinham esgotado e respondeu sem demonstrar muita emoção:
_Sim, falta pouco...
_Estou com fome... e sede – insistiu o garoto (...)”
Assim começa “Um conto da Bahia”, a saga de José Bento, um nordestino inconformado com a própria condição e a de seu povo. Não aceitando a pobreza e a injustiça social – tão comum naquele tempo e lugar – José Bento decide partir em busca de aventuras, seguindo um grupo de bandoleiros que percorria os sertões. Na verdade, o que ele não sabia, é que partia em busca do próprio destino, em busca do entendimento da existência e do crescimento espiritual.
“Um conto da Bahia” não é apenas um romance. É o retrato de uma sociedade, de um povo, que aos poucos vai construindo sua identidade a partir da mistura das crenças e da sabedoria popular que vive adormecida no inconsciente coletivo.
É possível encontrar, ao longo da narrativa, referências às diversas raízes que formaram a religiosidade brasileira: a onipresença católica, o conhecimento indígena arraigado no inconsciente popular, o africanismo tão marcante (a contragosto das classes dominantes) na formação brasileira e a sabedoria quase ingênua dos curandeiros (ou benzedeiros) que resistem até os dias atuais.
Numa linguagem suave e envolvente, esses elementos vão surgindo e mostrando que convivem numa harmonia quase silenciosa, mas que sempre voltam à tona, pois já estão incorporados à identidade do povo brasileiro.
Douglas Fersan – que é sociólogo e historiador - escreve como quem conta uma história – e nesse caso, não é apenas uma história para entreter, é a própria história do Brasil, de seu povo e de sua crença. Com mestria, o sociólogo, o historiador e o contador de histórias dão as mãos para nos brindar com essa magnífica obra, que não fala de Espiritismo, de Umbanda, de Catolicismo ou de qualquer outra religião. Fala de cada um de nós, pois muitos serão aqueles que conseguirão ver um pouco de si no romântico, ingênuo, sábio e rebelde José Bento, um homem contraditório, mas cheio de esperança, como cada um dos brasileiros que luta diariamente pela sua sobrevivência e crescimento espiritual.
Confira essa obra no link: http://clubedeautores.com.br/book/4212--Um_conto_da_Bahia
Jorge Fagundes
Resenha literária do Jornal Caminho do Sol
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
O RESPEITO
O respeito é um conceito relativo que, na maioria das pessoas, está diretamente relacionado aos valores pessoais de cada um. Tais valores são aprendidos na família, na escola, na sociedade ou nos programas de televisão como acontece com muitas crianças hoje em dia.
O conceito de respeito adotado por cada um influencia diretamente os relacionamentos que esta pessoa tem consigo própria e com o mundo à sua volta. Aqueles que estão apegados rigidamente aos seus valores pessoais provavelmente entrarão em conflito com outras pessoas que tenham valores diferentes e que também estejam rígidos em sua postura, criando assim um grande conflito interno em ambas as partes.
Na relação pai e filho, os conflitos em relação ao tema respeito vêm à tona frequentemente. Alguns pais foram educados a acreditar que a obediência é sinônimo de respeito. Esse tipo de atitude é constantemente observado também na relação mestre e discípulo, onde este se deixa guiar mentalmente, emocionalmente e até fisicamente pelo “mestre” em questão. Os conflitos se iniciam quando o(a) filho(a) começam a entrar em contato e incorporar outros valores pessoais vindos da escola, da sociedade e do convívio com outras pessoas.
Há uma outra forma de respeito que transcende os valores pessoais de cada um. Ele ocorre quando cada pessoa aceita o outro do jeito que é. Esse tipo de respeito não é uma obediência, e sim uma aceitação da manifestação do outro e de sua existência. É um respeito que nivela todos nós como iguais e faz com que cada um se conecte com sua própria força.
É um respeito que coloca cada um no seu devido lugar e delimita as responsabilidades de cada um para com sua própria vida. A pessoa que atingiu esta forma de respeito não quer mais mudar o outro, e sim confia naquilo que atua no outro.
Autor: Saulo Nagamori
domingo, 9 de agosto de 2009
Rádio Voz de Aruanda, a sua rádio de Umbanda
Nós, umbandistas, sempre fomos meio carentes (ou órfãos) de divulgação de nossa cultura e de nossos trabalhos. Quase sempre a imagem da Umbanda e dos umbandistas é estigmatizada pelos meios de comunicação de massa. Somos representados na mídia de forma vexatória e caricata, que quase nunca condiz com a realidade. A beleza e musicalidade de nossos rituais são deturpadas de maneira vergonhosa e raramente conseguimos espaço para responder a essas verdadeiras agressões que nos fazem.
Uma das maneiras de mudar esse quadro é assumir o orgulho de ser umbandista e divulgar nossa religião, nossa cultura e nossas tradições de maneira positiva. É isso que a rádio Voz de Aruanda vem fazendo, com grande sucesso em tão pouco tempo. Idealizada pelo Pai Marcelo de Oxalá e a designer Paula Ramanzini, a rádio é um projeto que ainda vai crescer mais, no entanto já mostra bons resultados, divulgando 24 horas por dia os mais belos pontos cantados da Umbanda, conforme a programação:
00:00 - 06:00 : Umbanda na Madrugada
06:00 - 09:00 : Raio da Manhã
09:00 - 12:00 : Tributo aos Orixás
12:00 - 15:00 : MPB na Umbanda
15:00 - 17:00 : Espírito Cigano
17:00 - 18:00 : Umbanda Hits
18:00 - 18:30 : Momentos de Reflexão
18:30 - 20:00 : Guias de Luz
20:00 - 22:00 : Yabás no Terreiro
22:00 - 00:00 : Guardiões da Encruza
Acesse www.vozdearuanda.com e prestigie esse belo trabalho. No link também estão disponíveis alguns artigos já publicados nesse blog.
O QUE A UMBANDA PODE FAZER POR VOCÊ - por Sílvio Garcia
O QUE A UMBANDA PODE FAZER POR VOCÊ
Por Sílvio Garcia
Vivenciamos com certeza momentos de aflições de tamanha monta que muitas vezes pensamos em até atentar contra nossa própria vida, porém sabemos que o caminho não é este, pois sabemos que por exemplo alguém que se dá um tiro na própria cabeça até reencarnar fica ouvindo o barulho do disparo e fica um espírito muito perturbado e muitas vezes quando se apropria de um médium e este médium consegue sentir sua presença a Umbanda com certeza encaminha este espírito sofredor para os locais que melhor se adequem no astral, porém o sofrimento deste espírito irá continuar mesmo que amenizados mas a dor será muito forte ainda, o tempo não sabemos.Em outras ocasiões passamos por momentos de tormentas financeiras e recorremos a Umbanda e diante de uma entidade com certeza se for de sua necessidade, propósito e pela misericórdia de Deus seu pleito será atendido, veja que não falei em “merecimento”, pois se formos pensar em merecimento ninguém o tem, pois todos nós somos falhos, vale então sua fé e a misericórdia de Deus.
A Umbanda é a única religião que não se preocupa em ter adeptos, não fica prometendo nada a você porque simplesmente ela não te pede dinheiro ao contrário de muitas religiões a Umbanda te pede a reforma intima, te pede para amar ao seu próximo, te pede para fazer a caridade não importa a quem, temos um lema que é assim FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.Mas no que consiste esta tal de salvação, ela consiste que quando do seu desencarne (morte do corpo) você sofra menos do outro lado deste plano, a contabilidade de Deus é diferente da nossa, ela não funciona por débitos e créditos, ou seja se você fez 100 ações boas e 50 ações más na sua vida terrena, não irá receber 50 que seria o saldo favorável , você na verdade irá ter que pagar 50 e receber 100, não existe barganha na Umbanda e muito menos com Deus.
A Umbanda é a única religião que não tem uma codificação ou seja um livro único que podemos estudar e praticar no que nele há escrito, a Umbanda é uma religião que não tem regras definidas a não ser a máxima de Jesus Cristo: “AMAI A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E A SEU SEMELHANTE COMO A TÍ MESMO”, então ela é uma religião atípica, vejam como é difícil ser umbandista, pois suas Leis são severas, errou paga, acertou recebe, ou seja não existe meio termo na Umbanda, não existe jeitinho, não existe homem que possa lhe perdoar de seus pecados, a Umbanda não julga ninguém, não é intolerante a quaisquer formas de credos, cor, raça etc.. pela Umbanda ser assim entendemos que o médium ou simpatizante da Umbanda é um templo em si mesmo, sendo assim cada um para si e Deus para todos, pois não temos papa e muito menos poder para darmos as famosas indulgências que são pregadas por ai por lobos vestidos de cordeiros, a Umbanda ela mesma se encarrega de separar o que não presta a nossas vidas.
Mas a Umbanda pode fazer muito por você, basta você querer, creia ninguém vai lhe pegar a laço e fazer você se tornar Umbandista, a Umbanda através dos dirigentes e médiuns da corrente podem lhe ajudar em sua reforma intima, ou seja você melhorando enquanto ser humano estará melhorando a vida de todos aqueles que vivem em seu meio, a Umbanda pode lhe fazer entender que a vida não acaba jamais, que seu espírito é imortal e que você pode e deve ajudar muitas pessoas encarnadas e desencarnadas, lembro que para ser Umbandista não necessariamente tem que ser médium de incorporação, existem tantas atividades dentro de um terreiro de Umbanda que talvez você nem imagine, mas a Umbanda lhe garante que sendo fiel aos princípios de Deus você por tabela terá uma vida ESPIRITUAL bem melhor, a Umbanda não promete e nunca vai prometer coisas materiais, ela lhe promete a sua salvação, esta salvação é justamente salvar você de você mesmo, Umbanda é coisa séria para gente séria.
A Umbanda ama aos Orixás, ama as Entidades, ama a vida, ama a natureza respeita sua individualidade e principalmente ama a Deus sobre todas as coisas.Diante do exposto e respondendo: O QUE A UMBANDA PODE FAZER POR VOCÊ, além do descrito acima é fazer você entender que vale a pena viver, que vale a pena ter fé, que vale a pena lutar, que vale a pena tentar ser feliz por mais que a vida lhe diga NÃO.E para encerrar espero sinceramente que você siga este ditado popular: MAIS VALEM AS LÁGRIMAS DE NÃO TER VENCIDO DO QUE A VERGONHA DE NÃO TER LUTADO” e entenda que Umbanda antes de ser uma religião é uma filosofia de vida justamente por ser independente e diferente de tudo que existe neste mundo tão capitalista e selvagem que num sentido mais profundo está destruindo famílias inteiras que se perdem no meio do caminho simplesmente por terem perdido a fé e fé em DEUS.
Por Sílvio Garcia
Vivenciamos com certeza momentos de aflições de tamanha monta que muitas vezes pensamos em até atentar contra nossa própria vida, porém sabemos que o caminho não é este, pois sabemos que por exemplo alguém que se dá um tiro na própria cabeça até reencarnar fica ouvindo o barulho do disparo e fica um espírito muito perturbado e muitas vezes quando se apropria de um médium e este médium consegue sentir sua presença a Umbanda com certeza encaminha este espírito sofredor para os locais que melhor se adequem no astral, porém o sofrimento deste espírito irá continuar mesmo que amenizados mas a dor será muito forte ainda, o tempo não sabemos.Em outras ocasiões passamos por momentos de tormentas financeiras e recorremos a Umbanda e diante de uma entidade com certeza se for de sua necessidade, propósito e pela misericórdia de Deus seu pleito será atendido, veja que não falei em “merecimento”, pois se formos pensar em merecimento ninguém o tem, pois todos nós somos falhos, vale então sua fé e a misericórdia de Deus.
A Umbanda é a única religião que não se preocupa em ter adeptos, não fica prometendo nada a você porque simplesmente ela não te pede dinheiro ao contrário de muitas religiões a Umbanda te pede a reforma intima, te pede para amar ao seu próximo, te pede para fazer a caridade não importa a quem, temos um lema que é assim FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.Mas no que consiste esta tal de salvação, ela consiste que quando do seu desencarne (morte do corpo) você sofra menos do outro lado deste plano, a contabilidade de Deus é diferente da nossa, ela não funciona por débitos e créditos, ou seja se você fez 100 ações boas e 50 ações más na sua vida terrena, não irá receber 50 que seria o saldo favorável , você na verdade irá ter que pagar 50 e receber 100, não existe barganha na Umbanda e muito menos com Deus.
A Umbanda é a única religião que não tem uma codificação ou seja um livro único que podemos estudar e praticar no que nele há escrito, a Umbanda é uma religião que não tem regras definidas a não ser a máxima de Jesus Cristo: “AMAI A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E A SEU SEMELHANTE COMO A TÍ MESMO”, então ela é uma religião atípica, vejam como é difícil ser umbandista, pois suas Leis são severas, errou paga, acertou recebe, ou seja não existe meio termo na Umbanda, não existe jeitinho, não existe homem que possa lhe perdoar de seus pecados, a Umbanda não julga ninguém, não é intolerante a quaisquer formas de credos, cor, raça etc.. pela Umbanda ser assim entendemos que o médium ou simpatizante da Umbanda é um templo em si mesmo, sendo assim cada um para si e Deus para todos, pois não temos papa e muito menos poder para darmos as famosas indulgências que são pregadas por ai por lobos vestidos de cordeiros, a Umbanda ela mesma se encarrega de separar o que não presta a nossas vidas.
Mas a Umbanda pode fazer muito por você, basta você querer, creia ninguém vai lhe pegar a laço e fazer você se tornar Umbandista, a Umbanda através dos dirigentes e médiuns da corrente podem lhe ajudar em sua reforma intima, ou seja você melhorando enquanto ser humano estará melhorando a vida de todos aqueles que vivem em seu meio, a Umbanda pode lhe fazer entender que a vida não acaba jamais, que seu espírito é imortal e que você pode e deve ajudar muitas pessoas encarnadas e desencarnadas, lembro que para ser Umbandista não necessariamente tem que ser médium de incorporação, existem tantas atividades dentro de um terreiro de Umbanda que talvez você nem imagine, mas a Umbanda lhe garante que sendo fiel aos princípios de Deus você por tabela terá uma vida ESPIRITUAL bem melhor, a Umbanda não promete e nunca vai prometer coisas materiais, ela lhe promete a sua salvação, esta salvação é justamente salvar você de você mesmo, Umbanda é coisa séria para gente séria.
A Umbanda ama aos Orixás, ama as Entidades, ama a vida, ama a natureza respeita sua individualidade e principalmente ama a Deus sobre todas as coisas.Diante do exposto e respondendo: O QUE A UMBANDA PODE FAZER POR VOCÊ, além do descrito acima é fazer você entender que vale a pena viver, que vale a pena ter fé, que vale a pena lutar, que vale a pena tentar ser feliz por mais que a vida lhe diga NÃO.E para encerrar espero sinceramente que você siga este ditado popular: MAIS VALEM AS LÁGRIMAS DE NÃO TER VENCIDO DO QUE A VERGONHA DE NÃO TER LUTADO” e entenda que Umbanda antes de ser uma religião é uma filosofia de vida justamente por ser independente e diferente de tudo que existe neste mundo tão capitalista e selvagem que num sentido mais profundo está destruindo famílias inteiras que se perdem no meio do caminho simplesmente por terem perdido a fé e fé em DEUS.
Meu forte Saravá a você e toda sua família.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Outro mundo é possível? - por Alexandre Cumino
As sociedades mais antigas nos ensinavam a ter um olhar de encanto para com o desconhecido. Todas as mitologias nos apresentam o Sagrado de duas formas: “mistério fascinante” e “mistério tremendo”.
Os deuses encantam e fascinam, pois sua manifestação está em toda parte, além de nosso controle, em toda a natureza. Eles habitam um outro mundo e deste mundo controlam nossas vidas, se ocupando de nossos destinos. Desta forma, as pessoas mais afortunadas, como reis e heróis passam a ser consideradas filhas dos deuses. Como Hércules, o filho de Zeus, ou ainda Akenaton, filho de Aton.
Na cultura nórdica Odin recebia pessoalmente os guerreiros desencarnados para um banquete em sua morada celestial. Com o fim das culturas mitológicas imperou o pensamento racional filosófico, onde o “outro mundo” é explicado por meio da Teologia e da Metafísica.
Porém, não nos esqueçamos que os pais da cultura ocidental são os filósofos gregos, que valorizavam o ser humano, e de certa forma, plantaram a semente do desencanto religioso, tão nítida nos dias atuais.
Sócrates, quatro séculos antes de Cristo, no leite de morte, explica a seus discípulos que a alma é imortal e reencarnante. Seu discípulo Platão dedicou parte de sua vida ensinando a existência de um mundo perfeito, o mundo das idéias, do qual este mundo é apenas uma cópia.
Santo Agostinho bebeu da obra platônica para descrever sua Cidade de Deus e fundamentar a idéia de um Céu Católico em oposição ao Inferno para onde iriam os não-católicos.
Allan Kardec também “criou” o seu céu e o seu inferno no mundo astral superior e inferior, onde todos vão se encontrar por afinidade, reciclando algumas das idéias de Platão e Sócrates.
Ainda hoje continuamos nos perguntando se há um outro mundo possível e como será este outro mundo.
O que é real e o que é ilusório nesta vida? Sócrates procurava a Verdade.
Cristo silenciou quando Pilatos lhe perguntou qual era a Verdade. Ao ser questionado sobre o fato de ser um Rei, afirmou que seu reino não era deste mundo.
Seria o outro mundo um outro lugar físico, ou este lugar mesmo com outros valores?
Quando as caravelas de Cabral aportaram na América, os índios pensaram que se tratavam de Deuses, pois apenas Deuses poderiam vir de outro mundo.
Eles estavam certos em uma coisa: eles realmente vinham de outro mundo, pois naquela época, um outro continente era outro mundo. Os índios não conheciam os conceitos de pecado da cultura judaico-cristã. Seria este mundo (a América) o paraíso perdido de Adão e Eva?
Alguns se perguntam se há “outros mundos”, outros quetionam se há vida em outros planetas, se há vida em outras dimensões ou realidades, e ainda outros, se há vida além da vida.
Quem sabe onde está um outro mundo? Outro mundo é possível? Onde?
Devemos construir um outro mundo?
Ou será que quando começarmos a nos esforçar, estaremos competindo uns com os outros, e logo estragando os planos de um mundo melhor? Afinal, o mundo das disputas não pode ser mesmo um mundo melhor... Qual é a postura que o ser humano tem assumido para si e para os outros?
O que fazemos deste mundo está relacionado com nossa natureza ou com nossa cultura? Até onde somos um produto do meio em que vivemos? Até onde a sociedade determina nosso destino?
Como interpretar o livre arbítrio, quando somos tão fortemente influenciados e persuadidos a seguir um modelo? Até onde as religiões e filosofias nos despertam para um outro mundo?
Até onde a busca por um mundo pode ser uma alienação de nossa realidade? Até onde as religiões nos alienam?
A Umbanda é uma religião em formação, logo temos uma oportunidade única de trazer estes questionamentos para nosso dia a dia. Vamos aproveitar tudo o que há de bom como herança de todas as culturas. Mas, vamos jogar limpo com as pessoas, sem enganar, sem iludir, sem criar novos tabus. Sem promessas de céu ou inferno, sem assustar, fascinar ou criar dependências.
A Umbanda tem a oportunidade única de nos mostrar um caminho de liberdade e responsabilidade. Um outro mundo só é possível quando nos tornarmos outras pessoas e não importa onde estivermos, encarnados ou desencarnados, um outro mundo nunca será um lugar físico, um outro mundo só pode ser um outro estado de consciência. Durante a história da humanidade conhecemos pessoas que estando aqui neste mundo físico mostraram pertencer a outro mundo. Como Cristo, Krishna, Ramakrishna, Madre Tereza, Zélio de Moraes, Chico Xavier e São Francisco, entre outros.
Eles são a prova viva de que um outro mundo é possível!
quarta-feira, 29 de julho de 2009
“Há abusos em nome de Deus”
“Há abusos em nome de Deus”
3 de Julho de 2009, às 20:14h
Jornalista relata os danos do assédio espiritual cometido por líderes evangélicos
Kátia Mello
A igreja evangélica está doente e precisa de uma reforma. Os pastores se tornaram intermediários entre Deus e os homens e cometem abusos emocionais apoiados em textos bíblicos. Essas são algumas das afirmações polêmicas da jornalista Marília de Camargo César em seu livro de estréia, Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão), que será lançado no dia 30. Marília é evangélica e resolveu escrever depois de testemunhar algumas experiências religiosas com amigos de sua antiga congregação.
ENTREVISTA - MARÍLIA DE CAMARGO CÉSAR
QUEM ÉMarília de Camargo César, 44 anos, jornalista, casada, duas filhas
O QUE FEZEditora assistente do jornal O Valor, formada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero
O QUE PUBLICOUSeu livro de estréia é Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão)
ÉPOCA – Por que você resolveu abordar esse tema?
Marília de Camargo César – Eu parti de uma experiência pessoal, de uma igreja que freqüentei durante dez anos. Eu não fui ferida por nenhum pastor, e esse livro não é nenhuma tentativa de um ato heróico, de denúncia. É um alerta, porque eu vi o estado em que ficaram meus amigos que conviviam com certa liderança. Isso me incomodou muito e eu queria entender o que tinha dado errado. Não quero que haja generalizações, porque há bons pastores e boas igrejas. Mas as pessoas que se envolvem em experiências de abusos religiosos ficam marcadas profundamente.
ÉPOCA – Qual foi à história que mais a impressionou?
Marília – Uma das histórias que mais me tocaram foi a de uma jovem que tem uma doença degenerativa grave. Em uma igreja, ela ouviu que estava curada e que, caso se sentisse doente, era porque não tinha fé suficiente em Deus. Essa moça largou os remédios que eram importantíssimos no tratamento para retardar os efeitos da miastenia grave (doença autoimune que acarreta fraqueza muscular). O médico dela ficou muito bravo, mas ela peitou o médico e chegou a perder os movimentos das pernas. Ela só melhorou depois de fazer terapia. Entendeu que não precisava se livrar da doença para ser uma boa pessoa.
ÉPOCA – Que tipo de experiência você considera como abuso religioso e que marcas são essas?
Marília – Meu livro é sobre abusos emocionais que acontecem na esteira do crescimento acelerado da população de evangélicos no Brasil. É a intromissão radical do pastor na vida das pessoas. Um exemplo: uma missionária que apanha do marido sistematicamente e vai parar no hospital. Quando ela procura um pastor para se aconselhar, ele fala assim para ela: “Minha filha, você deve estar fazendo alguma coisa errada, é por isso que o teu marido está se sentindo diminuído e por isso ele está te batendo. Você tem de se submeter a ele, porque biblicamente a mulher tem de se submeter ao cabeça da casa. Então, essa mulher, que está com a autoestima lá embaixo, que apanha do marido - inclusive pelo Código Civil Brasileiro ele teria de ser punido - pede um conselho pastoral e o pastor acaba pisando mais nela ainda. E ele usa a Bíblia para isso. Esse é um tipo de abuso que não está apenas na igreja pentecostal ou neopentecostal, como dizem. É um caso da Igreja Batista, em que, teoricamente, os protestantes históricos têm uma reputação melhor.
ÉPOCA – Seu livro questiona a autoridade pastoral. Por quê?
Marília – As igrejas que estão surgindo, as neopentecostais, e não as históricas, como a presbiteriana, a batista, a metodista, que pregam a teologia da prosperidade, estão retomando a figura do “ungido de Deus”. É a figura do profeta, do sacerdote, que existia no Antigo Testamento. No Novo Testamento, não existe mais isto. Jesus Cristo é o único mediador. Então o pastor dessas igrejas mais novas está se tornando o mediador. Para todos os detalhes da sua vida, você precisa dele. Se você recebeu uma oferta de emprego, o pastor pode dizer se deve ou não aceitá-la. Se estiver paquerando alguém, vai dizer se deve ou não namorar aquela pessoa. O pastor, em vez de ensinar a desenvolver a espiritualidade, determina se aquele homem ou aquela mulher é a pessoa da sua vida. E o pastor está gostando de mandar na vida dos outros, uma atitude que abre um terreno amplo para o abuso.
ÉPOCA – Você também fala que não é só culpa do pastor.
Marília – Assim como existe a onipotência pastoral, existe a infantilidade emocional do rebanho, que é o que o Sérgio Franco, um dos pastores psicanalistas entrevistados no livro, fala. A grande crítica do Freud em relação à religião era essa. Ele dizia que a religião infantiliza as pessoas, porque você está sempre transferindo as suas decisões de adulto - que são difíceis - e a figura do sagrado, no caso aqui o líder religioso, para a figura do pai ou da mãe - o pastor, a pastora. É a tendência do ser humano em transferir responsabilidade. O pastor virou um oráculo. É mais fácil ter alguém, um bode expiatório, para pôr a culpa nas decisões erradas tomadas.
“O pastor está gostando de mandar na vida dos outrose receber presentes. Isso abre espaço para os abusos”
ÉPOCA – Quais são os grandes males espirituais que você testemunhou?
Marília – Eu vi casamentos se desfazer, porque se mantinham em bases ilusórias. Vi também pessoas dizendo que fazer terapia é coisa do Diabo. Há pastores contra a terapia que afirmam que ela fortalece a alma e a alma tem de ser fraca; o espírito é que tem que ser forte. E dizem isso supostamente apoiados em textos bíblicos. Dizem que as emoções têm de ser abafadas e apenas o espírito ser fortalecido. E o que acontece com uma teologia dessas? Psicoses potenciais na vida das pessoas que ficam abafando as emoções. As pessoas que aprenderam essa teologia e não tiveram senso crítico para combatê-la ficaram muito mal. Conheci um rapaz com muitos problemas de depressão e de autoestima que encontrou na igreja um ambiente acolhedor. Ele dizia ter ressuscitado emocionalmente. Só que com o passar dos anos, o pastor se apoderou dele. Mas ele começou a perceber que esse pastor é gente, que gosta de ganhar presentes e que usa a Bíblia para se justificar. Uma das histórias que mais me tocou foi a de uma jovem que tem uma doença degenerativa grave. Ela foi para uma dessas igrejas e ouviu que se estivesse sentindo ainda doente era porque não tinha fé suficiente em Deus. Essa moça largou os remédios que eram importantíssimos no tratamento para retardar os efeitos da miastenia grave (doença auto-imune que acarreta fraqueza muscular). O médico dela ficou muito bravo e não a autorizou. Mesmo assim, ela peitou o médico e chegou a perder os movimentos das pernas. Ela só melhorou depois de fazer terapia. Ela entendeu que não precisava se livrar da doença para ser uma boa pessoa.
ÉPOCA – Por que demora tanto tempo para a pessoa perceber que está sendo vítima?
Marília – Os abusos não acontecem da noite para o dia. A pessoa que está sendo discipulada, que aprende com o pastor o que a Bíblia diz, desenvolve esse relacionamento aos poucos. No primeiro momento, ela idealiza a figura do líder, como alguém maduro, bem preparado. É aquilo que fazemos quando estamos apaixonados: não vemos os defeitos. O fiel vê esse líder como um intermediário, como um representante de Deus que tem recados para a vida dele, um guru. E o pastor vai ganhando a confiança dele num crescendo, como numa amizade. Esse líder, que acredita que Deus o usa para mandar recados para sua congregação, passa a ser uma referência na vida do fiel. O fiel, pro sua vez, sente uma grande gratidão por aquele que o ajudou a mudar sua vida para melhor. Ele se sente devedor do pastor e começa, então, a dar presentes. O fiel quer abençoar o líder porque largou as drogas, ou parou de beber, ou parou de bater na mulher, ou porque arrumou um emprego e está andando na linha. E começa a dar presentes de acordo com suas posses. Se for um grande empresário, ele dá um carro importado para o pastor. Isso eu vi acontecer várias vezes. O pastor, por sua vez, gosta de receber esses presentes. É quando a relação se contamina, se torna promíscua. E o pastor usa a Bíblia para dizer que esse ato é bíblico. O poder está no uso da Bíblia para legitimar essas práticas.
ÉPOCA – Qual é o limite da autoridade pastoral?
Marília – O pastor tem o direito de mostrar na Bíblia o que ela diz sobre certo tema. Como um bom amigo, ele tem o direito de dar um conselho. Mas ele tem de deixar claro que aquilo é apenas um conselho. Pode até falar que o resultado disso ou daquilo pode ser ruim para a vida do fiel. Mas ele não pode mandar a pessoa fazer algo em nome de Deus. O que mais fere as pessoas é ouvir uma ordem em nome de Deus. Se é Deus, então prova! Se Deus fala para o pastor, por que Ele não fala para o fiel? Eles estão sendo extremamente autoritários.
ÉPOCA – Você afirma que muitos dos pastores não agem por má-fé, mas por uma visão messiânica. Explique.
Marília – É uma visão messiânica para com seu rebanho. Lutero (teólogo alemão responsável pela reforma protestante no século XVI) deve estar dando voltas na tumba. Porque o pastor evangélico virou um papa que é a figura mais criticada no catolicismo, o inerrante. E não existe essa figura, porque somos todos errantes, seres faltantes, como já dizia Freud. Pastor é gente. E é esse pastor messiânico que está crescendo no evangelismo. Existe uma ruptura entre o Antigo e o Novo Testamento, que é a cruz. A reforma de Lutero veio para acabar com a figura intermediária e a partir dela veio à doutrina do sacerdócio universal. Todos têm acesso a Deus. Uma das fontes do livro disse que precisamos de uma nova reforma e eu concordo com ela. Essa hierarquização da experiência religiosa, que o protestante tanto combateu no catolicismo, está se propagando. Você não pode mais ter a conversa direta com o divino. Porque tem aquela coisa da “oração forte” do pastor. Você acha que ele ora mais que você, que ele tem alguma vantagem espiritual e, se você gruda nele, pega uma lasquinha. Isso não existe. Somos todos iguais perante Deus.
ÉPOCA – Se a igreja for questionada em seus dogmas, ela não deixará de ser igreja?
Marília – Eu não acho isso. A igreja tem mesmo de ser questionada, inclusive há pensadores cristãos contemporâneos que questionam o modelo de igreja que estamos vivendo e as teologias distorcidas, como a teologia da prosperidade, que são predominantemente neopentecostais e ensinam essa grande barganha. Se você não der o dízimo, Deus vai mandar o gafanhoto. Simbolicamente falando, Ele vai te amaldiçoar. Hoje o fiel se relaciona com o Divino para as coisas darem certo. Ele não se relaciona pelo amor. Essa é uma das grandes distorções.
ÉPOCA – Por que você diz que existe uma questão cultural no abuso religioso?
Marília – Porque o brasileiro procura seus xamãs, e isso acontece em todas as religiões. O brasileiro é extremamente religioso. A ÉPOCA até publicou uma matéria sobre isso, dizendo que a maioria acredita em algo e se relaciona com isso, tentando desenvolver seu lado espiritual. O brasileiro gosta de ter seu oráculo. A pessoa que vem do catolicismo, onde há centenas de santos, e passa a ser evangélica transfere aquela prática e cultura do intermediário para o protestantismo, e muitas igrejas dão espaço para isso. O pastor Edir Macedo (da igreja Universal) trouxe vários elementos da umbanda, do candomblé, porque ele é convertido. Ele diz que o povo precisa desses elementos -que ele chama de pontos de contato - para ajudar a materializar a experiência religiosa. A Bíblia condena tudo isso.
ÉPOCA – No livro você dá alguns alertas para não cair no abuso religioso. Fale deles.
Marília – Desconfie de quem leva a glória para si. Um conselho é prestar atenção nas visões megalomaníacas. Uma das características de quem abusa é querer que a igreja se encaixe em suas visões, como quere ganhar o Brasil para Cristo e colocar metas para isso. E aquele que não se encaixar é um rebelde, um feiticeiro. Tome cuidado com esse homem. Outra estratégia é perguntar a si mesmo se tem medo do pastor ou se pode discordar dele. A pessoa que tem potencial para abusar não aceita que discorde dela, porque é autoritária. Outra situação é observar se o pastor gosta de dinheiro e ver os sinais de enriquecimento ilícito. São esses geralmente os que adoram ser abençoados e ganhar presentes. Cuidado com esse cara.
3 de Julho de 2009, às 20:14h
Jornalista relata os danos do assédio espiritual cometido por líderes evangélicos
Kátia Mello
A igreja evangélica está doente e precisa de uma reforma. Os pastores se tornaram intermediários entre Deus e os homens e cometem abusos emocionais apoiados em textos bíblicos. Essas são algumas das afirmações polêmicas da jornalista Marília de Camargo César em seu livro de estréia, Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão), que será lançado no dia 30. Marília é evangélica e resolveu escrever depois de testemunhar algumas experiências religiosas com amigos de sua antiga congregação.
ENTREVISTA - MARÍLIA DE CAMARGO CÉSAR
QUEM ÉMarília de Camargo César, 44 anos, jornalista, casada, duas filhas
O QUE FEZEditora assistente do jornal O Valor, formada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero
O QUE PUBLICOUSeu livro de estréia é Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão)
ÉPOCA – Por que você resolveu abordar esse tema?
Marília de Camargo César – Eu parti de uma experiência pessoal, de uma igreja que freqüentei durante dez anos. Eu não fui ferida por nenhum pastor, e esse livro não é nenhuma tentativa de um ato heróico, de denúncia. É um alerta, porque eu vi o estado em que ficaram meus amigos que conviviam com certa liderança. Isso me incomodou muito e eu queria entender o que tinha dado errado. Não quero que haja generalizações, porque há bons pastores e boas igrejas. Mas as pessoas que se envolvem em experiências de abusos religiosos ficam marcadas profundamente.
ÉPOCA – Qual foi à história que mais a impressionou?
Marília – Uma das histórias que mais me tocaram foi a de uma jovem que tem uma doença degenerativa grave. Em uma igreja, ela ouviu que estava curada e que, caso se sentisse doente, era porque não tinha fé suficiente em Deus. Essa moça largou os remédios que eram importantíssimos no tratamento para retardar os efeitos da miastenia grave (doença autoimune que acarreta fraqueza muscular). O médico dela ficou muito bravo, mas ela peitou o médico e chegou a perder os movimentos das pernas. Ela só melhorou depois de fazer terapia. Entendeu que não precisava se livrar da doença para ser uma boa pessoa.
ÉPOCA – Que tipo de experiência você considera como abuso religioso e que marcas são essas?
Marília – Meu livro é sobre abusos emocionais que acontecem na esteira do crescimento acelerado da população de evangélicos no Brasil. É a intromissão radical do pastor na vida das pessoas. Um exemplo: uma missionária que apanha do marido sistematicamente e vai parar no hospital. Quando ela procura um pastor para se aconselhar, ele fala assim para ela: “Minha filha, você deve estar fazendo alguma coisa errada, é por isso que o teu marido está se sentindo diminuído e por isso ele está te batendo. Você tem de se submeter a ele, porque biblicamente a mulher tem de se submeter ao cabeça da casa. Então, essa mulher, que está com a autoestima lá embaixo, que apanha do marido - inclusive pelo Código Civil Brasileiro ele teria de ser punido - pede um conselho pastoral e o pastor acaba pisando mais nela ainda. E ele usa a Bíblia para isso. Esse é um tipo de abuso que não está apenas na igreja pentecostal ou neopentecostal, como dizem. É um caso da Igreja Batista, em que, teoricamente, os protestantes históricos têm uma reputação melhor.
ÉPOCA – Seu livro questiona a autoridade pastoral. Por quê?
Marília – As igrejas que estão surgindo, as neopentecostais, e não as históricas, como a presbiteriana, a batista, a metodista, que pregam a teologia da prosperidade, estão retomando a figura do “ungido de Deus”. É a figura do profeta, do sacerdote, que existia no Antigo Testamento. No Novo Testamento, não existe mais isto. Jesus Cristo é o único mediador. Então o pastor dessas igrejas mais novas está se tornando o mediador. Para todos os detalhes da sua vida, você precisa dele. Se você recebeu uma oferta de emprego, o pastor pode dizer se deve ou não aceitá-la. Se estiver paquerando alguém, vai dizer se deve ou não namorar aquela pessoa. O pastor, em vez de ensinar a desenvolver a espiritualidade, determina se aquele homem ou aquela mulher é a pessoa da sua vida. E o pastor está gostando de mandar na vida dos outros, uma atitude que abre um terreno amplo para o abuso.
ÉPOCA – Você também fala que não é só culpa do pastor.
Marília – Assim como existe a onipotência pastoral, existe a infantilidade emocional do rebanho, que é o que o Sérgio Franco, um dos pastores psicanalistas entrevistados no livro, fala. A grande crítica do Freud em relação à religião era essa. Ele dizia que a religião infantiliza as pessoas, porque você está sempre transferindo as suas decisões de adulto - que são difíceis - e a figura do sagrado, no caso aqui o líder religioso, para a figura do pai ou da mãe - o pastor, a pastora. É a tendência do ser humano em transferir responsabilidade. O pastor virou um oráculo. É mais fácil ter alguém, um bode expiatório, para pôr a culpa nas decisões erradas tomadas.
“O pastor está gostando de mandar na vida dos outrose receber presentes. Isso abre espaço para os abusos”
ÉPOCA – Quais são os grandes males espirituais que você testemunhou?
Marília – Eu vi casamentos se desfazer, porque se mantinham em bases ilusórias. Vi também pessoas dizendo que fazer terapia é coisa do Diabo. Há pastores contra a terapia que afirmam que ela fortalece a alma e a alma tem de ser fraca; o espírito é que tem que ser forte. E dizem isso supostamente apoiados em textos bíblicos. Dizem que as emoções têm de ser abafadas e apenas o espírito ser fortalecido. E o que acontece com uma teologia dessas? Psicoses potenciais na vida das pessoas que ficam abafando as emoções. As pessoas que aprenderam essa teologia e não tiveram senso crítico para combatê-la ficaram muito mal. Conheci um rapaz com muitos problemas de depressão e de autoestima que encontrou na igreja um ambiente acolhedor. Ele dizia ter ressuscitado emocionalmente. Só que com o passar dos anos, o pastor se apoderou dele. Mas ele começou a perceber que esse pastor é gente, que gosta de ganhar presentes e que usa a Bíblia para se justificar. Uma das histórias que mais me tocou foi a de uma jovem que tem uma doença degenerativa grave. Ela foi para uma dessas igrejas e ouviu que se estivesse sentindo ainda doente era porque não tinha fé suficiente em Deus. Essa moça largou os remédios que eram importantíssimos no tratamento para retardar os efeitos da miastenia grave (doença auto-imune que acarreta fraqueza muscular). O médico dela ficou muito bravo e não a autorizou. Mesmo assim, ela peitou o médico e chegou a perder os movimentos das pernas. Ela só melhorou depois de fazer terapia. Ela entendeu que não precisava se livrar da doença para ser uma boa pessoa.
ÉPOCA – Por que demora tanto tempo para a pessoa perceber que está sendo vítima?
Marília – Os abusos não acontecem da noite para o dia. A pessoa que está sendo discipulada, que aprende com o pastor o que a Bíblia diz, desenvolve esse relacionamento aos poucos. No primeiro momento, ela idealiza a figura do líder, como alguém maduro, bem preparado. É aquilo que fazemos quando estamos apaixonados: não vemos os defeitos. O fiel vê esse líder como um intermediário, como um representante de Deus que tem recados para a vida dele, um guru. E o pastor vai ganhando a confiança dele num crescendo, como numa amizade. Esse líder, que acredita que Deus o usa para mandar recados para sua congregação, passa a ser uma referência na vida do fiel. O fiel, pro sua vez, sente uma grande gratidão por aquele que o ajudou a mudar sua vida para melhor. Ele se sente devedor do pastor e começa, então, a dar presentes. O fiel quer abençoar o líder porque largou as drogas, ou parou de beber, ou parou de bater na mulher, ou porque arrumou um emprego e está andando na linha. E começa a dar presentes de acordo com suas posses. Se for um grande empresário, ele dá um carro importado para o pastor. Isso eu vi acontecer várias vezes. O pastor, por sua vez, gosta de receber esses presentes. É quando a relação se contamina, se torna promíscua. E o pastor usa a Bíblia para dizer que esse ato é bíblico. O poder está no uso da Bíblia para legitimar essas práticas.
ÉPOCA – Qual é o limite da autoridade pastoral?
Marília – O pastor tem o direito de mostrar na Bíblia o que ela diz sobre certo tema. Como um bom amigo, ele tem o direito de dar um conselho. Mas ele tem de deixar claro que aquilo é apenas um conselho. Pode até falar que o resultado disso ou daquilo pode ser ruim para a vida do fiel. Mas ele não pode mandar a pessoa fazer algo em nome de Deus. O que mais fere as pessoas é ouvir uma ordem em nome de Deus. Se é Deus, então prova! Se Deus fala para o pastor, por que Ele não fala para o fiel? Eles estão sendo extremamente autoritários.
ÉPOCA – Você afirma que muitos dos pastores não agem por má-fé, mas por uma visão messiânica. Explique.
Marília – É uma visão messiânica para com seu rebanho. Lutero (teólogo alemão responsável pela reforma protestante no século XVI) deve estar dando voltas na tumba. Porque o pastor evangélico virou um papa que é a figura mais criticada no catolicismo, o inerrante. E não existe essa figura, porque somos todos errantes, seres faltantes, como já dizia Freud. Pastor é gente. E é esse pastor messiânico que está crescendo no evangelismo. Existe uma ruptura entre o Antigo e o Novo Testamento, que é a cruz. A reforma de Lutero veio para acabar com a figura intermediária e a partir dela veio à doutrina do sacerdócio universal. Todos têm acesso a Deus. Uma das fontes do livro disse que precisamos de uma nova reforma e eu concordo com ela. Essa hierarquização da experiência religiosa, que o protestante tanto combateu no catolicismo, está se propagando. Você não pode mais ter a conversa direta com o divino. Porque tem aquela coisa da “oração forte” do pastor. Você acha que ele ora mais que você, que ele tem alguma vantagem espiritual e, se você gruda nele, pega uma lasquinha. Isso não existe. Somos todos iguais perante Deus.
ÉPOCA – Se a igreja for questionada em seus dogmas, ela não deixará de ser igreja?
Marília – Eu não acho isso. A igreja tem mesmo de ser questionada, inclusive há pensadores cristãos contemporâneos que questionam o modelo de igreja que estamos vivendo e as teologias distorcidas, como a teologia da prosperidade, que são predominantemente neopentecostais e ensinam essa grande barganha. Se você não der o dízimo, Deus vai mandar o gafanhoto. Simbolicamente falando, Ele vai te amaldiçoar. Hoje o fiel se relaciona com o Divino para as coisas darem certo. Ele não se relaciona pelo amor. Essa é uma das grandes distorções.
ÉPOCA – Por que você diz que existe uma questão cultural no abuso religioso?
Marília – Porque o brasileiro procura seus xamãs, e isso acontece em todas as religiões. O brasileiro é extremamente religioso. A ÉPOCA até publicou uma matéria sobre isso, dizendo que a maioria acredita em algo e se relaciona com isso, tentando desenvolver seu lado espiritual. O brasileiro gosta de ter seu oráculo. A pessoa que vem do catolicismo, onde há centenas de santos, e passa a ser evangélica transfere aquela prática e cultura do intermediário para o protestantismo, e muitas igrejas dão espaço para isso. O pastor Edir Macedo (da igreja Universal) trouxe vários elementos da umbanda, do candomblé, porque ele é convertido. Ele diz que o povo precisa desses elementos -que ele chama de pontos de contato - para ajudar a materializar a experiência religiosa. A Bíblia condena tudo isso.
ÉPOCA – No livro você dá alguns alertas para não cair no abuso religioso. Fale deles.
Marília – Desconfie de quem leva a glória para si. Um conselho é prestar atenção nas visões megalomaníacas. Uma das características de quem abusa é querer que a igreja se encaixe em suas visões, como quere ganhar o Brasil para Cristo e colocar metas para isso. E aquele que não se encaixar é um rebelde, um feiticeiro. Tome cuidado com esse homem. Outra estratégia é perguntar a si mesmo se tem medo do pastor ou se pode discordar dele. A pessoa que tem potencial para abusar não aceita que discorde dela, porque é autoritária. Outra situação é observar se o pastor gosta de dinheiro e ver os sinais de enriquecimento ilícito. São esses geralmente os que adoram ser abençoados e ganhar presentes. Cuidado com esse cara.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Que País é Este?
Que País é Este?
Por Diamantino Trindade
http://br.mc332.mail.yahoo.com/mc/compose?to=tynus_ciencia@yahoo.com.br
No longo do tempo não foram apenas os católicos que atacaram a Umbanda, pois os evangélicos já fazem isso há muito tempo. Jefferson Magno da Costa, da Assembléia de Deus, no seu livro Porque Deus condena o Espiritismo, de 1987, procura mostrar que é possível doutrinar espíritas, umbandistas e adeptos do Candomblé.
Na capa do livro podemos ler:
“Você está preparado para evangelizar adeptos do Kardecismo, da Umbanda e Candomblé no maior país espírita do mundo, o Brasil? Você sabe como demonstrar que a evocação dos espíritos de pessoas falecidas, a reencarnação, o jogo de búzios, a cartomancia, os horóscopos e as doutrinas espíritas são condenados por Deus? Se não sabe, este livro lhe ensinará”.
O pastor Geziel Gomes escreve no livro:
“Devemos reconhecer que temos sido tomados de certa indiferença ante o enorme perigo que representa a disseminação do Espiritismo no Brasil. Agora, no entanto, Deus nos permite ser munidos e municiados para uma batalha que se afigura extremamente árdua, mas de vitória garantida por Jesus Cristo. Este livro pode e deve ser recomendado para leitura devocional, para estudo em classe, para aulas regulares de seminários e colégios afins, bem como para classes bíblicas especialmente criadas para este propósito. Não nos basta saber que Deus condena o Espiritismo. É conveniente expor as razões. Este livro responderá a inúmeras perguntas, combaterá inúmeras heresias, dirimirá inúmeras dúvidas e iluminará inúmeras mentes. Tal será a sua missão”.
Podemos perceber a intolerância religiosa tão em moda nos dias de hoje.
É possível também constatar que o autor é um pesquisador como vemos no capítulo intitulado “Porque Deus condena a Umbanda e o Candomblé” onde aborda a origem da Umbanda:
“Os dirigentes umbandistas tem procurado apresentar essa manifestação do culto espírita em nosso país com uma fachada atraente, popular, reunindo também elementos do catolicismo Romano e do espiritismo kardecista.
Segundo os umbandistas, o início da Umbanda tem uma data: 15 de novembro de 1908, através do médium Zélio Fernandino de Moraes (Israel Cysneiros. Umbanda: poder e magia. Rio de Janeiro. 1983. p.100)”.
Ao longo do livro o autor mostra relatos de umbandistas descontentes com a religião e aponta como é possível doutriná-los.
Diz ainda que é necessário que as igrejas evangélicas no Brasil organizem grupos específicos de evangelização de espíritas. É importante que entre os componentes desses grupos haja evangélicos convertidos do espiritismo kardecista ou de qualquer uma das tendências espíritas afro-brasileiras.
Não podemos esquecer que alguns desses milionários pastores da atualidade foram umbandistas, por isso sabem como “doutrinar os Exus” nos seus cultos televisivos. Um deles distribuía fichas para consultas num conhecido terreiro em Itacuruçá.
Fico à disposição desses pastores para ser “doutrinado” ou para que doutrinem Exus de verdade.
Vale a pena lembrar que em março de 2009, no Rio de Janeiro, Tupirani da Hora Lores, pastor da Igreja Geração Jesus Cristo, e o fiel Afonso Henrique Alves Lobato foram acusados dos crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime e tiveram a prisão preventiva decretada em 19 de junho, pela juíza Maria Elisa Lubanco, da 20ª Vara Criminal. Entretanto, os dois foram soltos algumas semanas depois, após conseguirem um habeas corpus concedido pelo desembargador Luiz Felipe Haddad, da 6ª Câmara Criminal.
Afonso divulgou na internet, em março, um vídeo no qual faz ofensas às religiões afro-brasileiras, às polícias Civil e Militar e à imprensa. O vídeo foi publicado com o consentimento do pastor Tupirani. Nas imagens, Afonso afirma, entre outras coisas, que “todo pai de santo é homossexual” e que “centro espírita é lugar de invocação do diabo”. Eles foram os primeiros presos em todo o país com base no crime de intolerância religiosa, previsto na Lei 7.437, de 1985 — mais conhecida como Lei Caó.
Como diz Renato Russo: que pais é este? Que país é este onde criminosos, corruptos e intolerantes religiosos recebem hábeas corpus após afrontar a lei e seus semelhantes?
Umbandista: se você não quer “ser doutrinado” por esses seres inomináveis, que tal começar a valorizar a sua religião e deixar os egos de lado para que unidos possamos mostrar que a Umbanda não é melhor nem pior do que as outras. Apenas uma legitima manifestação de fé que nos foi trazida do Astral Superior pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, Zélio de Moraes e tantos outros abnegados trabalhadores a serviço da caridade.
O inciso 42 do artigo 5° da Constituição Federal prevê a prática do racismo como crime inafiançável. O autor desta lei - deputado Carlos Alberto Caó (PDT-RJ) - integrava, à época a Assembléia Nacional Constituinte de 1988. Carlos Alberto Caó destacou-se na luta em defesa dos direitos dos negros no Brasil. Como parlamentar, legislou a respeito da tipificação do crime de racismo, lei que leva o seu nome.
Carlos Alberto Caó
UEE-RJ homenageia Caó
25/11/2008
O ex-deputado federal Carlos Alberto Caó de Oliveira, foi homenageado no último dia 20/11/2008 pela União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ) durante a cerimônia de Abertura da Bienal de Arte e Cultura, momento em que recebeu placa homenageando-o como um dos principais ativistas da causa negra no Brasil.
Caó é jornalista e começou sua militância no movimento estudantil bem jovem, por volta dos 15 anos de idade.Ele foi o primeiro presidente negro da União Estadual dos Estudantes da Bahia (UEE-BA) e também foi o primeiro negro a ocupar uma vice-presidência da UNE, quando esteve à frente da pasta de relações internacionais.
Outro destaque na sua vida foi sua ação política enquanto parlamentar da bancada do PDT-RJ quando conseguiu aprovar a Lei que criminaliza a prática do racismo no Brasil. Sua ação foi tão marcante que a lei foi batizada com seu nome – Lei Caó – e hoje é um importante instrumento na luta contra o preconceito racial e a igualdade para todos.
A iniciativa da homenagem foi da Diretoria de Diversidade Étnica da UEE-RJ que é ocupada pelo estudante e militante da JS/PDT – RJ Bruno Franco, que disse: “Caó é um símbolo da luta contra o racismo no país. Fazer esta homenagem é apenas um singelo agradecimento de todos os estudantes do Rio de Janeiro, negros ou não, por todo seu passado e presente de luta contra o preconceito racial. A UEE-RJ luta contra o preconceito de qualquer tipo e esta homenagem marca a posição da entidade neste sentido”, garantiu.
matéria/fonte: http://www.juventudesocialistapdtrj.blogspot.com/
Por Diamantino Trindade
http://br.mc332.mail.yahoo.com/mc/compose?to=tynus_ciencia@yahoo.com.br
No longo do tempo não foram apenas os católicos que atacaram a Umbanda, pois os evangélicos já fazem isso há muito tempo. Jefferson Magno da Costa, da Assembléia de Deus, no seu livro Porque Deus condena o Espiritismo, de 1987, procura mostrar que é possível doutrinar espíritas, umbandistas e adeptos do Candomblé.
Na capa do livro podemos ler:
“Você está preparado para evangelizar adeptos do Kardecismo, da Umbanda e Candomblé no maior país espírita do mundo, o Brasil? Você sabe como demonstrar que a evocação dos espíritos de pessoas falecidas, a reencarnação, o jogo de búzios, a cartomancia, os horóscopos e as doutrinas espíritas são condenados por Deus? Se não sabe, este livro lhe ensinará”.
O pastor Geziel Gomes escreve no livro:
“Devemos reconhecer que temos sido tomados de certa indiferença ante o enorme perigo que representa a disseminação do Espiritismo no Brasil. Agora, no entanto, Deus nos permite ser munidos e municiados para uma batalha que se afigura extremamente árdua, mas de vitória garantida por Jesus Cristo. Este livro pode e deve ser recomendado para leitura devocional, para estudo em classe, para aulas regulares de seminários e colégios afins, bem como para classes bíblicas especialmente criadas para este propósito. Não nos basta saber que Deus condena o Espiritismo. É conveniente expor as razões. Este livro responderá a inúmeras perguntas, combaterá inúmeras heresias, dirimirá inúmeras dúvidas e iluminará inúmeras mentes. Tal será a sua missão”.
Podemos perceber a intolerância religiosa tão em moda nos dias de hoje.
É possível também constatar que o autor é um pesquisador como vemos no capítulo intitulado “Porque Deus condena a Umbanda e o Candomblé” onde aborda a origem da Umbanda:
“Os dirigentes umbandistas tem procurado apresentar essa manifestação do culto espírita em nosso país com uma fachada atraente, popular, reunindo também elementos do catolicismo Romano e do espiritismo kardecista.
Segundo os umbandistas, o início da Umbanda tem uma data: 15 de novembro de 1908, através do médium Zélio Fernandino de Moraes (Israel Cysneiros. Umbanda: poder e magia. Rio de Janeiro. 1983. p.100)”.
Ao longo do livro o autor mostra relatos de umbandistas descontentes com a religião e aponta como é possível doutriná-los.
Diz ainda que é necessário que as igrejas evangélicas no Brasil organizem grupos específicos de evangelização de espíritas. É importante que entre os componentes desses grupos haja evangélicos convertidos do espiritismo kardecista ou de qualquer uma das tendências espíritas afro-brasileiras.
Não podemos esquecer que alguns desses milionários pastores da atualidade foram umbandistas, por isso sabem como “doutrinar os Exus” nos seus cultos televisivos. Um deles distribuía fichas para consultas num conhecido terreiro em Itacuruçá.
Fico à disposição desses pastores para ser “doutrinado” ou para que doutrinem Exus de verdade.
Vale a pena lembrar que em março de 2009, no Rio de Janeiro, Tupirani da Hora Lores, pastor da Igreja Geração Jesus Cristo, e o fiel Afonso Henrique Alves Lobato foram acusados dos crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime e tiveram a prisão preventiva decretada em 19 de junho, pela juíza Maria Elisa Lubanco, da 20ª Vara Criminal. Entretanto, os dois foram soltos algumas semanas depois, após conseguirem um habeas corpus concedido pelo desembargador Luiz Felipe Haddad, da 6ª Câmara Criminal.
Afonso divulgou na internet, em março, um vídeo no qual faz ofensas às religiões afro-brasileiras, às polícias Civil e Militar e à imprensa. O vídeo foi publicado com o consentimento do pastor Tupirani. Nas imagens, Afonso afirma, entre outras coisas, que “todo pai de santo é homossexual” e que “centro espírita é lugar de invocação do diabo”. Eles foram os primeiros presos em todo o país com base no crime de intolerância religiosa, previsto na Lei 7.437, de 1985 — mais conhecida como Lei Caó.
Como diz Renato Russo: que pais é este? Que país é este onde criminosos, corruptos e intolerantes religiosos recebem hábeas corpus após afrontar a lei e seus semelhantes?
Umbandista: se você não quer “ser doutrinado” por esses seres inomináveis, que tal começar a valorizar a sua religião e deixar os egos de lado para que unidos possamos mostrar que a Umbanda não é melhor nem pior do que as outras. Apenas uma legitima manifestação de fé que nos foi trazida do Astral Superior pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, Zélio de Moraes e tantos outros abnegados trabalhadores a serviço da caridade.
O inciso 42 do artigo 5° da Constituição Federal prevê a prática do racismo como crime inafiançável. O autor desta lei - deputado Carlos Alberto Caó (PDT-RJ) - integrava, à época a Assembléia Nacional Constituinte de 1988. Carlos Alberto Caó destacou-se na luta em defesa dos direitos dos negros no Brasil. Como parlamentar, legislou a respeito da tipificação do crime de racismo, lei que leva o seu nome.
Carlos Alberto Caó
UEE-RJ homenageia Caó
25/11/2008
O ex-deputado federal Carlos Alberto Caó de Oliveira, foi homenageado no último dia 20/11/2008 pela União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ) durante a cerimônia de Abertura da Bienal de Arte e Cultura, momento em que recebeu placa homenageando-o como um dos principais ativistas da causa negra no Brasil.
Caó é jornalista e começou sua militância no movimento estudantil bem jovem, por volta dos 15 anos de idade.Ele foi o primeiro presidente negro da União Estadual dos Estudantes da Bahia (UEE-BA) e também foi o primeiro negro a ocupar uma vice-presidência da UNE, quando esteve à frente da pasta de relações internacionais.
Outro destaque na sua vida foi sua ação política enquanto parlamentar da bancada do PDT-RJ quando conseguiu aprovar a Lei que criminaliza a prática do racismo no Brasil. Sua ação foi tão marcante que a lei foi batizada com seu nome – Lei Caó – e hoje é um importante instrumento na luta contra o preconceito racial e a igualdade para todos.
A iniciativa da homenagem foi da Diretoria de Diversidade Étnica da UEE-RJ que é ocupada pelo estudante e militante da JS/PDT – RJ Bruno Franco, que disse: “Caó é um símbolo da luta contra o racismo no país. Fazer esta homenagem é apenas um singelo agradecimento de todos os estudantes do Rio de Janeiro, negros ou não, por todo seu passado e presente de luta contra o preconceito racial. A UEE-RJ luta contra o preconceito de qualquer tipo e esta homenagem marca a posição da entidade neste sentido”, garantiu.
matéria/fonte: http://www.juventudesocialistapdtrj.blogspot.com/
sábado, 18 de julho de 2009
Candomblé e Umbanda são declarados patrimônios imateriais
O candomblé foi declarado patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro. A lei foi sancionada pelo governador em exercício Luiz Fernando de Souza Pezão e publicada ontem no Diário Oficial. O projeto foi proposto pelo deputado Gilberto Palmares (PT). O mesmo projeto para a umbanda já foi aprovado pela Alerj e aguarda sanção do governador.
A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa comemorou a notícia nesta sexta. Para Jorge Mattoso, secretário da comissão, a lei vai ajudar a diminuir o preconceito.
- Para a gente foi muito importante. Vai significar um resgate da auto-estima e elevar o respeito frente a atos de intolerância religiosa. Isso vai abrir portas, pois vamos poder fechar convênios com várias entidades.
Mattoso espera que a lei estadual ajude na aprovação de uma lei federal. A comissão fez um encaminhamento do pedido, durante a 2ª Conferência de Igualdade Racial, realizada em junho, em Brasília.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Os guardiões incompreendidos - Douglas Fersan
Provavelmente uma das manifestações divinas mais difíceis de se entender é a dualidade. O pensamento ocidental, maniqueísta, calcado em valores cristãos – devidamente distorcidos de acordo com interesses políticos e econômicos ao longo da História – estabeleceu um padrão de pensamento em que existem duas forças antagônicas: o bem e o mal, sempre em constante batalha pelo domínio do mundo e da alma de seus habitantes. Assim, tudo que não segue a estética e a moral ocidental-cristã é imediatamente associado à sua antítese: as forças maléficas regidas por seres do mal, chamado de demônios.
Esse tipo de pensamento traz em si um paradoxo, já que o próprio livro sagrado do Cristianismo afirma que Deus é onipresente. Estando em todas as partes, Deus estaria também nas regiões trevosas da espiritualidade – regiões que muitos tomaram por costume chamar de inferno.
Então Deus estaria no inferno? Parece uma heresia total fazer tal afirmação, mas sendo Ele um ser onipresente, deve (ou deveria) estar em todos os lugares.
A crença de um inferno de penas eternas e governado por um ser excepcionalmente maldoso também faz parte do imaginário cristão e, dentro desse raciocínio contraditório, não haveria lugar para Deus nessa região – mesmo sendo Ele onipresente (?).
Dentro da filosofia que norteia o pensamento umbandista, descartamos essa idéia de inferno. Admitimos a existência de regiões espirituais trevosas, densas, onde se encontram aqueles espíritos que não atingiram a elevação moral esperada, elevação essa que pode ser conquistada um dia, não necessariamente através de expiações, mas também do trabalho árduo na espiritualidade. No entanto, nessas regiões ainda reina uma espécie de barbárie espiritual, já que os valores morais de seus habitantes não são os mais elevados, necessitando assim de alguém que controle suas ações, não permitindo que outras esferas (como a dos encarnados, por exemplo) sejam alvos dos ataques e obsessão desses espíritos. É nesse contexto que começamos a entender o papel dos Exus, os guardiões tão incompreendidos e injustiçados, que atuam como agentes da Lei e da Ordem dentro desse princípio da dualidade divina. Entender Exu é entender o próprio funcionamento da Lei Maior.
Antes de qualquer coisa é preciso saber a diferença entre o Orixá Exu e o Exu catiço, da Umbanda. A palavra Exu, que significa “Esfera”, remete aos cultos africanos e ao Orixá de mesmo nome. Como bem sabemos, por diversos fatores históricos, houve no Brasil um processo chamado sincretismo, através do qual as divindades africanas foram associadas aos santos católicos. Assim, Iansã, por exemplo, que é a divindade dos raios e das tempestades, foi sincretizada com Santa Bárbara, já que essa santa também é associada aos raios e trovões. Ogum, o Orixá guerreiro, foi sincretizado com São Jorge, o patrono militar dos católicos, e assim por diante. No entanto, com o Orixá Exu houve, ainda dentro do sincretismo, um processo de demonização. Sendo Exu a divindade ligada à fertilidade, à sexulidade e à virilidade – inclusive carregando, em suas representações, um cetro em forma de falo – e tendo uma personalidade um tanto rebelde, como nos contam as itans (lendas africanas dos Orixás), não tardou para que fosse associado ao demônio bíblico/católico. Assim, desde o princípio, Exu foi temido, e provavelmente gostou disso, levando-se em conta seu caráter irreverente.
Apesar da confusão em torno da natureza de Exu, não podemos esquecer e nem desprezar sua importância dentro do panteão africano e de seu funcionamento, já que ele atua como “mensageiro” ou “intermediário” entre os homens e os Orixás.
Nos cultos de Umbanda também encontramos Exu, porém não na figura de um Orixá, e sim de um espírito catiço, um desencarnado, que viveu em Terra e procura, através do trabalho na espiritualidade, alcançar o progresso moral.
Também associado a figuras demoníacas, o Exu da Umbanda é um valoroso trabalhador, que indiferente a essas interpretações calcadas em visões preconceituosas, segue perseverante no cumprimento de sua tarefa.
O papel do Exu numa gira de Umbanda é de fundamental importância, realizando a segurança do terreiro – imaginem quantos kiumbas (espíritos trevosos e zombeteiros) atacariam uma tenda de Umbanda a fim de atrapalhar seus trabalhos, se não fosse a presença dos Exus, trancando a sua passagem. Em casos de descarregos, também são os Exus os principais agentes, pois cabe a eles a tarefa de encaminhar cada espírito, seja um pobre sofredor desorientado, ou um perigoso obsessor ao seu local de merecimento e/ou tratamento.
Exu também é o agente da justiça kármica, sendo sua tarefa levar a cada um o que lhe é de direito ou merecimento – por isso também a confusão em torno de seu caráter, já que ao coração humano é muito fácil aceitar o que é agradável, mas muito difícil entender que os revezes da vida muitas vezes são resultado de nossas próprias ações.
Ao contrário daquilo que falam sobre eles, os Exu são fiéis amigos, sempre dispostos a ajudar seus protegidos, mas também exigindo uma conduta deles, pois são extremamente rigorosos.
De uma forma bastante simplificada, podemos entender o Exu como uma mistura entre o carteiro e o gari, pois ele traz aquilo que deve ser entregue e varre aquilo que deve ser levado.
sábado, 4 de julho de 2009
CONVIVER PARA APROXIMAR
Para nos aproximar, precisamos conviver. Sem dúvida as reuniões para dialogar sobre tema doutrinários, as palestras para compartilhar experiências, os debates são indispensáveis.
Também é indispensável, expressar nosso pensamento, de maneira livre, ponderada, buscando mostrar aquilo que consideramos adequado para aquele momento e para aquele grupo com o qual convivemos. Conversando é que se entende.
Aproximar para unir, não unificar. União com respeito. Respeito a diversidade de rituais. Respeito ao entendimento de cada um. Uma comunidade onde possa haver convergência pelos elementos semelhantes.
A união com respeito, pressupõe que não haja necessidade de ninguém decretar o que é certo. Mesmo porque o que é certo? Existe “um certo” só? Se alguém se arvora do direito de estabelecer o que é certo, é preciso refletir, pois algo deve estar errado.
Tenho preferência por buscar aproximação através da convivência, ao participar dos rituais das casas que tenho tido a sorte de conhecer e onde tenho tido a felicidade de fazer amigos de fazer amigos. Ao participar de um ritual, minha sensibilidade se intensifica e meu coração se expande, tornando-me mais receptivo ao amor incondicional que emana de Aruanda.
Ritos de convergência! Que os Orixás nos ajudem para que se multipliquem. Que no seu contexto também aconteçam os “Ritos” de convivência, de compreensão, de respeito, de admiração, de aprendizado, de crescimento, de alegria, de amor fraterno.
É normal que, para conviver, sejam necessários alguns ajustes. Também é normal que, a escolha de cada um, estes ajustes existam somente durante a convivência.
Quando falamos em Rito, vem a nossa mente a nossa pratica habitual, os elementos que são usados na casa onde praticamos nossa Fé. Aquilo que aprendemos ser adequado e necessário à prática da “nossa” Umbanda.
Mas e os nosso irmãos de Fé de outros Agrupamentos e Instituições?
Será que estariam errados em acrescentar ou retirar elementos de seus rituais, em ações que são frutos do seu entendimento e sensibilidade, que podem se aproximar ou se distanciar do nosso?
Quando cada um de nós cede um pouquinho a sua pratica habitual, é mais provável que haja consenso.
Num Rito conjunto, o consenso pode ser não usar bebidas. Se costumamos usar a bebida nos rituais de nossas Casas, acredito que os Guias de Luz que nos assistem a substituam pela vibração da reunião, do local, e até mesmo possam usar água para isso. Ah! Mas é diferente, a bebida é usada como elo vibratório, repositor de energia, para descarregar. Creio que nossa boa vontade vai elevar nosso pensamento, nos colocar em sintonia com o mundo espiritual, que vai suprir a diferença quando necessário.
Num Rito comunitário, o consenso pode ser não usar cigarro ou charuto. Se costumarmos usar cigarro e charuto, nos rituais de nossas Casas, acredito que os Guias de Luz que nos assistem os substituirão pelas nossas ligações mentais com a natureza. Ah! Mas não é a mesma coisa, pois a fumaça é usada na limpeza do ambiente. Creio que a alegria da nossa união vai complementar a energia necessária para esse fim, e, além disso, poderá ser extraído da defumação (se houver), os elementos necessários.
E se a afirmação for insuficiente ou excessiva?
E se não houver Pemba e Ponto Riscado?
E se não houver a saudação ou a chamada a uma Linha?
E se não for puxado o Ponto de determinada Entidade?
E se não houver determinada imagem no Congá? E se não houver Congá?
E se não for firmada vela para Anjos da Guarda?
E se não for usada alfazema ou outra essência?
E se não houver doces para as Crianças?
E se o passe for coletivo, diferente do que estamos habituados?
E se não houver consulta?
E se esses elementos são indispensáveis?
E se nós não usamos Atabaques?
E se nós não usamos adeja?
E se nós não batemos palmas?
E se nós não batemos os pés?
E se a letra, a cadencia ou a melodia dos Pontos é outra?
E se nós não usamos Tronqueira?
E se nós nos abraçamos mais ou nos abraçamos menos?
E se nós batemos Cabeça no inicio e não no fim do ritual?
E se cantamos o Hino da Umbanda no inicio e não no fim do ritual?
E o cruzamento de energias?
E se tudo isso é diferente do que estamos acostumados?
Não há Umbanda sem isso!
Não é Umbanda com aquilo!
Mas então, em nome do respeito, da convergência, pode tudo?
Confesso que, até o momento, minha vivencia, entendimento e consciência não me permitem aceitar duas coisas:
1) não aceito a cobrança: pois pedi, de graça recebi o dom da Mediunidade e de graça acredito que devo servir de instrumento ao mundo espiritual e àqueles que se assistem.
2) não aceito o sacrifício de animais: pois aprendi que a Umbanda é uma celebração a vida. Há outras formas e elementos que podem suprir perfeitamente essa necessidade.
Mas então não precisa de nada?
Precisa de amor, de Fé, de humildade, de praticar a caridade, de respeito, de estudo, de paciência, de dedicação, de bom-senso.
Quais Elementos ritualísticos são indispensáveis em nossa opinião?
Creio que após um pequeno esforço, algumas concessões, nós conseguiremos. O amor e a compreensão serão maiores que qualquer diferença.
Após vermos que não é tão difícil, poderemos repetir isso outras vezes se agirmos com a mesma alegria e satisfação com as quais tivermos nossos pedidos atendidos. Trabalharemos para que, em outras oportunidades, novos Elementos ritualísticos possam ser adicionados e talvez alguns retirados.
Nada vai mudar em nossas Casas. O Rito conjunto só vai ser um pouquinho diferente. E diferente não precisa ser errado.
Que possamos aproveitar esses momentos e formar uma Corrente única, unida pela Fé, para que com alegria, agradeçamos aos Orixás da nossa Umbanda querida, pela oportunidade de estarmos juntos, de levarmos sua Bandeira de amor e paz e de cumprirmos nossa missões com carinho e dedicação e seriedade.
Que Zambi nos permita, muitas Reuniões de amor, de paz, de harmonia, de entendimento. Que nossos Grupos e Instituições possam se aproximar, formando Comunidades que resultarão num mundo cada vez melhor.
Meu Sarava fraterno a todos os amigos, as amigas, os irmãos e as irmãs de Fé. Que nossos laços de amizade se fortaleçam cada vez mais.
Salve Zambi!
Salve todos os Orixás!
Salve todas as Linhas!
Salve todos os Guias e Protetores!
Salve todas as Falanges e Falangeiros!
E salve a Umbanda!
Leni W. Saviscki
Sociedade Fraternal Cantinho da Luz
Erechim – RS
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