domingo, 15 de fevereiro de 2009

BATER CABEÇA NÃO É ATO DO INSCONCIENTE COLETIVO.


Quero trazer aqui uma questão que muitas vezes é mal compreendida ou interpretada de forma diferente por pesquisadores, quanto ao ritual de bater cabeça dentro das religiões afro-brasileiras.
Dento da história temos várias interpretações, e dentro dos conhecimentos das casas cada dirigente passa aos seus seguidores da forma a qual lhe foi ensinado, mas o ato de se bater à cabeça é um fundamento importante dentro da religião.
Vejam que já falamos muito sobre o respeito, a devoção, mas esquecemos que tudo esta ligado não só à simbologia mas ao ritual e a preparação não só para os trabalhos mas para que possamos entrar em contato com todas as energias e com nosso orixá.
As formas de reverenciar os orixás são muitas, da mesma forma quando reconhecemos a autoridade de um dirigente, mas neste caso quando levamos nosso ori ao chão estamos reconhecendo o quanto da importância dos orixás em nossa vida, e no caso do dirigente o respeito e a permissão de que possa o filho de santo adquirir conhecimento daquele que esta cuidando da sua formação espiritual. Sim amigos o dirigente tem responsabilidade na formação espiritual de seus filhos, bem como ele lhe deve o respeito, porém aos olhos de muitos isso é uma maneira arcaica de concepção e até de submissão, mas se buscarmos na história este ato vem acompanhado de inúmeros fundamentos e sentidos, que podem ser aplicados nos dias de hoje sim. O grande problema é que na atual sociedade consumista e muitas vezes descrente de qualquer religião onde a necessidade pelo dinheiro e de mostrar suas conquistas através dos seus bens tornam as pessoas seres acima de qualquer coisa.
A humildade e a beleza deste ato, mostra o quanto podemos nos ligar com as energias fazendo a troca e a renovação para o caminhar do nosso dia a dia, vale lembrar aos amigos que é um compartilhamento de conhecimentos que apresento para que possamos debater juntos.


Aos pés do conga.


Quando batemos cabeça no conga, estamos não só reconhecendo a força dos orixás em nossas vidas, mas estamos ali nos apresentando como instrumentos, uma canal de comunicação e de trabalho dentro da religião e entregando nossas virtudes e franquezas, ao estar com seu ori no chão é importante sempre pedir a renovação das nossas forças e que possamos conduzir dentro e fora dos trabalhos à retidão dos nossos atos.

Muitos médiuns principalmente os sensitivos, quando estão aos pés do conga, conseguem perceber uma energia corrente passando enquanto estão firmando seus pedidos, muitos recebem mensagens dos orixás e entidades, a ligação se estreita de tal forma que é possível perceber as alterações do médium quando se levanta.

Bater cabeça e saudar o couro.


Poucas casas falam da necessidade de bater cabeça aos atabaques, muito feito somente pelos dirigentes, mas é importante sim pois o couro e os ogãs, são condutores das energias de ligação com os orixás e entidades, na maioria das casas o povo de santo somente saúda o couro num gesto muitas vezes automático.

Mas é importante saber, que é pelo couro que passam todas as correntes fluídicas do trabalho, antes durante e depois, a relevância e o papel dos atabaques bem como dos Ogãs esta relatado no blog da nossa irmã Áurea, cujo texto é muito coerente e vem de encontro com que estamos tratando.


Por que bater cabeça para o Pai ou Mãe de Santo.


Este para mim é o ponto mais polêmico sobre o assunto, nos dias de hoje muitos dirigentes abriram mão dos seus filhos de bater cabeça aos seus pés, e trocaram por simples cumprimento e pedido de benção, o que não deixa de estar correto, porém há muito tempo víamos este ato como somente simbólico o que gerou esta mudança, mas converse você com dirigentes antigos e veja como eles tratam o assunto.

Bater a cabeça a um Pai ou Mãe de Santo, significa respeito ao orixá do dirigente, permissão para que as entidades e os orixás daquele filho possa trabalhar, reconhecimento do acumulo vivido na religião, e por fim um pedido de benção e proteção por fazer parte daquela família.

Em outras épocas os filhos de santo deveriam abaixar as suas cabeças quando o dirigente estivesse passando e nem olhar para ele, em forma de respeito, mas esta radicalidade foi superado nos dias de hoje, como também trouxe muita falta de respeito para com os dirigentes. Mas isto é tema para um outro assunto.

Então vejo o ato de bater cabeça não como um ato simplista e simbólico, e nem como inconsciente coletivo, trazendo aos olhos dos que não são da religião mas pesquisam um ato arcaico, ele tem fundamento e conceitos, de forma que busca manter o respeito, a hierarquia, mas principalmente o contato das energias recorrentes dentro da casa, e fora dela.

É preciso olhar com muito carinho para com este ato, e não trata-lo de maneira simplista, ou de forma cultural, poética, não é isso o seu significado, mas respeito claro a visão de cada um, e do seu acumulo sobre o assunto, mas neste espaço é importante que se apresente todas as linhas de pensamentos, para nosso entendimento.

Axé irmãos........

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