Eu me chamo Rompe-Matoo paranga
sábado, 31 de janeiro de 2009
PONTOS DE CABOCLOS
Eu me chamo Rompe-Matoo paranga
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
CONGÁ
ESCOADOR: se o consulente ainda tiver formas-pensamentos negativas, ao chegar na frente do congá, elas serão descarregadas para a terra, passando por ele (o congá) em potente influxo, como se fosse um pára-raios.
EXPANSOR: expande as ondas mentais positivas dos presentes; associadas aos pensamentos dos guias que as potencializam, são devolvidas para toda a assistência num processo de fluxo e refluxo constante.
TRANSFORMADOR: funciona como uma verdadeira usina de reciclagem de lixo astral, devolvendo-o para a terra; alimentador: é o sustentador vibratório de todo o trabalho mediúnico, pois junto dele fixam-se no Astral os mentores dos trabalhos que não incorporam.
A LINHA DOS BAIANOS
Por muitos anos e em muitas casas a linha dos Baianos não era aceita, pois havia o argumento que logo surgiriam outras linhas com nomes de estados, porém, o que se notou foi que mesmo entidades que num determinado momento que encarnaram em outros estados do norte e nordeste brasileiro, tendem a fazer parte desta linha de trabalho.
Um exemplo disso é o Sr. Zé Pelintra, que ao que tudo indica nasceu no estado de Alagoas e que geralmente vem na linha de trabalho dos Baianos.
Veja que, esta linha é uma linha de trabalho comum em São Paulo, enquanto em outros estados trabalha-se mais com a linha dos Malandros, em que também se tem a presença do Sr. Zé Pelintra.
A linha dos Baianos é uma linha excelente para a atuar na quebra de demanda e atuam tanto na Direita como na Esquerda e, quando isso acontece, algumas casas denominam como sendo a “virada de Baianos”.
Baianos que conheci durante essa caminhada entre eles, Maria do Coco, Severino, Zé do Coco, Sr. Zé Pelintra ou o primeiro que tive contato que simplesmente denominava-se Baiano, entre outros, deram-me lições de vida impressionante, como o senso de justiça, da humildade, da simplicidade, da fé e da alegria de viver mesmo com todas as dificuldades.
Mostraram-me que ter autoconfiança é extremamente importante, porém não deve ser confundido com auto-suficiência. Mostraram, ainda, que a fé deve ser pautada num momento de lucidez e não usada como muleta. E que a espiritualidade esta sempre atenta e alerta para ajudar aqueles que se ajudam.
Esta linha, boa de papo, boa de história, boa de ensinamentos e boa de trabalho, faz com que nossas giras fiquem alegres toda vez que eles nos brindam com sua presença.
SALVE O GRANDE CRUZEIRO DA BAHIA, MEU PAI!!!
Jairo Pereira Jr. - 2009
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 1 filha e Umbandista
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
MENSAGENS DO NOSSO IRMÃO CLAUS.
Será que você investe em pensamentos benéficos e nutritivos? Será que você acredita em pensamentos que lhe tragam vantagens interiores e conseqüentemente exteriores? Será que você está com a mente intoxicada de pensamentos negativos que contaminam e comprometem seu desfrute de vida?Pare de ler um pouco agora e observe quais são as características dominantes de seus pensamentos. Isso é muito importante, porque criamos aquilo que vivemos através dos nossos pensamentos e das nossas crenças. Pensamento é o modo de formatar a energia de crença.
Somos constantemente ameaçados pelo desânimo, desespero, e angústia, mas podemos reagir. Não vamos mais aceitar a posição de vítima. Quando reagimos, aprendemos e lucramos. Tudo é conquista. E o que cada um precisa é construir uma atitude mais positiva e progressista.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
EM BUSCA DE UMA FÉ RACIONAL
O tema pode parecer contraditório, pois por definição de fé temos que é aquilo que se acredita ou a crença, enquanto em contrapartida, a racionalidade é algo pensado, deduzido da razão.
Apesar de toda contrariedade das duas palavras, a fé racional norteia os fundamentos de religiões como a Umbanda ou de doutrinas como o Espiritismo.
Umbandistas e Espíritas acreditam que a fé não deve ser constituída de uma necessidade sem que haja uma razão para tal. É como se pelo fato de não poder ver é que não se acredita, ora, pois, não vemos o ar e ele é tão necessário para nossa vida como nossa fé o é.
Nossa fé está pautada na existência de um Deus, e isso é ponto comum a todas a religiões, porém a racionalidade que nos guia, é movida pelo sentimento de que ser racional é não estar constituído de dogmas (algo indiscutível), de coisas irracionais (que não tem explicação), e que toda criação divina está diretamente ligada ao Criador.
Assim, a fé que nos move, move também a nossa racionalidade, pois ser racional é deduzir pela razão, é discutir através de um espírito crítico a luz de uma discussão com outros sobre as mudanças de nossas idéias.
Hoje, no mundo, somos quase 7 bilhões de pessoas, com hábitos diferentes, costumes diferentes, culturas diferentes, cores diferentes e por conseqüência religiões diferentes.
Nossa religião, não deve ser considerada melhor que outras, pois nossa fé também não o é, da mesma forma que nossa religião não deve ser considerada pior que as outras, pois nossa fé também não é.
A prática religiosa que temos pode ser diferente, porém nem melhor nem pior, é simplesmente pautada numa racionalidade que em via de regra deve ser respeitada como tal, e respeitar as demais religiões como estas são.
Nossa busca pela fé racional, deve ser de simplesmente observar, questionar, ponderar e vigiar, para que não sejamos objeto de pessoas mal intencionadas nem tão pouco de um fundamentalismo exacerbado.
Somos praticantes de uma religião que deve manter seu vinculo restrito entre fé e razão, pois, não temos dogmas, somos capazes de explicar e temos consciência de nossa divindade, pois somos ligados ao criador.
Por outro lado, se você insistir em argumentar que a Umbanda é uma religião dos mistérios, eu argumentarei que mesmo os mistérios da Umbanda podem não ser de conhecimento nosso, mas que existe um certo racionalismo, uma certa lógica ou uma certa coerência nestes mistérios.
Assim, peço aos irmãos que ao lerem este artigo, pratiquem sua fé dentro de uma razão, de uma coerência e dentro de uma lógica, pois, somente com este procedimento teremos como buscar uma fé racional, pautada no conhecimento, na coerência de raciocínio e de idéias, no respeito ao próximo, afastando dela os enganadores, os de índole duvidosa, os fundamentalista e principalmente aqueles que abusam da “cega” fé alheia.
Jairo Pereira Jr.
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 1 filha e Umbandista.
HIPNOSE NA RELIGIÃO
A hipnose pode ser compreendida como um estado emocional intensificado, e como tal pode ser de caráter estabilizador, sendo induzida geralmente por uma atitude tranqüilizadora por parte do hipnotizador, tendo uma reação predominantemente trofotropa, com predomínio do sistema nervoso simpático, e de caráter alterador, geralmente alcançado através de um proceder de natureza autoritária, vigorosa, enérgica por parte do indutor, tendo desta feita uma reação ergotropa, com predomínio do sistema nervoso parassimpático. Constitui, portanto, um fenômeno do cotidiano (Júnior, 1980).
Os elementos básicos para a sua consecução são:
1 - Características individuais;
2 – Sugestionabilidade;
3 - Regressão ao estado psicofisiológico da infância;
'' Podemos denominar de paranormal ou psi a todo o fenômeno que, tendo o homem como seu provável epicentro, apresenta as seguintes características
a) Uma modalidade de conhecimento que uma pessoa demonstra de fatos físicos e/ou psíquicos, relativos ao passado, presente ou futuro, sem a utilização (aparente) dos sentidos e da razão, assim como de habilidades que não resultem de prévio aprendizado
b) Uma ação física que uma pessoa exerce sobre seres vivos e a matéria em geral, sem a utilização de qualquer extensão ou instrumento de natureza material. '' (Borges & Caruso, 1986)
1 - Psicografia - Conteúdo transmitido através da escrita.
2 - Psicofonia - Conteúdo transmitido através da fala.
3 - Psicopictografia - Conteúdo transmitido através da pintura.
4 - Psicomusicografia - Conteúdo transmitido através da música.
5 - Radiestesia ou rabdomancia - Conteúdo transmitido através do uso do pêndulo ou forquilha.
No conjunto das religiões presentes no Brasil, iremos destacar algumas e/ou suas variedades mais significativas para nossa discussão, como as religiões afro-brasileiras, espiritismo, pentecostalismo (variedade do protestantismo) e a renovação carismática (variedade do catolicismo).
Diferenças rituais entre o candomblé (Bahia) e a umbanda, conforme Vagner Gonçalves da Silva, no Livro das Religiões, de Gaard, editado em 2000, pela Companhia Editora de artes, são destacadas a seguir:
sábado, 24 de janeiro de 2009
FALANDO DE IBEJIS.
É importante saber que o Orixá IBEJI não “incorpora” na Umbanda, pois são representados pelas “Crianças” que se manifestam nos Médiuns e gostam de ganhar doces, brinquedos, frutas, etc.
No candomblé Ibejis são divindades gêmeas infantis, é um orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.Divide-se em masculino e feminino,(gêmeos).
A IBEJI não se engana nunca, sob pena de quem o fizer, perder o gosto pela vida não vendo nenhuma motivação para a alegria e o prazer. Ao lidarmos com IBEJI não devemos esquecer que estamos em contato com uma energia infantil, a qual não devemos nada prometer se não pudermos cumprir. IBEJI ajuda sempre aos que lhes são simpáticos a troco de nada, no entanto, se prometermos teremos que cumprir.
CONHECENDO MAIS DAS CRIANÇAS DA UMBANDA
Seus filhos de santo são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconseqüente; nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhonas, sorridentes, irrequietas – tudo, enfim, que se possa associar ao comportamento típico infantil. Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem então revelar-se teimosamente obstinadas e possessivas.
Ao mesmo tempo, suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das atividades esportivas, sociais e das festas.
Nota-se a influência de IBEJI no comportamento das pessoas, quando nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram.
Seu dia festivo é 27 de setembro, dia da consagração a São Cosme e São Damiã, que eram médicos e dedicaram suas vidas as crianças pobres, sem receberem dinheiro pelos seus serviços. A popularidade desses Santos irritou um cônsul Romano, numa época em que os Cristãos eram perseguidos. Forma presos, torturados e por fim degolados por recusarem a abdicar de sua Fé, isto no ano de 287 durante o Império de Diocleciano.
Em muitos Terreiros, sempre Os chamam para a limpeza espiritual, da assistência e dos Médiuns, após sessões pesadas na maioria das vezes encerram com IBEJI.
Fonte:
(I.C.U.C.7.P)
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
TROCA DE ORIXÁ? - Contribuição Renan Santos.
Cada dia que passa, mais e mais vê e ouve falar sobre essa prática dentro de alguns Candomblés atuais. Mas, em que se baseiam os zeladores para trocarem o Orixá de alguém?
Geralmente alegam que a pessoa está feita para o santo errado. Mas, estranho...! Depois que fez seu santo a pessoa enlouqueceu; perdeu tudo que tinha; contraiu uma doença que a medicina não diagnostica? Pois esses são alguns dos sintomas de que algo está errado com a pessoa, no âmbito espiritual.
Ainda assim, não significa que a pessoa esteja com o santo errado na cabeça, pode ter sido falta de algum ebó, ou até mesmo algum encantamento que aquele Orixá necessitava no ato da iniciação de seu filho. E ainda assim não se justifica essa modernidade de TROCAR O ORIXÁ.
O que são feitos são outros tipos de fundamentos que somente os realmente capacitados têm condições de fazer, pois que envolvem muitos rituais secretos, e de altíssima complexidade.
Essas práticas é que vêm acabando com o Candomblé que conhecemos e amamos. Pois que ao agirem assim, deturpam todos os conhecimentos que os mais antigos na religião passaram de pai para filho.
Precisamos colocar um ponto final nessa prática ridícula e denigrente, e, se vamos realizar algum ato que não temos conhecimento profundo, ou até mesmo se vamos mexer com algum Orixá que não sabemos os preceitos corretos, o que temos a obrigação de fazer, é procurar zeladores mais velhos, de nossa confiança e solicitar sua ajuda para tal assunto. Afinal ao mexermos na cabeça de alguém, podemos estar colocando em risco toda sua vida, e tão somente por não termos o conhecimento e nem a humildade necessários.
Outro sim, lembramos que se o Orixá respondeu em todos os fundamentos, como pode então estar errado? Onde está o Adarrum, que nos prova que a pessoa é rodante e principalmente: se é daquele santo?
Retirado de: Unescap - União Espirita Capixaba
Consultas e “Consultas”
Por Fernando Sepe
Para o Jornal de Umbanda Sagrada - 01/2009
Reproduzo neste blog o que infelizmente acontece em muitos terreiros Brasil afora.
Os créditos são do irmão Fernando Sepe, escrito para o JUS (Jornal de Umbanda Sagrada) e serve de aviso a muitos que acreditam que na Umbanda tudo pode ou que as receitas mágicas devem ser inquestionáveis.
Só peço que sigam a intrução: “Orai e Vigiai”, pois devemos ter o mais completo discernimento tanto como médium como consulente.
‘Era dia de festa e o terreiro estava todo arrumado. Um lugar amplo, bonito, aconchegante, assim como todos os terreiros de Umbanda pelo Brasil afora. Espíritos das mais diversas falanges desdobravam-se nos trabalhos de socorro espiritual. Tudo corria de forma extremamente organizada e harmoniosa...
Porém, e sempre existe um porém, pelos cantos do terreiro algumas consultas e “consultas” podiam ser observadas. Infelizmente...
_Salve meu pai! Qual o seu nome?
_Valei-me meu pai Ogum! Era com você mesmo que eu precisava falar, seu Peito de Aço. É que eu to demandado, fui numa cartomante e ela “viu” isso nas cartas. Preciso de trabalho forte, pra acabar com esse feitiço que tá atrasando minha vida...
Seu Peito de Aço, antigo de serviço que era, logo entendeu que aquele era mais um dos muitos casos de não assumir a própria responsabilidade pela vida, usando de uma suposta demanda para justificar o atraso dela...
_ ... ganho pouco no emprego, não consegui ainda comprar minha casa, e minha mulher? Não agüento mais...
O caboclo, até que tentou conversar tranqüilamente com o consulente, tentando mudar essa idéia de demanda para uma perspectiva pessoal, onde ele, o consulente, é quem realmente estava atrasando a própria vida. Mas...
_ Eu sou o responsável? Como? Sempre fui trabalhador, honesto, piedoso, humilde, como não tenho tudo que quero? Isso é demanda. Não estão querendo que eu cumpra minha missão. To achando que o senhor tá com medo de enfiar a “mão na cumbuca”...
Como até paciência de guia espiritual tem limite, seu Peito de Aço deixou um pouco de lado as delicadezas e falou umas verdades para o nosso “demandado consulente”. É claro que ele não aceitou. Saiu de lá dizendo que ia procurar alguma coisa mais forte...
Esse assunto de demanda é complicado mesmo. Por um lado, a Umbanda sabe lidar muito bem com ela, cortando e ajudando as pessoas magiadas que procuram socorro na religião. Por outro lado, muitas vezes ela toma uma proporção enorme, tirando a responsabilidade das costas da pessoa. Tudo de ruim é demanda, sempre! Isso é uma mentalidade complicada. Principalmente quando incentivada pelos próprios “médiuns” e supostos sacerdotes umbandistas que vivem financeiramente desse mercado...
(do outro lado do terreiro)
_ Esse salve meu filho! O que ocê tá precisando?
_ Salve meu pai. Num tô precisando de nada, vim só tomar um passe...
_ Nada? Pode pedir filho, tu veio aqui no terreiro fazê o que então? Pode dizer fio, caboclo tá aqui pra ajudar ocê.
_ Ah, pai, eu queria um passe. Hoje trabalhei muito, graças a Deus, e tô um pouco cansado, só isso.
_ Ah, tá cansado? Ah... fio tá precisando de caboclo então. Caboclo vai passa um TRABALHO formoso pra fio fazê...
_ Trabalho? Não meu pai, eu vim foi agradecer, tá tudo indo bem. Inclusive eu gostaria de freqüentar mais aqui, aprender sobre a religião. Tenho crescido muito como pessoa desde que comecei a freqüentar esse terreiro... O senhor poderia me falar mais sobre o caminho espiritual?
_ Não, não, primeiro fio precisa se cuidar! Precisa de trabalho, pra se fortalecer, conseguir mais coisa na vida! Essa dor (que dor?) num é porque ocê tá trabalhando muito não, isso é olho gordo! É fio, o seu patrão, ele num gosta de ocê...
_ Patrão? Ué, mas eu sou o dono da empresa...
_ Ocê é o chefe? Ah, é por isso fio, as pessoas tão querendo seu lugar. Mas num se preocupa, caboclo vai dá um jeito nisso, caboclo vai cuidar “deles”...
_ Meu lugar? Engraçado, eu achava que tudo estava indo tão bem lá... _ respondeu Marcelo, já fechando o semblante de preocupação.
_ É meu fio, mas num tá tudo bem não. Caboclo tá vendo, uma demanda, eles estão fazendo um trabalho, com galo preto, lá na empresa. Querem derrubar fio do cargo. Nossa que coisa terrível, trabalho forte, muito forte... Cruzes, tão colocando a sua foto e da sua família! Deus do céu! Mas caboclo aqui vai ajudar! Fio só precisa fazer o que caboclo mandar...
_ Meu Deus! Claro meu pai, pode dizer _ Marcelo agora estava afoito, pensando quem de seus funcionários poderiam estar fazendo aquilo.
_ A primeira coisa é que ocê precisa tomar um banho de erva, pra fechar o corpo. Pega aí esse bloquinho e anota tudo fio. Coloca assim: Tomar banho com: comigo ninguém pode, pinhão roxo, arrebenta-cavalo, espada de São Jorge, arruda, guiné, tiririca, capim, mato, aroeira, pitanga, bambu...
E o coitado do consulente, que não entendia nada de erva, anotando tudo...
_ Já deu 77 ervas fio? Tudo colhida na Lua Cheia, viu?! Se não num faz efeito! Isso é mironga antiga, um dia caboclo ensina pra ocê. Depois ferve tudo, não côa, espera esfriar um pouco e joga da cabeça aos pés. Isso vai fazê uma limpeza forte. Recolhe as ervas e despacha tudo num rio...
_ Mas onde eu vou encontrar um rio, meu pai? Não seria melhor no lixo mesmo?
_Não, tem que ser no rio. Isso é mironga antiga também, um dia caboclo ensina pra ocê. Agora, vamos dar um jeito no trabalho que estão fazendo. Filho vai precisar ir até uma encruzilhada, de madrugada...
_ Encruzilhada? De noite? Mas onde eu moro é muito perigoso meu pai, como eu vou fazer isso.
_Filho tem que ter fé! Se não tiver fé o trabalho não adianta. Isso é um teste. É mironga antiga, um dia caboclo ensina pra ocê...
_ Ah...
_ Bem, como eu disse, filho vai até a encruzilhada e vai levar farofa, vela, pinga, moeda, etc, etc...
E lá veio a receita da oferenda. O “médium” em questão tinha entrado em uma onda de receitar trabalhos “a torta e a direita”, tentando passar uma imagem de eficiência. Sem contar sua mania de inventar “visões” sobre supostas demandas e falta de bom senso em relação aos trabalhos receitados. Com tudo isso perdia a sintonia com o guia, o amparo espiritual e a simplicidade do trabalho. E como isso(!), infelizmente, acontece por aí, amigos leitores...
Bem, voltando a nossa trágica consulta, a verdade é que o consulente acabou saindo com mais dor de cabeça do que quando entrou, afinal, agora pensava onde iria arrumar todas aquelas ervas e como faria o tal “trabalho formoso” numa encruzilhada, nas perigosas noites da cidade grande, além de não entender o porquê de um funcionário fazer um trabalho tão terrível contra ele...
Mas, como sempre existe a providência divina, a cabocla chefa da casa percebeu o que estava acontecendo e resolveu dar uma palavrinha para as pessoas. Disse que aquilo que é dito pela boca dos médiuns não é lei nem verdade inquestionável. Que muito médium se atrapalha na hora de passar a mensagem do guia espiritual e por isso é necessário muito discernimento a respeito daquilo que é dito e assimilado. Também falou que mesmo quando o médium é um bom “cavalo” e consegue transmitir razoavelmente o pensamento da entidade, ainda sim é necessário discernir e pensar, pois desencarnado nenhum é dono da verdade. Ora, deve-se aceitar apenas aquilo que passa pelo crivo do bom senso e do discernimento básico. Caso contrário, rejeite!
Falou ainda da simplicidade de um trabalho espiritual. Pois não é com muitos elementos, com muita vela, com muito ponto riscado que se faz um bom trabalho, mas sim com o coração puro, com a mente firme, com confiança na espiritualidade superior. Normalmente aquele que enfeita muito, só demonstra de forma simbólica o quanto o seu interior é confuso, vaidoso e mimado. E sobre demanda, resumiu: “Uma demanda só tem a força que você dá para ela em seu pensamento”. Por fim, disse:
“Umbanda não é o Fim, é a Jornada. Umbanda não é Certeza, é o Caminho. Se você vai ao terreiro buscar força, axé você recebe. Se você vai ao terreiro tirar a responsabilidade da SUA vida para jogar nas costas do outro, você não tem nada.
Lembre-se que uma consulta boa é feita de palavras:
Palavras boas que tocam nosso coração despertando sentimentos e impulsos positivos de transformação.
Palavras boas que nos fazem refletir e pensar sobre nossas posturas.
Palavras boas que não acariciam o ego, mas sim, escancaram nossas falhas.
Palavras boas que nos levam a Deus.
Palavras que não são oráculos e nem previsões. Versam sobre o presente.
Palavras que voam no vento, mas fincam bem os pés no chão.” ‘
FALANDO DOS CABOCLOS.
Existem caboclos de todos Orixás e todos têm algo em comum que os identificam como tal presentes em sua forma de apresentação.
Nossa essência, nosso, espírito, não têm cor, nem raça. Muitos podem entender o que isto quer dizer, mas viver assim só é possível para aqueles que já se desapegaram da matéria e de sua individualidade, não vivem ou trabalham apenas para si e sim para o todo.
Assim são os Caboclos. Poderíamos escrever páginas e páginas falando sobre o Caboclo na Umbanda, mas, talvez o mais importante, é que eles não sejam subestimados, pois apenas uma coisa é certeza: Embora não pareça, todos eles são muito mais que caboclos. Fato que apenas não é visível ao leigo, pois como caboclos, foi apenas a forma que eles escolheram para se manifestar.
Gustavo Barroso lembra que essa literatura humilhante é toda de origem branca, destinada a justificar a subalternidade do caboclo e o tratamento humilhante que lhe davam.
Depois de toda esta explicação de Câmara Cascudo, fica claro o que quer dizer a figura do caboclo em nossa cultura.
Com a dizimação do índio em nosso convívio, o tempo vai dissociando sua imagem da palavra, e cada vez mais o vocábulo caboclo vai se tornando na figura de linguagem um homem simples.
Os espíritos que militam na Umbanda, se dividem em falanges ou povos, sejam de caboclos ou de pretos-velhos, baianos, boiadeiros, marinheiros, crianças, ciganos, exu e pomba-gira.
Vemos uma identificação despersonalizada de ego que caracteriza aqueles que estão acima da identidade individual, ou seja, as entidades na maioria das vezes não usam seus nomes de batismo, estando aquém de qualquer identificação, transcenderam a individualidade.
São muitos espíritos que usam o mesmo nome como: Pena Branca, Pena Verde, Pena Roxa, Pena Vermelha, Pena Dourada, Flexa Branca, Folha Branca, Sete Flexas, Sete Penas, Sete Folhas, Sete Montanhas, Ventania, Rompe Mato, Urubatão, Ubirajara, Aimoré, Tupinambá, e outros.
Chegamos até a encontrar num mesmo terreiros dois ou mais caboclos que usam o mesmo nome, pois não é seu nome como indivíduo, e sim, um nome que identifica seu trabalho e a força que o rege.
Por exemplo, Pena Branca é de Oxossi e Oxalá; Pena Dourada é de Oxossi e Oxum; Sete Montanhas de Xangô; Ubirajara de Oxossi e Ogum, etc.(1)
Os fundamentos dos mantras e seus efeitos curativos (vocalização de palavras mágicas) fazem parte dos ritmos cósmicos desde os primórdios de vossa civilização. Os vocábulos pronunciados, acompanhados do sopro e das baforadas, movimentam partículas e moléculas do éter circundante do consulente, impactam os corpos astral e etérico, expandindo a aura e realizando a desagregação de fluidos densos, miasmas, placas, vibriões e outras negatividades.
Assim como as muralhas de Jericó tombaram ao som das trombetas de Josué, os cânticos, tambores e chocalhos dos caboclos desintegram poderosos campos de força magnetizados no Astral, bem como o som do diapasão faz evaporar a água.
Os infra e oultra-sons do Logos, o Verbo sagrado, deram origem ao Universos e compõem a tríade divina: som, luz e movimento.
Como o macrocosmo está no microcosmo, e vice-versa, se proncunciardes determinadas palavras contra um objeto ou ponto focal no Espaço, mentalizando a ação que esse som simboliza, será potencializada a intenção pelo mediunismo do caboclo manifestado no médium, e energias correspondentes serão movimentadas. Ao mesmo tempo, cada chacra é uma antena viva dessas vibrações que repercutirão nas glândulas e nos órgãos fisiológicos,alterando os núcleos mórbidos que causam as doenças, advindo as”notáveis” curas praticadas na umbanda.
É comum religiosos e exímios expositores de outras doutrinas acorrerem a ela,sorrateiramente, às escondidas, com os filhos ou eles mesmos adoentados, ditos incuráveis pela medicina materialista, tendo sua saúde reinstalada, para depois nunca mais adentrarem um terreiro. A todos o manto da caridade dá alento, sem distinguir a fé fragmentada de cada um.(2)
OXUMARÉ
Oxumarê mora no céu e vem a Terra nos visitar através do arco-íris. Ele é uma grande cobra que envolve a Terra e o céu e assegura a unidade e a renovação do universo.
Filho de Nanã Buruku, Oxumaré é originário de Mahi, no antigo Daomé, onde é conhecido como Dan. Na região de Ifé é chamado de Ajé Sàlugá, aquele que proporciona a riqueza aos homens. Teria sido um dos companheiros de Odudua por ocasião de sua chegada a Ifé.
Dizem que Oxumaré seria homem e mulher, mas, na verdade, este é mais um ciclo que ele representa: o ciclo da vida, pois da junção entre masculino e feminino é que a vida se perpetua. Oxumaré é um Orixá masculino.
Oxumaré é um deus ambíguo, duplo, que pertence à água e a terra, que é macho e fêmea. Ele exprime a união de opostos, que se atraem e proporcionam a manutenção do universo e da vida. Sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito). Oxumaré mostra a necessidade do movimento da transformação.
Omolu é o irmão mais velho de Oxumaré, mas foi abandonado por sua mãe por ter nascido com o corpo coberto de chagas. Em tempo, não se pode condenar Nanã por esse ato, já que era um costume, quase uma obrigação ritual da época, que se abandonasse às crianças nascidas com alguma deformidade. O deus do destino disse a Nanã que ela teria outro filho, belíssimo, tão bonito quanto o arco-íris, mas que jamais ficaria junto dela. Ele viveria no alto percorreria o mundo sem parar. Nasceu Oxumaré.
Oxumaré que fica no céuControla a chuva que cai sobre a terra.Chega à floresta e respira como o vento.Pai venha até nós para que cresçamos e tenhamos longa vida.
DIA: Terça-feira
DATA: 24 de Agosto
METAL: Ouro e prata mesclados
CORES: Amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco-íris
COMIDAS: Ovos cozidos com azeite-de-dendê, farinha de milho e camarão seco.
SÍMBOLOS: Ebiri, serpente, círculo, bradjá.
ELEMENTOS: Céu e terra
REGIÃO DA ÁFRICA: Mahi (no ex-Daomé)
PEDRA: Zirconita
FOLHAS: Folha de café, alfavaca-de-cobra, jibóia, oriri.
ODU QUE REGE: Obeogundá e Iká
DOMÍNIOS: Riqueza, vida longa, ciclos, movimentos constantes.
SAUDAÇÃO: A Run Boboi!!!
De quem é a culpa?
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
RACIONALISMO E PRAGMATISMO
Lendo recentemente um artigo publicado por nosso irmão Jordam Godinho, neste mesmo blog, passei a pesquisar e entender suas idéias a fim de tentar complementar o que ele disse.
Assim, achei conveniente, definir racionalidade e pragmatismo, pois, refutei de forma categórica a falácia sobre o dogmatismo, pois o dogma, não é pertinente a uma religião pautada na diversidade como é a nossa amada Umbanda.
Segue então, as duas definições:
“A racionalidade como atitude pessoal consiste na disposição de corrigir nossas idéias. Em sua forma mais desenvolvida, intelectualmente, é uma disposição de examinar nossas idéias de um espírito crítico, e a revisá-las à luz de uma discussão crítica com os outros.”[1]
“O pragmatismo segundo o dicionário Aurélio, nos ensina que, pragmatismo é doutrina segundo a qual as idéias são instrumentos de ação, que só valem se produzem efeitos práticos. O dicionário escolar da Língua Portuguesa, organizado por Francisco da Silveira Bueno (1955), define pragmatismo como doutrina filosófica que se baseia na verdade do valor prático e ainda nos afirma que pragmática é o conjunto de regras ou fórmulas para as cerimônias da corte ou da igreja. Mesma definição nos oferece o Aurélio moderno. O dicionário brasileiro de Francisco Fernandes (1953) registra que pragmatismo é um sistema que opondo-se ao intelectualismo, considera o valor prático como critério da verdade. Pragmática é o conjunto de regras e fórmulas que regulam as cerimônias oficiais, etiqueta, praxe.”
Vemos que, infelizmente, para muitos de nossos irmãos, a principal vertente da nossa Umbanda pautada num pragmatismo contestável, onde se faz uso abusivo de uma verdade de valor prático da religião.
Para muitos de nossos irmãos, a verdade absoluta se dá tão e somente dentro do seu terreiro, casa ou tenda, onde tudo que é praticado fora de seu âmbito prático é desprezível e pouco valor.
Porém, o pragmatismo, muitas vezes confundido com racionalidade, vê qualquer atitude racional de parte de outros irmãos, como algo pernicioso, onde o irmão que tenta entender a prática de umbanda diferente da sua, e os fundamentos adaptados a realidade de cada um, é corruptível ou mesmo desprovido de uma fundamentação firme, pois aceita qualquer coisa dentro da religião.
O fato é que estamos cada dia menos tolerante com nós mesmos, e as diferenças são vistas como invenções de pessoas de índole duvidosa.
Praticamos pouco nossa racionalidade e temos por base o que mais tememos naqueles que nos ataca, pois somos vítimas de preconceitos constantes por parte de outras religiões, mas temos a agravante de nos tratarmos assim.
Somos praticantes da intolerância entre nós mesmos e desperdiçamos a oportunidade de aprendermos com o diferente e discutir sobre o diferente, fazendo com que nossa racionalidade seja desprezada como água suja.
Por outro lado, acreditamos tão fielmente no pragmatismo, que impomos a nós mesmos que esquecemos que somos suscetíveis a erros, devido nossa humanidade.
Lembremos sempre, que antes de julgar aos outros e colocar nosso pragmatismo em prática, devemos primeiro colocar em prática nossa racionalidade, pois é essa que deve pautar a vida de todo ser que tem um desenvolvimento intelectual mínimo.
E para complementar o pensamento de nosso irmão Jordam, apesar de ter de traçarmos caminhos espinhosos e difíceis devemos nos lembrar que somente alcançamos a real beleza e o real perfume das flores se primeiro enfrentarmos seus espinhos.
[1] in Popper, K. (1966): Les Fondements Philosophiques des Systemes Economiques, Paris: Ed. Emil M. Classen, Payot, pgs. 148-150.
Jairo Pereira Jr.
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 1 filha e Umbandista
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
ERVAS, FOLHAS, TODAS SAGRADAS E COMPLEXAS.
Quando falamos de ervas e folhas, vêm a nossa mente imediatamente, banhos, chás, ungüentos, entre tantas outras coisas possíveis, dentro das manipulações destes elementos. Também nos remetemos a nossa infância quando muitas vezes nossos pais nos levaram ou eles mesmos se utilizaram das famosas benzedeiras que com seus galhos de arruda, ou outras folhas possíveis para seu uso fizeram ou ainda fazem da sua prática, neste caso os ensinamentos e intuição bem como o aprendizado fazem parte do costume entre as benzedeiras, mas falaremos aqui também como a importância do estudo, do conhecimento tem sua importância.
Da mesma maneira que o Ifá, o baralho, cristais, e todas as formas de oráculos, as ervas e folhas estão classificados neste sistema, sua estruturação no mundo espiritual elas se dividiram em várias vertentes, mas a relação entre elas são muito fortes pois é fato que as energias de manipulações das mesmas buscamos as energias entre as religiões espirituais e seus elementos e entidades regentes.
Buscar o conhecimento é necessário.
As religiões têm disponibilizado ao conhecimento das pessoas a influência e o poder da manipulação das ervas e folhas, os seus benefícios as suas influências maléficas, porém tem tomado os devidos cuidados de não aprofundar nos fundamentos.
As ervas e folhas podem ser colocadas em categoria estruturada em forma de representação dos Orixás que regem a natureza, num contexto litúrgico dentro do culto de nação, podemos classificá-las como: Vento, Água, Terra e Fogo e seus orixás correspondentes em cada uma das classificações e teremos Exu participando em todas, pois partindo do principio da nação que cada Orixá tem seu Exu, cada Exu estará em cada elemento representado pelo seu Orixá, também teremos Ossaim patrono destes elementos assim ligado a todos elementos, porém seu principal agente é a terra, que representa as florestas.
Na Umbanda a relação com o Orixá ganha um à força das entidades falangeiras, que tem nos seus acúmulos espirituais o conhecimento, faço aqui uma ressalva às entidades carregam ensinamentos de suas vidas passadas, e na manipulação das ervas e folhas devemos entender que para o culto aos orixás e se tratando ao cuidado de um filho de santo, é necessário observância do zelador e dos conhecimentos de quem manipula para que nada saia da normalidade.
Dentro dos cultos das energias de elementais, magia, bruxaria, xamanismo dentre tantos outros a manipulação destes elementos é praticamente uma necessidade pois tudo que rege estes cultos necessitam da manipulação destes elementos.
Mas o fator principal e que deve sempre ser observado, a complexidade, a ordenação com a visão do mundo, assim as ervas e folhas bem como os vegetais vão além de suas práticas e utilidades, elas estão diretamente ligadas a uma cosmovisão específica e se constitui em um modelo que ordena e classifica o universo, definindo a posição do indivíduo na ordem cosmológica.
A precaução com os banhos.
O banho com ervas vai é muito mais complexo e seu ritual compreende uma série de significados, se cada orixá corresponde a um elemento que existe na natureza, devemos entender que usando o conhecimento correto, e a união destes elementos o banho se torna sagrado.
As ervas e folhas preparadas como banho, tem suas particularidades e é individual, ela tem serventia para cada um distintamente, o preparo das folhas sagradas tem energia que faz e traz vibrações e mudanças significativas, e é por isso que devemos ter muita precaução com a manipulação dos banhos.
O que fica de lição.
Vejo como muita cautela e preocupação, este ato de manipular as ervas e folhas, e uma das lições importantes que tirei lendo um pouco e aprendendo com zeladores, é que não basta intuição, devemos buscar o profundo conhecimento para lidar com esta energia, muitos poderão falar que livro não ensina, mas a verdade é que devemos abrir nossas mentes, pois um erro pode causar muitos transtornos à pessoa que recebe este beneficio que poderá ser transformado em malefício.
Axé irmãos..........
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
E surgiu a Umbanda
Entender a Umbanda é entender o Brasil. Um país rico em variedades étnicas e culturais só pode ser resultado de uma intensa miscigenação ao longo de seu processo de formação histórica e que ainda hoje mostra-se em movimento. Diversos elementos contribuíram para a formação desse imenso país e essa variedade de costumes que o caracteriza. Do seu elemento étnico primordial – o indígena – pouco restou, levando-se em conta o massacre de que foram vítimas, no entanto, herdamos vários de seus costumes e crenças, dos quais podemos destacar diversos topônimos e o uso de ervas para fins ritualísticos e medicinais. O colonizador europeu não tardou a impor seus hábitos e crenças, assim, o catolicismo e toda sua liturgia foi introduzido no Brasil, passando a fazer parte da própria identidade nacional. Mais um elemento incorporava-se à massa humana e cultural que formava nossa população. Grande e inegável contribuição para esse processo foi dada pelos negros, que vieram cativos da África. Proibidos de realizar seus cultos, nos quais adoravam os Orixás – divindades provenientes do panteão africano – trataram logo de encontrar um subterfúgio para garantir a sobrevivência de sua crença: associaram os Orixás aos santos católicos, assim podendo realizar seu culto sem interferência violenta de seus patrões. Foi criado então, o sincretismo entre santos católicos e Orixás africanos e, dessa maneira, os negros deixavam fincadas suas raízes, de forma definitiva, na cultura brasileira – era mais um elemento que se agregava. Mais tarde, já na segunda metade do século XIX, em plena febre do positivismo europeu, surge na França, através do pedagogo Hippolyte León Denizard Rivail (que tornou-se conhecido com o codinome de Alan Kardec), a Doutrina Espírita ou Espiritismo, que tenta levar a comunicação com os espíritos à luz da ciência, além de definir padrões morais e filosóficos sobre questões como a morte, pecado, culpa e carma. Essa nova doutrina encontrou vários adeptos entre a classe média brasileira, e assim, o Espiritismo tornou-se mais popular no Brasil do que em seu país de origem. A população brasileira, no entanto assimilou todos esses elementos e, salvo casos em que o sectarismo não permitia, criou um verdadeiro emaranhado de todas essas crenças e, mesmo quem se declarava católico “praticante”, não titubeava em procurar uma benzedeira ou fazer uma simpatia. Ao contrário do que pode parecer, isso não significava a falta de uma identidade definida, era a própria identidade nacional que se definia. Dessa maneira, variados cultos proliferaram pelo Brasil afora – como o Catimbó e o Xangô (o culto, não o Orixá) - no Nordeste, e as macumbas cariocas, quem embora não fosse designada como Umbanda, já apresentava todo o esboço de sua liturgia. Embora o Espiritismo estivesse inserido na mentalidade da população brasileira, ele era praticado principalmente pela classe média, que carregava consigo seus conceitos e preconceitos. Foi dentro desse contexto que o jovem Zélio Fernandino de Moraes, em 1908, contando então com dezessete anos de idade, incorporou, em uma mesa espírita, o Caboclo das Sete Encruzilhadas (um espírito indígena) que, diante da reação dos presentes, que não aceitavam a manifestação de espíritos de índios e negros, declarou que estava fundada ali a Umbanda, “uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados”. Para muitos esse fato é tido como a fundação da Umbanda, para outros, ela já existia, na prática, há muito tempo, sendo essa passagem apenas mais uma manifestação de um caboclo, espírito tão comum em seus rituais. A verdade é que, sendo o Caboclo das Sete Encruzilhadas o fundador ou não, a Umbanda é o próprio retrato do Brasil, do processo histórico que o marcou tão profundamente, dos povos que o construíram, da identidade que assumiu para si. Assim como o povo brasileiro, a Umbanda é diversa, contendo em si elementos de todas as crenças que existem no país – a pajelança, o culto aos Orixás, o Catolicismo, o Espiritismo. Ser umbandista é ser brasileiro em sua essência, é carregar consigo cada traço e cada cicatriz do povo que construiu o Brasil, suas crenças, seus hábitos e sua fé. Do primeiro contato entre os diferentes povos e sua diversidade surgiu a Umbanda, ainda hoje presente de maneira discreta em todas as regiões do país.
Fonte: Região em Destaque
Autor: Douglas Fersan
Artigo publicado no jornal Região em Destaque em 14/01/2009
DA TRAGÉDIA UMA LIÇÃO.
MATERIAL DE ANTROPOLOGIA.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
DOGMATISMO E PRAGMATISMO.
Dentro disso estive fazendo algumas leituras, e vendo o que se conversa na internet, e nos deparamos com um rico e vasto mundo de opiniões que bem formatada daria com muita qualidade um texto muito melhor do qual você esta lendo agora.
Porém é necessário observar que estamos diante de um momento de reflexão, as religiões se abrem para debates, e observaremos de um lado os dogmatas, que empurram os seus conhecimentos como verdades absolutas sem respeitar a opinião alheia, e do outro os pragmatas, que tentam com um sentido muito racional e de senso pratico buscar o mesmo caminho com ferramentas que dispõe e no caso o conhecimento é sua melhor arma.
O Dogmatismo como escudo dos que não se abrem.
Observando bem, todos os que empunham as suas verdades buscam no dogmatismo uma forma de não abrir suas mentes para o que vem se colocando no mundo espiritual, os arranjos e fusões de conhecimentos e formas de trabalhos, não se enquadram na forma de seus pensamentos nem de atitudes.
È muito mais fácil para um dogmata, empunhar um escudo e se defender de tudo e de todos, do que abrir sua mente para um novo momento, este sim é um entrave para uma discussão saudável e produtiva.
Ser pragmático não é sinônimo de racionalidade.
A racionalidade e o pragmatismo de muitas pessoas das religiões espirituais, também não pode ser um único caminho, eu mesmo tenho tentado me despojar do mesmo para abrir minha mente a tudo que esta acontecendo, mas os avanços são por caminhos espinhosos e difíceis.
A falta que todos pragmáticos vêem nas pessoas é a preguiça de buscar o conhecimento, pois dentro de uma racionalidade quando você obtém conhecimento detém poder, informação é poder e pode ser usada na forma que você quiser direcioná-la.
Então podemos observar que o pragmatismo não será sinônimo de racionalidade, pois se usada indevidamente inviabiliza tanto quanto as discussões quanto o dogmatismo.
Abrir as mentes se faz necessário.
Com tudo isso que escrevo, quero chamar atenção para o que está por acontecer, é necessário despojarmos de nossas vaidades e começar a ver que todas as religiões espirituais Kardecismo, Umbanda, Candomblé, Kimbanda, Magia, Bruxaria, Ciganos e todos os cultos, têm hoje uma relação entre si, e buscam um dos outros elementos que possam manipular de maneira coerente e ampliar seu arco de ajuda e visão sobre as coisas.
Não somos donos da verdade, mas também não somos ignorantes ao ponto de não poder refletir e sentar numa mesa e propor um novo caminho para que sejamos mais fortes e unidos.
Para que isso aconteça ponderemos que nem o dogmatismo e nem o pragmatismo é o melhor caminho, consensuar em torno do campo das idéias é o caminho mais produtivo.
Axé Irmãos............
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
NOVO DIA
pode ter sido árduo.
Muitas lutas vieram,
deixando-te o cansaço.
Provas inesperadas
alteram-te os planos.
Soma, porém,
as bênçãos que Deus te entregou.
Esquece qualquer sombra,
não pares, serve e segue.
"Agora é novo dia, tempo de caminhar".
Emmanuel
Psicografia-Francisco C. Xavier
VOCES SABEM PERDOAR? - POR MARIA DO CEU.
domingo, 11 de janeiro de 2009
DE$DE QUANDO E ATÉ QUANTO?
Durante todo o tempo que freqüento esta religião que amo, sempre ouvi que a Umbanda é caridade. Não se cobra por trabalhos, passes ou ajuda espiritual de qualquer natureza.
Mas o que me faz escrever este artigo são duas coisas que me chamaram a atenção:
1º) Num Chat de discussão sobre Umbanda, um irmão nosso disse que, determinado terreiro cobrava R$ 40,00 por atendimento.
2º) No mesmo dia meu cunhado aparece na minha casa com o CD do saudoso sambista Bezerra da Silva, tocando a música “Pai Véio 171”.
Tudo bem, que tal artigo pode causar polêmica por parte de alguns que defendem a cobrança, mas digo e repito que sempre aprendi que devemos dar de graça o que recebemos de graça.
Recebemos gratuitamente do plano espiritual a missão de médiuns de Umbanda, porque cobrar daqueles que necessitam de ajuda?
Percebi ouvindo a música, que foi escrita na década de 70, que muitos marmoteiros já usavam de sua missão de mediunidade para dar golpe em pessoas desavisadas e menos esclarecidas com os preceitos da religião.
Para quem não sabe do que estou falando reproduzo um trecho da música:
Quê falá com pai véio vem agora
Porque pai véio já quê isse embora (2x)
I mai meu fio tú tá todo macumbado
As piranhas estão te devorando
Não tem um lugar nem prá dormir
E ainda meu fio mora andando
Escute o que o véio vai fala
E num papé tú vai iscrivinhando
Ói mai me traga oito quilo di feijão
Deis galinha bem gorda e bem pelada
Deis quilo de arroz e macarrão
E deis lata de doce de marmelada
Deis garrafa de vinho do bonzão
E a tua mironga tá curada
I mai me traga também um bi e meio
Que meu fio vai ganhá grande tesouro
Vai ser o maior dos fazendeiros
Vai vendê muita vaca e muito touro
Se meu fio não tivé dinheiro vivo
Pode ser cheque verde ou cheque ouro
I meu fio mai tú vai na paz de Deus
Que agora meu fio tá seguro
E vai ganhá tudo o que perdeu
Pai véio vai te dá grande futuro
Se voltá contando ao povo t'eu
Por favor não me traga ninguém duro.
Se prestarem atenção na letra, veremos que é um abuso descarado, uma exploração à fé do cidadão que procura por auxilio.
Agora pergunto, desde quando, pessoas de índole duvidosa deturpam os fundamentos de nossa religião e com isso conseguem colocar nossa imagem na lama?
Hoje, somos agredidos por diversas formas. É a sociedade civil, a igrejas neopentecostais, a imprensa e outros tantos, mas desde quando esse abuso dentro de diversos terreiros espalhados por nosso Brasil, não procedeu da mesma forma que o tal Pai Véio 171?
Na crítica bem humorada do genial Bezerra da Silva, já havia um alerta para o que ocorria dentro de alguns terreiros, geralmente localizado nas periferias das grandes cidades, que abusavam da população que procurava tais locais em busca de ajuda.
Meu pequeno artigo só vem alertar a aqueles que fazem uso de sua mediunidade, de seus terreiros e de suas casas, que deveriam ser de caridade, e usam em benefício próprio, que façam sem manchar o nome de nossa religião. E que tenham consciência que a todos vocês podem enganar, mas aos seus guias, aos nossos amados Orixás e ao nosso Divino Criador Olorum, não há como enganá-los.
Alerto ainda que, a Justiça e a Lei Divina são implacáveis quanto ao uso de sua missão para benefício próprio e prejuízo de outrem.
Peço que este artigo sirva de alerta para aqueles que praticam tais atos, e que o quanto antes corrijam sua postura. Peço ainda que, este artigo sirva também de alerta para aqueles que procuram os terreiros de Umbanda, saberem que nossa religião é pautada na caridade, e que não cobramos por consultas, passes ou atendimentos, não fazemos amarração para o amor, não trazemos de volta a pessoa amada. E como religião temos o objetivo comum a todas as religiões, aproximar o homem de Deus, fazer o bem e a caridade por simples amor ao próximo.
Jairo Pereira Jr.
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 1 filha e Umbandista
OMULU - ORIXÁ
Reprimido, frustrado, torna-se amargo, arrilhado e vingativo, ambicioso, combativo, ele luta com obstinação. É um tipo lento que amadurece durante muito tempo os seus projetos.
Perseverante, gosta de situação estáveis, não aceita facilmente mudanças. É um indivíduo conservador, faltando agilidade e capacidade de adaptação.
É realista, lógico, resignado, humilde, opta por uma vida de renúncia.
Não tem muito sucesso com mulheres. Não gostam de crianças, e as mulheres não são boas mães .
No trabalho são exigentes, meticulosos e grande senso de responsabilidade, compreensão, amizade, adaptação, generosidade, inverso: esquisitice, vaidade exagerada, maldade, morbidez, indolência
Exu Caveira [ Sergulath ], exu ligação e organizador de OMULU, tem em especial poder de ajudar a toda e qualquer espécie de especulação, ensinando-nos todas as artimanhas da guerra e do modo de vencermos os nossos inimigos. Provocar mortes.
É encarregado de vigiar os cemitérios e os lugares onde houver pessoas enterradas.
Sua força é de modo a incutir medo aos que o invocam e, de modo geral, o trabalho ou despacho a ser feito num cemitério tem de ter a participação do exu caveira.
Exu caveira transmite suas ordens para
1-exu tata Caveira [ Póculo ], é o exu provocador do sono da morte e manipulador das drogas entorpecentes, dos narcóticos, etc. Apresenta-se comumente, com a forma de uma caveira vestida de preto.
2-exu Brasa [ Hristum ], exu provocador de incêndios e que manipula o reino do fogo e, concede aos que praticam a magia negra o dom de andar nas brasas sem se queimar. Apresenta-se sempre trajando um manto vermelho forrado de preto, e tendo nas mãos seu fogo simbólico: uma brasa viva.
3- exu Pemba [ Bulefer ], exu encarregado das doenças venéreas e também, de favorecer todas espécies de amor clandestino. Apresenta-se como um verdadeiro mago e usa pomba em seus trabalhos.
4- exu Maré [ Pntagnony ], exu especializado em facilitar a invisibilidade as pessoas, dando poderes de transporte. Especializado em fazer amizades com pessoas ricas e, ou de grandes influências.
Apresenta-se como se fosse uma criança normal.
5 - exu Carangola [Sdragosum ] é o exu especializado em fazer com que as pessoas fiquem perturbadas e dêem gargalhadas histéricas, dançando sem ter vontade. Comanda o ritmo cabalístico da dança.
Apresenta-se com enfeites característico de dançarinos.6- exu Arranca-Toco [MINISSUN ] é um exu muito confundido com o caboclo arranca-toco. Seus trabalhos são nas matas e é especializado no domínio do ouro.
7 - exu Pagão [ Bucons ], é o exu especializado na separação de casais, de vez que tem o poder de incutir nos corações humanos os sentimentos de ciúme. Sua atuação mais forte é nos casos em que casais possuam filhos e que existam, entre os conjugues dúvidas quanto à paternidade das crianças.8 - exu do Cheiro [ Aglasis ], exu independente mas subordinado direto a Omulu e a exu caveira. Apresenta-se este exu na forma de uma criatura humana, coberta por uma de energia fluídica com forte cheiro.
O cheiro indica a missão que ele esta, cheiro agradável, missão boa, cheiro ruim,... bem, imagine.
Não aceita cachaça como curador de maneira alguma
OMULU
Frase de impacto > Atótôo -Silêncio
Come> bode, carneiro preto, galos, angolistas, pombos, pipocas, mocotó, aberém, gengibre ralado
frutas > abacaxi, jeripapo, fruta do conde, abacate, caju, jaca, banana da terra
Seu dia >quarta-feira.
Seu símbolo> vassoura de palha.
Sua cor > preto com branco.
Seus números > 7, 13.
Saudação> abáo
Ferramenta>vassoura.
ELEMENTO> terra +
ERVAS> erva de passarinho, babosa, gervão, menstruço, acácia
METAL> chumbo
BEBIDA> vinho tinto, dendê
FLORES> cravo vermelho
DOENÇAS> reumatismo, isquemia cerebral, trombose, choques anafiláticos, convulsões