quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

RACIONALISMO E PRAGMATISMO


Lendo recentemente um artigo publicado por nosso irmão Jordam Godinho, neste mesmo blog, passei a pesquisar e entender suas idéias a fim de tentar complementar o que ele disse.

Assim, achei conveniente, definir racionalidade e pragmatismo, pois, refutei de forma categórica a falácia sobre o dogmatismo, pois o dogma, não é pertinente a uma religião pautada na diversidade como é a nossa amada Umbanda.

Segue então, as duas definições:

“A racionalidade como atitude pessoal consiste na disposição de corrigir nossas idéias. Em sua forma mais desenvolvida, intelectualmente, é uma disposição de examinar nossas idéias de um espírito crítico, e a revisá-las à luz de uma discussão crítica com os outros.”[1]

“O pragmatismo segundo o dicionário Aurélio, nos ensina que, pragmatismo é doutrina segundo a qual as idéias são instrumentos de ação, que só valem se produzem efeitos práticos. O dicionário escolar da Língua Portuguesa, organizado por Francisco da Silveira Bueno (1955), define pragmatismo como doutrina filosófica que se baseia na verdade do valor prático e ainda nos afirma que pragmática é o conjunto de regras ou fórmulas para as cerimônias da corte ou da igreja. Mesma definição nos oferece o Aurélio moderno. O dicionário brasileiro de Francisco Fernandes (1953) registra que pragmatismo é um sistema que opondo-se ao intelectualismo, considera o valor prático como critério da verdade. Pragmática é o conjunto de regras e fórmulas que regulam as cerimônias oficiais, etiqueta, praxe.”

Vemos que, infelizmente, para muitos de nossos irmãos, a principal vertente da nossa Umbanda pautada num pragmatismo contestável, onde se faz uso abusivo de uma verdade de valor prático da religião.

Para muitos de nossos irmãos, a verdade absoluta se dá tão e somente dentro do seu terreiro, casa ou tenda, onde tudo que é praticado fora de seu âmbito prático é desprezível e pouco valor.

Porém, o pragmatismo, muitas vezes confundido com racionalidade, vê qualquer atitude racional de parte de outros irmãos, como algo pernicioso, onde o irmão que tenta entender a prática de umbanda diferente da sua, e os fundamentos adaptados a realidade de cada um, é corruptível ou mesmo desprovido de uma fundamentação firme, pois aceita qualquer coisa dentro da religião.

O fato é que estamos cada dia menos tolerante com nós mesmos, e as diferenças são vistas como invenções de pessoas de índole duvidosa.

Praticamos pouco nossa racionalidade e temos por base o que mais tememos naqueles que nos ataca, pois somos vítimas de preconceitos constantes por parte de outras religiões, mas temos a agravante de nos tratarmos assim.

Somos praticantes da intolerância entre nós mesmos e desperdiçamos a oportunidade de aprendermos com o diferente e discutir sobre o diferente, fazendo com que nossa racionalidade seja desprezada como água suja.

Por outro lado, acreditamos tão fielmente no pragmatismo, que impomos a nós mesmos que esquecemos que somos suscetíveis a erros, devido nossa humanidade.

Lembremos sempre, que antes de julgar aos outros e colocar nosso pragmatismo em prática, devemos primeiro colocar em prática nossa racionalidade, pois é essa que deve pautar a vida de todo ser que tem um desenvolvimento intelectual mínimo.

E para complementar o pensamento de nosso irmão Jordam, apesar de ter de traçarmos caminhos espinhosos e difíceis devemos nos lembrar que somente alcançamos a real beleza e o real perfume das flores se primeiro enfrentarmos seus espinhos.

[1] in Popper, K. (1966): Les Fondements Philosophiques des Systemes Economiques, Paris: Ed. Emil M. Classen, Payot, pgs. 148-150.

Jairo Pereira Jr.
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 1 filha e Umbandista

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